Desapego

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— Espera tia! – Puxei-a pelo braço.

— O que foi?

— Como assim a senhora decidiu tudo isso sem ao menos me avisar?

— E qual o problema? Sei sobre sua admiração por Kabal, achei que ficaria feliz por isso.

De fato eu estava feliz, mas o que ela não sabia é que eu estava namorando há três meses com Philip, um rapaz dois anos mais velho que eu. Acabei o conhecendo em uma festinha promovida por uma de minhas amigas. Eu gostava muito dele e me apaixonei de verdade por ele, pelo menos era isso que eu pensava.

Mas como eu o avisaria? Como faria para encontra-lo pela última vez pelo menos? Digo com sinceridade que nunca me apeguei a ninguém, sempre achei babaquice esse negócio de namoro, casamento... Mas com Philip foi diferente, eu me apaixonei mesmo por esse cara.

— Sim não vou negar — respondi tirando as cobertas das pernas — estou feliz por isso.

Leda, minha tia, deu um sorriso e disse antes de fechar a porta:

— Vou fazer um lanche para nós.

Em seguida a porta se fechou e lá estava eu sozinha.

A decisão de minha tia me deixou feliz, perplexa e angustiada ao mesmo tempo. Era muito difícil nós conversarmos e a revelação que ela me fizeram sobre não estar pronta para cuidar de mim quando eu era pequena me fez refletir que realmente eu não conhecia Leda, pois ela nunca fez nenhum tipo de desabafo sobre esse assunto.

Resolvi me levantar, arrumei as fotos e coloquei em uma caixinha de alumínio que ficava em uma estante próxima da minha cama, depois comecei a pensar em uma estratégia para falar a Philip sobre a decisão que a minha tia tomou com relação ao meu destino. Não tinha ideia como ele reagiria, mas eu precisava contar a ele. Comecei a estudar uma fórmula para ir ao telefone e lhe dar a notícia a ele de uma forma rápida. Era estranho eu ter que terminar um namoro assim tão de repente, mas as dúvidas começaram a me rodear. E se eu voltasse? Se eu encontrasse Philip com outra? Eu havia me apegado a ele, algo que eu não esperava. Senti um aperto em meu coração, pois eu não poderia demorar em falar para ele.

Fui para a cozinha descalça, para não fazer barulho e vi que minha tia estava bem distraída fazendo o café. Furtivamente eu fui ao telefone e disquei rapidamente o número da casa de Philip, orando para que minha tia não aparecesse na sala. Por sorte ele logo atendeu.

— Acho que te acordei né - perguntei.

— Estava lendo e acabei pegando no sono. Você não é de me ligar. O que houve?

Eu pretendia enrolar um pouco para dar a notícia, mas Philip conseguiu perceber o tom vacilante de minha voz, eu sentia isso. Respirei fundo e comecei a contar sobre o assalto que houve no mercadinho.

Estranhos PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora