Aqui não dá mais

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Parte 1

Olhar as fotos de meus pais sempre me deixava mais calma, era o meu passatempo quando não estava com meus amigos, furtando supermercados ou docerias. Fazia isso por divertimento e me sentia um pouco mais livre da supervisão da minha tia. Eu queria liberdade, apenas.

Tinha uma admiração pelo meu primo Kabal, que havia conseguiu entrar no Dragão Negro e era braço direito de Kano. Mas não era apenas por isso que eu o admirava, era por sua ousadia em não temer ser um fora da lei. Queria ser como ele, entrar em um clã ou uma gangue. E esse sonho se intensificava cada vez mais, pois era o único modo de eu sair da tutela de minha tia.

Naquele dia eu não estava presa no quarto à toa... Eu era suspeita de ter participado de um assalto em uma lojinha na vila naquela manhã, pois fui encontrada a poucos metros do lugar, e por causa da minha má fama, eu acabei indo parar na delegacia. Minha tia não teve alternativa, a não ser pagar um valor alto para a minha soltura.

Agora lá estava eu, deitada em minha cama olhando as poucas fotos que tinha de meus pais. Deixava as lágrimas escorrerem pelo meu rosto lembrando-me das poucas coisas que vivi com eles. Daria tudo para poder salva-los daquele acidente, mas o que uma garota de quatro anos poderia fazer? Agora com dezoito, sem emprego e sem perspectiva o que faria da vida? Pensei que tudo aquilo poderia ser diferente, se meus pais estivessem vivos ao meu lado.

Meus pensamentos foram interrompidos pela maçaneta se mexendo. A porta se abriu e Leda, minha tia, apareceu. Aquela figura corpulenta entrou em meu quarto, pegou uma cadeira próxima e se sentou pegando uma das fotos que eu havia deixado cair. Não sabia que foto era, mas eu podia vê-la sorrir. Provavelmente ela recordava os bons momentos que teve com sua irmã.

Voltei meu olhar para as fotos que estavam em minhas mãos, mas ela por sua vez puxou a coberta e disse:

— Vamos conversar.

— Não vai brigar como todas às vezes? — perguntei.

— Não — respondeu segurando a minha mão.

Logo me ergui, mas sem tirar as fotos do colo.

— O que é então? — perguntei enquanto amarrava meu o cabelo.

— Stella, nunca imaginei que você chegaria a isso de assaltar...

— Tia, eu não estava nisso. — falei com veemência — Não nego que foram meus amigos que fizeram, mas eu não estava com eles.

— E como explica o fato de estar ali próximo?

— Eu estava passando por ali...

— Mas seus amigos afirmam que você estava com eles!

— Não estava. Eu juro!

Eu não conseguia processar a ideia de que meus amigos havia dito que eu estava com eles. Por que foram levados a falar tal mentira? Ali eu já podia ver que eles não eram meus amigos como eu achava que fossem.

Ela respirou fundo e disse:

— Stella isso não importa mais. Você ultrapassou os limites. Sei que fui falha em sua educação. Trabalhei de sol a sol e não vi você crescer direito. Confesso que a morte de seus pais me pegou de surpresa e eu não estava pronta para cuidar de você, mas mesmo assim aceitei. E falhei, falhei muito! Acabei te deixando escapar de minhas mãos e a culpa é minha.

Minha tia já estava em lágrimas, o que me deixou consternada, mas continuou:

— Vou direto ao ponto! Não posso mais te prender aqui.

— O que quer dizer? — perguntei atônita.

— Quero dizer que você não poderá mais ficar aqui. Consegui o contato de seu primo, único que lembrei para ficar com você, felizmente ele aceitou e já pode arrumar as malas amanhã você irá morar com ele.

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Estranhos PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora