O lírio de luz

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Aqueles dias eu só ouvia comentários sobre essa comemoração. Eu gostava de vê-los felizes principalmente agora que eu sabia mais sobre a história deles. Estava começando a entendê-los eu estava disposta a conquistar a confiança deles. Comecei a ficar mais solícita a eles causando surpresa em uns e a estranheza em outros. Quando eu conseguia, observava Nightwolf andando pela aldeia, conversando com alguns meninos e ajudando as mulheres no que elas precisavam. Se nossos olhares se trocavam, ele sorria tímido e baixava a cabeça, e eu ria interiormente achando ele mais lindo ainda. Decidi que ajudaria Puma a fazer o prato principal.

Enquanto eu a auxiliava, ela me pediu desculpas.

- Pelo quê?

- Desde que chegou aqui, não tivemos uma relação muito agradável. E isso é por minha causa.

Ela não mentia e eu respondi:

- Não se preocupe. Se eu estivesse em sua pele, acho que agiria da mesma forma.

- Nightwolf conversou comigo e ele me convenceu de que você está querendo mudar. E que não é igual ao seu primo.

- A causa pela qual parei aqui não foi muito boa – falei em tom de lamento.

Puma pousou a mão em meu ombro e disse:

- Se Nightwolf te perdoou, eu perdoo também.

Senti um peso a menos em minhas costas. Faltava muita gente, mas eu prometi a mim mesma que seria amiga do tempo.

O que me preocupava naquela hora, é que Raposa não havia me mostrado a roupa que eu vestiria na festa. Foi, então, que ela mandou me chamar em sua tenda e eu fui.

­– Que bom que chegou menina! – Raposa falou com uma sacola nas mãos.

–O que é isso?

– Falei que estava providenciando sua roupa para a festa. Ei-la. – disse ela apontando para a sacola em cima da mesa.

Eu abri e tirei um lindo vestido de tecido leve com o comprimento até os pés, com mangas e alguns bordados pequenos no decote. Fiquei encantada e logo experimentei.

– Coube certinho – falei com um sorriso de felicidade.

– Sabia que daria certo em você.

De ímpeto, lancei-lhe um abraço apertado. Ela olhou para mim e disse:

– E bem soltinho para que você consiga dançar bem.

– Dançar? Mas eu não sei...

– Vai aprender – falou Raposa num gesto como se estivesse dançando com alguém – nossa dança contagia.

Raposa começou a dançar com mais afinco e pegou a minha mão. Acabei inventando alguns passos enquanto eu ria.

– Na hora você se tornará a melhor dançarina da aldeia.

Dei uma gargalhada e falei, desamassando o vestido:

– Vou tirá-lo para não sujar.

Em seguida, tirei o vestido, coloquei a roupa que eu estava, dobrei o vestido e guardei-o na sacola. Raposa deu um beijo em minha testa e disse:

– Agora volte a ajudar Puma.


Estava anoitecendo e os preparativos para festa estavam quase prontos. As comidas estavam prontas e os enfeites também. Muitos dos aldeões já estavam preparados, e eu ainda estava com a roupa suja e suada por não parar o dia todo. Fui ao o rio me banhar, não tão empolgada como eu deveria estar. Acho que juntou o cansaço com a falta de possibilidade de ver Nightwolf o dia todo me deixou sem empolgação para a festa. Mas eu tinha que estar alegre pelo grande feito que Nightwolf fez pela tribo, e isso me deixava com o coração mais apaixonado por ele. Como será que ele estava vestido? Minha curiosidade me aguçava a cada minuto que se passava,

Estranhos PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora