A flecha

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E lá estava eu de volta montada na Harley-Davison mais linda que eu já tinha visto pronta para uma viagem incerta. A dúvida que estava em minha cabeça era se sairia viva dela.

De vez em quando eu olhava para Kabal, concentrado na direção da moto e tentava entender o motivo da maneira dele pensar. Sei que aquela mulher era uma prostituta, mas a forma que ele falava dela... Eu sentia pena dessa moça. Mais dó ainda eu sentia da moça da foto. A forma que ela havia escrito atrás da foto dava a entender que ela gostava mesmo do meu primo. Nem imagina onde ela onde ela estava amarrando o jegue dela. Sem contar a lembrança do que aconteceu há algumas horas. Na verdade eu queria saber o que Kabal pensava de mim, mas uma coisa e certa pe que eu não esperava tal comportamento vindo dele. Acho que neu não conhecia o meu primo de verdade, criei uma imagem totalmente diferente dele quando eu ainda morava com minha tia.

Comecei a ver o céu, que estava bem estrelado e fiquei feliz em ver passar uma estrela cadente. Pedi que nada de mal me acontecesse naquela empreitada. Dei risada em seguida, pois eu estava prestes a cometer um crime e pedir que nenhum mal me acontecesse parecia algo contraditório.

Chegamos em um local onde havia uma vegetação com árvores, alguns arbustos e monumentos de pedras naturais logo atrás da vegetação. Descemos da moto e quando Kabal tirou um capacete deu uma respirada e disse:

- Chegamos.

Com a luz do farol da moto pude ver que a poiera do lugar já havia deixado meu tênis bem sujo. Arrumei minha mochila nas costas, respirei fundo e fiquei com os olhos mergulhados naquela escuridão. Sorri e olhei para a sombra das grandes pedras.

- Pronto e agora o que eu faço?

Kabal desligou os faróis da moto, ligou sua lanterna e disse segurando-a na direção das árvores:

-Vou te acompanhar até certo ponto, depois você precisa ir sozinha.

- Tudo bem.

Entramos na vegetação e Kabal caminhava ao meu lado com a lanterna, prestado atenção em cada barulho daquele lugar inóspito. Ao ouvir o barulho das folhas sendo pisadas e de aguns galhos sendo quebrado, pude então perceber o quão longe eu estava de casa.

- Estou muito legal com você – ele interrompeu num sussurro – se fosse outro membro do Dragão Negro, te largaria aqui sozinha e mandaria você se virar.

- Mas você está fazendo isso primeiro por ser meu primo e segundo por ser um cara legal. – respondi prestando atenção no caminho que ele iluminava.

Ouvi ele suspirar em seguida. Continuou o caminhar olhando para frente com um sorriso que logo se desfez ao ver um brilho vindo do alto. Olhei junto com ele, mas eu não dei muita importância. O que eu queria saber de verdade era o motivo de ele falar aquilo. Prosseguimos o caminho e não me contive perguntando:

- Deve ter ficado chateado por eu ter feito aquilo hoje à tarde, certo?

Ouvi-o suspirar novamente, olhou para mim com a ajuda da luz da lanterna e disse:

- Fiquei sim, não vou negar. Estamos livres e desimpedidos, Stella. Pensei que você queria o mesmo que eu.

- Kabal, você é meu primo! Entendeu? Eu me sentiria mal se eu transasse com você.

- Ah esqueci que a tia Leda falou essas baboseiras...

- Não! Eu não acho isso legal, só isso. E você não irá mudar minha cabeça.

Kabal fez um sinal de rendição colocando a luz da lanterna para o alto e disse:

- Tudo bem Stella, não está mais aqui quem falou.

Continuamos o caminho e lembrei da foto que eu havia visto de baixo da cama dele. E como eu já estava estressada com toda essa situação deixei escapar:

- Aquela moça da foto não ficaria feliz em saber que a traiu.

Ele parou de andar, colocou a luz da lanterna direcionada ao meu rosto, me fuzilou com os olhos, e perguntou:

- Andou mexendo nas minhas coisas?

- Eu vi a foto debaixo de sua cama e peguei para ver de quem era. Mas o que importa se eu vi ou não? Vamos continuar o caminho.

Dei uns passos para frente e para minha surpresa Kabal me disse:

- Daqui você vai sozinha.

- Como assim? – perguntei de ímpeto – você pirou? Nem conheço esse lugar.

Kabal se aproximou de mim, colocou a mão em minha cintura por de baixo da blusa. Sua mão estava fervendo e senti aquele arrepio de outrora. Então sussurrou no meu ouvido:

- Eu poderia até roubar a relíquia e dizer que foi você quem conseguiu, mas você foi malvada comigo hoje.

Logo liguei os pontos e imaginei o que ele queria dizer. Afastei-o com um empurrão, lancei um olhar firme para ele e perguntei:

- Onde é o caminho?

Kabal arqueou a sombracelha, acho que não imaginava que eu teria aquela reação.

- Você vai andar toda essa trilha inteira de terra, e achar um caminho para a subida de pedras.

- Entendi.

De repente Kabal me puxou pelo braço levemente e disse:

- Se você quiser mudar de ideia eu posso ir...

Eu sabia onde ele iria chegar. Tirei meu braço de suas mãos e o interrompi:

- Não! Eu vou pegar essa maldita relíquia.

- Tudo bem, mas vou ficar 1 hora esperando. Se não vier a tempo já sei que foi capturada.

Não tinha acreditado que ele havia falado, Kabal realmente me subestimava e aquilo me irritava profundamente. Será que ele fazia aquilo que todo mundo? Naquele momento eu provaria que ele estava errado.

- Vou esfregar essas relíquias na sua cara quando eu conseguir.

- Vai lá então. – disse ele fazendo um gesto com as mãos como se estivesse me mandando sair.

Arrumei minha mochila e parti sem olhara para trás. Não demorou muito para que eu chegasse ao paredão de pedras. A sorte é que a lua estava cheia, o que facilitaria o meu trabalho. Eu podia ouvir a conversa dos índios vinda do topo do paredão. De onde eu estava podia ver a gruta que guardava as relíquias, resolvi ir por trás dela. Comecei a escalar e as pedras até que estavam me ajudando.

Eu não havia subido tão alto quando de repente senti um zunido no ouvido e uma dor aguda na minha clavícula. Foi quando me dei conta que eu fui atingida por uma flecha. Notei isso um pouco tarde, pois estava sem forças de me manter na pedra e senti meu corpo caindo na relva.

Desfaleci.

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Estranhos PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora