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Arizona Robbins

Assim que passei pela porta de saída da casa dos Torres, me permiti desmoronar, chorar tudo o que estava engasgado e enquanto eu caminhava até o meu apartamento no centro da cidade eu berrava silenciosamente. Minha mente gritava pedindo por socorro, mesmo que estivesse andando e andando sem parar eu não fazia ideia de onde estava, eu só queria sumir. Eduardo definitivamente não era do tipo que iria simplesmente me afastar da sua filha. Ele iria foder com a minha vida. Lentamente, até eu perder o controle. Eu sabia que tinha algo grande me esperando, e a qualquer momento minha vida toda iria mudar sem que eu pudesse fazer absolutamente nada.

Cheguei na portaria do prédio que eu não visitava desde que me casei com Eduardo, o novo porteiro veio imediatamente até atender, claramente preocupado vendo meu estado.

— Arizona Robbins, cobertura. – avisei retirando minha identidade da bolsa e mostrando rapidamente, sem dar tempo de ele questionar qualquer coisa eu entrei no elevador aberto, eu não tinha tempo e nem cabeça de ficar respondendo perguntas de um novato.

Abri a porta do meu apartamento, estava tudo no devido lugar, com um pouco de poeira mas eu não morreria por causa daquilo. Fui direto ao meu quarto, troquei os lençóis o mais rápido que pude e em seguida me deitei, podendo enfim, chorar em paz sem que ninguém me olhasse estranho ou ficasse com dó. Eu estava sozinha, ansiosa e deprimida. Queria Callie do meu lado, naquela cama enorme, mas eu estava completamente sozinha e não tinha nada que eu pudesse fazer naquele momento. Meu celular vibrou dentro da bolsa mas eu não tive a mínima coragem de me mexer para verificar a mensagem. Depois de tanto chorar eu acabei dormindo, estava totalmente perturbada e acordei algumas vezes por conta das lembranças ruins daquele dia e todas elas eu procurava os braços de Callie para me acalmar. Eu teria de me acostumar a dormir sozinha pois passaria bastante tempo longe dela.

Na manhã seguinte eu acordei decidida a ir visitá-la na faculdade antes da aula começar, precisávamos conversar sobre o que ela queria fazer a respeito da nossa situação, mas depois de ver a mensagem dela me avisando que Eduardo a proibiu de qualquer contato comigo, eu desisti da ideia.

(...)

A campainha tocou e por um momento eu pensei que fosse Callie matando aula pra me ver, mas aquilo não fazia sentido pois ela não fazia ideia de onde eu estava. Abri a porta dando de cara com Eduardo. Eu deveria ter me lembrado que ele era o único que podia subir sem tocar o interfone. Ele tinha um envelope na mão direita e uma caixa na esquerda, olhei confusa e ainda estática esperando ele falar alguma coisa, ele apenas me empurrou calmamente para conseguir entrar.

— O que você tá fazendo aqui? – perguntei com a voz baixa enquanto ele colocava suas coisas encima da mesa e o observava atenta.

— Você não achou que nossa conversa fosse acabar daquela forma, não é? Temos muitas coisas ainda pra conversar. – mumurou puxando uma cadeira pra se sentar. Eu estremeci e sabia que o pior ainda estava por vir.

Sem dizer nada eu respirei fundo, fechei a porta e depois segui para me sentar do outro lado da mesa.

— Bom, para você não dizer que eu sou uma má pessoa, irei te dar duas opções. – iniciou indo direto ao ponto.

— Você não vai querer saber a minha parte da história?

— Eu já sei o que você vai dizer.. Que está apaixonada pela minha filha, que quer viver pra sempre com ela e blá blá blá. Depois do que vi ontem, eu passei a noite toda pensando em todos os sinais que vocês me deram do que estava acontecendo e eu, idiota, não percebi.

Querida madrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora