22. Sabemos que sempre foi ela

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— Já acordado garoto? — Kihyun saiu de meu quarto sonolento e veio até a mesa onde eu estava sentado.

— Me beija — coloquei a xícara de minha mão na mesa — Agora.

Kihyun caminhou até mim um pouco apreensivo mas selou com força minha boca. Passou a mão em minha nuca e chupou minha língua, apertando suas unhas em minhas costas.

— A privada entupiu denovo. — Hwasa apareceu do nada abrindo os armários a procura de cereais.

— O-O que? — paramos o beijo com risadas e o clima logo foi cortado.

Hwasa riu e pegou seu cereal colorido, sentando ao meu lado.

— Bom, acho que estou atrasado, e ainda tenho que passar em casa para falar com Solar. — Kihyun disse bebendo um gole de meu café.

— E ela ainda está gostando de alguém? — Hwasa perguntou e eu sorri de canto ao ouvir a pergunta.

— Acho que você deveria ir falar com ela. — ele respondeu e deu um beijo em minha testa — Você abre a porta pra mim Chang?

Assenti com a cabeça e levei Kihyun até a porta da floricultura, logo voltando para a mesa.

— Então Kihyun dormiu aqui com você é?! — Hwasa me lançou um olhar safadinho e riu.

— O que ele esconde de mim? — perguntei sério — Ontem ele não quis responder nenhuma de minhas perguntas sobre ele! Parece que alguma coisa no passado dele o sufoca até hoje. — apoiei minha testa em minha mão — Será que ser traficante não está afetando ele?

— Ah Chang... — Hwasa me olhou com compreensão — Kihyun sempre teve muitas responsabilidades logo cedo.
Quando o conheci, ele tinha 15 anos e era espancado pelo pai, só ganhou reconhecimento quando começou a vender drogas, e isso o ensinou muito, o fez amadurecer, não tente tirar isso dele.

— É triste sentir que ele não confia em mim. — falei já percebendo meu egoísmo.

— Ele cresceu sozinho Chang, lidando com seus sentimentos sozinho, e mesmo assim se tornou esse homem incrível, que está apaixonado por você, tente compreender o lado dele.

Um clima desconfortável se estabeleceu na mesa então preferi ficar quieto, mas enquanto eu tomava meu café, Hwasa recebeu uma ligação, e aterrorizada ela atendeu.

— A-Alô? — os olhos de Hwasa brilharam e suas mãos começaram a tremer, o que me fez ficar apavorado.

— Aonde ele está? — a voz grave através do celular perguntou, pelo o que eu consegui escutar, era um homem.

— Hwasa quem é? — perguntei me levantando já que ela estava paralisada e com lágrimas em seus olhos.

Hwasa manteu suas pálpebras sem piscar e seus pulsos tremiam, então tomei o celular de sua mão, e logo depois de ler o nome, eu também tive meu corpo paralisado.

— Wheein? — sussurrei com os olhos encharcados e a voz trêmula, observando a ligação ser encerrada.

O contato dizia que era minha mãe, mas não era sua voz, e aquilo não era possível.

— Chang... — Hwasa disse baixo e caiu em lágrimas — Por que ele precisa remexer nessa dor? — aquela voz parecia significar algo pra ela.

Infelizmente tive que deixar Hwasa carcar seus braços com suas unhas, porque era uma forma de aliviar o peso daquele sentimento.

— Quem foi a última pessoa que falou com ela Hwasa? Quem pegou o celular dela?

Não obtive resposta.

Eu estava com um extinto tão grande de preocupação, que meu corpo não pensou em chorar.

— Hwasa... Ela se foi, ela não está mais aqui. — falei aceitando a mais pura realidade, Wheein estava morta e não iria mais voltar.

[...]

Eu já estava de saco cheio, eu era apenas um menino que trabalhava em uma merda de floricultura e que não tinha respostas sobre seu passado.

Ultimamente eu já não conhecia minha única família e nem a mim mesmo.

Depois da crise que Hwasa teve, ela se deitou e me deixou sem explicações como sempre. Minha mente estava se decompondo de tantas incertezas, mas eu já era egoísta demais para encher Hwasa de perguntas sobre o assunto que mais a machucava; então fiz o que estava ao meu alcance, trabalhar.

— Chang. — Hwasa desceu as escadas com os cabelos soltos e com um lindo vestido apertado.

Depois de uma discussão ou algo assim, ela sempre aparecia encantadora, como se fosse para mostrar a melhor versão de si.

— Me desculpe. — ela empurrou uma garrafa de cerveja sobre o balcão — Eu vou a uma festa, você quer ir comigo?

— Pode ir, eu vou fechar a loja e ficar por aqui mesmo. — dei um gole em minha bebida, observando Hwasa caminhar em direção a rua.

— Hwasa! — gritei e ela segurou a porta, olhando atenta para mim — Eu sei que era ela... A mulher que você foi apaixonada, eu sei que era minha mãe.

Hwasa sorriu com tristeza e assentiu com a cabeça, soltando a porta e indo para o carro.

Heroine Pure | •ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora