A merecida punição de Camus

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Degel

Após praticamente quase colocar meu filho a força dentro do meu carro, Melissa veio, se debruçando na porta do meu carro, me implorando de forma desesperada, para que eu não contasse nada a Pierre. Eu a tranquilizei, a dizendo eu não contaria nada a ele, então ela ergueu o seu corpo, se afastou do meu carro, podendo assim eu dar partida no mesmo, saindo da li às pressas.

— Pai, o senhor não vai dizer nada...? — ele começou, contendo muita raiva no olhar. Eu estava o encarando, com cara de decepção. — Vai, senhor Degel! Pode começar que eu escuto.

— Seu safado e ordinário de uma figa! Nós vamos conversar em casa, já que agora eu estou dirigindo. E, você! Vê se fica calado, pois não quero ouvir sua voz até chegarmos em casa! — falei de forma curta e grossa. — ao chegarmos em casa, estacionei o carro na porta da mesma, já que depois eu iria ter que sair.

Camus desceu do carro, seguindo rapidamente até o interior de nossa casa e, eu segui logo atrás do mesmo, com nós dois adentrando o Hall central já discutindo aos berros.

Ao nos depararmos com Madelaine, eu parei, respirando fundo pra poder me acalmar. 

Meu filho passou por ela, falando algo que eu não consegui ouvir, seguindo depois, correndo ao subir as escadas.

Primeiro, mandei o documento que meu sócio estava precisando, mandando via WhatsApp mesmo, pois é mais rápido e era só para constar o nome da nossa empresa e, nossas assinaturas.

Após enviar a foto do documento, eu deixei o meu celular sobre a mesa de centro, subindo as escadas às pressas até chegar ao quarto do traste, imaturo, irresponsável e sem noção do meu filho. A porta de seu quarto permanecia trancada, só que eu tenho a cópia dela e, após destrancá-la, eu adentrei, esbaforido de raiva.

— Você tem noção do que você fez, seu filho da...?!

— Vai, pai! Continua a dizer! Chame minha finada mãe de puta. Era isso que você achava dela, não é?!

Ao ouvi-lo dizer tais desaforos, minha reação foi desferir um soco em sua face, com tanta força que o fez cair sentado em sua cama, pois ele não tem direito algum de dizer essas coisas sem lógicas.

O mesmo me olhava com raiva, passando a mão no canto da boca para limpar o sangue que escorria...

Camus

Estou morrendo de raiva devido o soco que ele me deu e, se eu pudesse revidaria.

O chato do meu pai me deu um baita sermão e, me puniu, proibindo-me de sair, dirigir e até de participar do baile de inverno da faculdade. Ele suspendeu minha mesada, pois por enquanto eu só estudo e desfruto da fortuna dele. Após o senhor Degel me punir me tirando todas as regalias, o vi saindo de meu quarto com cara fechada.

Depois do blá, blá, blá dele e o soco que ele me deu, devido meu ataque de fúria, eu comecei a quebrar algumas coisas no meu quarto, fazendo um enorme barulho que chamou a atenção da empregadinha enxerida. Ela veio até o meu quarto, querendo saber o que estava ocorrendo. Ao adentrar e me ver machucado, começou a cuidar dos meus ferimentos. Ela me olhava com um olhar terno e, por causa da raiva que eu estava, interpretei como se ela estivesse com pena de mim, então eu a expulsei de meu quarto, a empurrando para fora dele, gritando ao mesmo tempo com ela. Seus olhos lacrimejaram, mas sem me importar, bati a porta em sua cara.

Logo após trancar a porta, me deitei na cama, me desabei em lágrimas, pegando no sono logo depois...

Degel

Após ter feito o que fiz com meu amado filho e, ao sair do interior de seu quarto, peguei meu carro, dirigindo sem destino certo. Enquanto eu seguia pelas ruas agitadas de Paris, meu coração estava partido e, as lágrimas teimavam em escorrerem através de meus olhos. Eu estou arrasado pela minha atitude impensada, de ter desferido um soco na face dele. Isso está doendo mais em mim do que doeu nele, afinal sua dor física nem sequer se compara a profunda dor que carrego em meu coração, desde a época que perdi minha amada esposa Natassia — ela perdeu sua jovem vida, ao sofrer um trágico acidente por causa de um bêbado, que bateu em seu carro. Por sorte, meu filho, que na época estava com três anos de idade, não estava com ela naquela tarde, daquele fatídico acidente que a tornou um anjo nos céus, pois naquele dia ele não havia ido ao seu jardim de infância, já que estava junto de mim, no médico; ele tinha amanhecido ardendo em febre e, infelizmente só conseguimos consulta para ele a tarde. Já minha esposa tinha ido visitar sua mãe que estava de cama e, minha amada sogra necessitava dela.

Após sua morte me vi um tanto perdido, pois teria que criar meu único filho, sem termos ela junto de nós. Foi uma época difícil para mim e para meu filho. No meu caso, porque eu era um homem bem jovem, me vendo diante de uma grande obrigação, em ter que criar meu filho sem ter minha amada esposa ao meu lado. Já para Camus, não fora nada fácil crescer sem ter a mãe ao seu lado. Hoje eu fico me perguntando aonde foi que eu errei, na criação dele, pois fiz tudo o que podia fazer por ele e, ainda faço.

— Natassia, meu amor, como você está nos fazendo falta... — eu disse, em pensamento, porém logo depois fui despertado com meu celular que estava tocando. Parei o carro em um lugar qualquer, para poder atendê-lo. Era meu amigo Vicent, do outro lado da linha, que estava me convidando para ir ao barzinho, junto dele e de duas amigas. Eu não desejava ir, mas devido à insistência dele, acabei aceitando. Por sorte, o tal barzinho era perto de onde eu estava, cheguei lá em questão minutos.

Após eu estacionar meu carro, numa vaga perto da esquina, acionei o dispositivo de segurança e, logo depois adentrei o ambiente que estava cheio. Imediatamente avistei Vicent, sentado em uma mesa mais perto do barzinho aonde o barman servia as bebidas. Ele estava junto de duas belas mulheres, que eu logo de cara deduzir serem as amigas. Ao me aproximar da sua mesa, os cumprimentei.

Ele apresentou Marrie, que é uma bela loira de cabelos cacheados e, Pandora, uma bela e atraente mulher de longos e sedosos cabelos num tom arroxeados.

Ao me juntar a eles na mesa, ficamos horas e horas conversando, enquanto bebíamos alguns drinks. Marrie e Vincent saíram da mesa, deixando Pandora e eu sozinhos e, nós continuamos conversando até que a agradável conversa fora interrompida, com Madelaine me ligando, dizendo que meu filho havia ingerido calmantes com Vodca por cima e, que o mesmo se encontrava no hospital, para fazer a lavagem.

Por causa da minha imensa preocupação com o estado de saúde de meu filho, me despedi de Pandora e segui imediatamente ao hospital. Por sorte, além de eu não ser fraco para beber, eu bebi pouco. Sei que não é certo dirigir após ingerir bebidas alcoólicas, mas realmente eu tinha que ir até lá e com meu próprio carro.

O médico me deu uma boa notícia, dizendo que agora estava tudo bem com meu filho, que só fora mesmo um susto e, um ato de chamar a atenção.

O doutor me pediu para passar meu filho por um psicólogo.

Após Camus receber alta, retornamos para casa e, devido seu estado e o susto que ele me deu, resolvi não dizer nada por hora e o deixei descansar...

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora