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Arizona Robbins

A intenção de Callie era boa, disso eu sabia, mas a chance de dar certo era de 0,01% e eu não precisava de toda aquela incerteza. Eu já estava confusa demais e sofrendo o bastante com a minha decisão para criar expectativas encima daquilo. Queria que ela conseguisse convencer Eduardo a parar de se intrometer entre nós duas, queria mais que tudo poder ficar com ela mas eu já não tinha o poder da escolha. Eu só tinha duas opções e nenhuma delas incluía ficar com Callie.

Não consegui me despedir do jeito que queria mas aquilo foi o bastante, pelo menos eu disse o quanto a amava e queria que ela se lembrasse daquilo. Logo após ela passar pela porta, uma dor invadiu meu peito, aquela era definivamente a última vez que nos veríamos e depois, nunca mais. Enquanto Eduardo existisse ele iria fazer da minha vida um inferno. Se pelo menos eu pudesse ter Calliope do meu lado, eu não me importaria com nada.

Abri todos os armários e revirei toda as gavetas a procura de uma garrafa de qualquer bebida que fosse, por sorte achei uma garrafa de whisky no fundo do guarda roupa. Eu nem gostava de whisky mas não pensei duas vezes antes de abrir e beber direto no bico. Cada gole descia rasgando minha garganta engolindo o choro a força. Me sentei no chão com o celular na mão, olhando a foto do papel de parede. Era uma selfie onde Callie e eu estávamos deitadas na cama em uma posição que não sabíamos onde cada uma começava ou terminava de tão grudadas e confortáveis. Eu me odiava por não poder fazer nada, só podia sentar e esperar que por algum milagre algo se resolvesse. Nunca gostei de não ter o controle da situação, me sentia impotente quando as coisas não saiam como eu mesma havia planejado e agora, meu coração estava partido, quebrado em pequenos pedacinhos, e só uma pessoa no mundo seria capaz de me curar.

Quando a garrafa já estava no final e eu não tinha nem forças de me levantar, eu me deitei no chão mesmo. Minha cabeça rodava sem parar, eu estava tão bêbada que mal me lembrava de tudo o que havia acontecido. O rosto de Callie estava em todo lugar que eu olhava e aquilo estava me torturando. Não percebi quando acabei pegando no sono e só acordei de madrugada tremendo de frio, com uma dor de cabeça tão grande que eu estava me perguntando se alguém havia pisoteado minha cabeça enquanto eu dormia. Consegui me arrastar até minha cama e praticamente desmaiei mais uma vez.

Na sexta feira eu dormi parte do dia e a noite resolvi sair pra um barzinho, não foi uma ideia tão boa quanto eu imaginei. Eu estava tão triste que tudo o que consegui fazer foi beber. Uma ressaca atrás da outra estava acabando comigo mas eu não me importava, eu queria ficar tão anestesiada a ponto de não sentir absolutamente nada. Não me lembrava de como havia chegado em casa, só sabia que estava deitada na minha cama com o sol batendo na minha cara e me impedindo de continuar dormindo. Mesmo sem querer, acabei levantando e indo até a cozinha para fazer um café, eu precisava curar a ressaca pois tinha um vôo no final da tarde e não seria tão legal estar com uma cara péssima naquele momento, sem contar que faltava pouco tempo para Eduardo aparecer exigindo minha resposta.

Depois de ter passado o café forte e sem açúcar, ter tomado meu café da manhã com calma, me apressei em fazer o que já havia planejado enquanto bebia naquele bar. Peguei os papéis do meu processo e coloquei na máquina de tirar xerox, eu precisava ter duas cópias, uma pra mim e uma para Calliope. Me sentei na mesa com uma folha de papel A4 e uma caneta azul, comecei escrever minha carta de despedida.

21 de outubro de 2016, 8h47. Seattle, Washington.

Bom, no dia em que você estiver lendo isso, provavelmente já deve estar me odiando e se perguntando onde foi que eu me meti que simplesmente desapareci. Eu não tive permissão pra te contar, e não, eu não fui egoísta por tomar essa decisão, eu realmente acreditei ser a coisa certa a se fazer. Não pense que eu fugi, me coagi por medo, por não querer lutar ou qualquer coisa do tipo, é um pouco tarde pra te dizer isso mas antes tarde do que nunca.

Querida madrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora