Armação bem arquitetada

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Paris, França, segunda-feira, Residência da familía Adamastor...

Milo

Acordei com uma certa preguiça. Eu desejava continuar a dormir um pouco mais, ainda mais porque estava chovendo lá fora. Porém, eu não posso sequer pensar nisso, pois já são seis da manhã e, eu tenho que entrar no trabalho no máximo às 7 horas e 15...

Meu patrão conta comigo e, eu não posso decepcioná-lo. Sem falar que eu preciso desse emprego e tenho responsabilidades. É muito bom e gratificante poder ajudar nas despesas de casa. Agora, eu pago a internet, a água e ajudo nas despesas do mercado. Eu guardei um pouco do dinheiro que ganhei do meu trabalho na lanchonete, que está sendo meio período e, do bico de servente onde ajudo o senhor Iago, sempre que me é possível — esse bico, eu faço só duas vezes por semana.

Hoje seria um dos dias para ajudar o senhor Iago, se não estivesse chovendo. Eu o ajudaria hoje à tarde, mas pelo jeito irá chover o dia inteiro.

Ao desligar meu despertador e, após me espreguiçar e bocejar bastante, eu criei coragem para seguir para um banho rápido. Afinal, já eram 6:10.

Me levantei da cama, tirando meu pijama, deixando as peças sobre ela. Peguei meu uniforme limpo no guarda-roupa e uma cueca boxer branca na gaveta da cômoda. Peguei também um par de tênis, que eu comprei e comecei a pagar a prestação e, um par de meias novas e limpas, deixando o uniforme, a cueca e o par de meias sobre a poltrona vermelha que eu tenho no meu quarto e o tênis perto do móvel.

Em seguida, segui para o banheiro para poder tomar um banho rápido. Tomei meu banho feito o Flash, um dos heróis da Marvel que por sinal é um dos meus favoritos.

Meu banho não demorou nada. Retornei ao meu quarto, pois o meu banheiro era acoplado a ele. Já estando novamente no mesmo, retirei a toalha que estava enrolada na minha cintura, me sequei rapidamente e comecei a me vestir, colocando a boxer, a calça, depois o desodorante Spray e meu perfume que já estava quase no fim — tenho o péssimo defeito de tomar banho de perfume.

Já fiz meu pai gastar muito, comprando perfumes para mim. E me sinto mal por ter lhe dado tantos gastos no passado, ao longo dos meus 21 anos.

Depois de passar o perfume e o desodorante, vesti a camiseta, calcei as meias e coloquei o tênis. Em seguida, deixei meus cabelos soltos após os pentear.

Já estando pronto, segui para tomar o café da manhã com meu pai. Chegando à cozinha, a mesa já estava posta com as delícias que o senhor Kardia sabe fazer. Porém, meu pai não se encontrava na cozinha. Fato que me deixou preocupado, mas logo fiquei tranquilo novamente ao ouvir a sua voz.

— Bom dia, meu filho. Você dormiu bem? — meu pai falava ao se sentar na sua cadeira e começar a se servir. Eu lhe desejei bom dia também e, respondi sua pergunta, já me servindo em seguida. Afinal, eu estava faminto e, modesta parte, meu pai cozinha super bem. Ele é bem prendado quando o assunto é cozinha...

Ficamos tomando nosso café e conversando um pouco. Depois, o ajudei a tirar a mesa e, após me despedir dele, segui para o meu trabalho. Mas antes, peguei a minha capa de chuva e segui com a minha bicicleta. O carro do meu pai está no mecânico e, ele irá trabalhar de metrô.

Eu amo andar de bicicleta e, só uso o metrô quando é necessário mesmo. Não curto aglomeração de pessoas.

Segui até a lanchonete e, graças a Deus a chuva havia cessado um pouco. Chegando ao meu trabalho, dei de cara com o mau caráter do Shura Santiago. O mesmo anda vindo com muito mais frequência. Eu não gosto nada desse cara, pois sua fama é péssima, tanto no Campus quanto por toda a cidade.

— Esse cara está me cheirando confusão das bravas... — eu pensava comigo mesmo, até Shoko chegar para trabalhar. Ela veio até mim, me desejando bom dia, após me dar um beijo no rosto. Depois, seguimos cada um para seu determinado lugar, para começarmos mais um dia de trabalho. Ela seguiu para anotar pedidos e, eu fiquei encarregado do caixa. Fiquei um tanto integrado ao vê-la de conversa com o filha da puta do Santiago.

Senti que ele está tramando algo contra a Shoko, pois ela é muito ingênua e acredita que todos são bons. Minha vontade era de ir até a mesa do traste, só que não pude fazê-lo, pois minha patroa me pediu para ajudar o Augusto com as caixas que acabaram de chegar. Pelo fato de sermos os mais fortes fisicamente, sempre ficamos com essa parte.

Enquanto Augusto e eu ficamos colocando as várias caixas nos carrinhos próprios para isso, eu tentava prestar a atenção no assunto entre Shoko e Santiago, porém, nada consegui.

As horas passaram e finalmente a hora do almoço chegou. Shoko se despediu de mim, seguindo junto de Aika para pegarem o metrô. Já eu, segui até a minha casa com a minha bike.

Ao chegar em casa, dei de cara com dona Armênia, a nossa nova diarista. A simpática senhorinha de 50 anos havia limpado toda nossa casa, feito o almoço e já tinha alimentado o nosso cachorrinho. O almoço era uma mistura gostosa de culinárias do Brasil, culinária Grega e Francesa. Então, se tinha pratos simples, mas distintos aos seus países. Eu estava com tanta fome que logo após lavar minhas mãos, me sentei à mesa e já comecei a me servir. Dona Armênia me fez companhia no almoço, pois meu pai havia ligado, avisando que não viria almoçar em casa. O mesmo ia almoçar num restaurante, junto de um colega de trabalho.

O almoço estava tão gostoso que eu acabei exagerando na quantidade, me sentindo indisposto depois e sendo obrigado a tomar um remédio para azia. Eu não suporto tomar remédios...

Após comer feito um louco e tomar o remédio, ajudei a dona Armênia a tirar a mesa e arrumar a cozinha. Depois, paguei a diária dela e, a mesma se despediu de mim e foi embora.

As horas passaram, até que por volta das 16:30, Shoko me ligou aos prantos, me dizendo que seu pai que é militar aposentado e que por sinal é uma fera, já estava sabendo do nosso namorico, fato que me deixou extremamente surpreso e perplexo ao mesmo tempo.

Eu fiquei fazendo perguntas à ruiva, para saber como que o pai dela ficou sabendo sobre nós.

Ela me falou sobre fotos e vídeos que foram enviados para o seu pai e, que o mesmo estava uma fera, a obrigando a ficar longe de mim, pois eu sou um cara simples e não sou merecedor de tê-la como namorada.

A ruiva me contou que seu pai tem planos dela se casar com um rapaz que é filho de um amigo dele, que é juiz. Shoko estava desolada. Eu tentei lhe acalmar, lhe dizendo que iria falar com seu pai e, a pediria sua mão em namoro a ele.

Só que ela achou melhor eu não fazer isso, pois seu pai é ignorante e vingativo e, ela temia por minha vida. Ela me dizia entre lágrimas que, mesmo ela gostando muito de mim, não desejava correr o risco de me perder, pois seu pai é capaz de ir ao extremo se necessário.

Após encerrarmos a ligação, me senti um tanto triste e mau com tudo isso. Eu não amava a Shoko, porém eu tinha um certo carinho por ela. Eu me sentia amado pela mesma. Mas agora, tudo acabou. E o que o pai dela pensa ao meu respeito me deixara ainda mais triste. Posso não ser rico, nem filho de juiz, mas sou um rapaz honesto, esforçado, trabalhador e de bom caráter...

Enquanto eu tentava processar tudo, as minhas lágrimas começaram a escorrer entre os meus olhos e molhavam a minha face.

As horas passaram ainda mais. Eu segui para o meu quarto, para tomar um banho e me preparar para ir para a faculdade. Afinal, hoje teremos provas e palestras importantes. Eu achei melhor inventar uma desculpa para o meu pai, sobre o rompimento entre Shoko e eu. Não posso falar a verdade para meu o senhor Kardia, pois não desejo vê-lo sofrer, muito menos perder tudo o que conquistou até agora, por perder a cabeça por me defender de um cara arrogante e ignorante de extremo poder aqui em Paris.

Após tomar meu banho e me arrumar, segui para a universidade, tendo que agir normal, mesmo eu estando arrasado. O pior era ver a cara de deboche e alegria do mauricinho e do traste do Santiago, que estava até dando a impressão que eles estavam por detrás do rompimento entre Shoko e eu.

— Se eles estiverem por detrás disso, eu acabarei com os dois. Ah, se acabo! — eu pensava comigo mesmo. Pelo fato de Shoko não ter vindo à universidade hoje, com certeza ela deve estar sofrendo também...

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora