02. Deixe os policiais comigo

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Acordei assustado; como todas as noites eu revi Wheein. Me disseram que ela é minha mãe, mas as vezes duvido disso, já que tudo o que eu tenho são pesadelos com o seu rosto.

Tomei um banho e escovei os dentes. Coloquei um jeans e meu moletom preferido. Me certifiquei de que as embalagens do pacote estavam bem fechadas, pois um cliente viciado em flores iria comprar o pacote inteiro hoje.

Desci as escadas que davam acesso de minha casa para floricultura e encontrei Hwasa conversando com o cara de ontem.

— Ah, bom dia Chang! — ela disse me olhando com seu sorriso luminoso — Kihyun disse sobre uma encomenda...

— Sim; um buquê de tulipas brancas certo? — falei conferindo se as encomendas haviam chegado.

— Isso mesmo. — ele respondeu.

— Aqui está. — entreguei o buquê para ele e nossos olhares se cruzaram por meio segundo, mas foi o suficiente para lembrar perfeitamente do quão bonito e atraente ele realmente era.

— Então tenha um bom dia Kihyun. — estranhamente Hwasa interrompeu nosso clima, quando percebeu que eu o encararia por bastante tempo. Ela pegou o dinheiro que ele a entregou e guardou no bolso de sua calça.

— Igualmente. — ele acenou com a cabeça e Hwasa se virou indo em direção ao caixa — Um bom dia pra você também garoto.

O dei um sorriso quase desajeitado quando escutei ele me chamar de garoto e o observei sair através das grandes janelas da loja, e antes de desaparecer entre as pessoas naquela manhã, ele pareceu corresponder meus olhares com o sorriso que me deu.

— Você já o viu antes Chang? — Hwasa se aproximou.

— Não, mas sinto que ele não é um estranho qualquer. — falei em um tom pensativo.

— A gente podia ir embora daqui né? — Hwasa entrou em um assunto completamente aleatório — Ir para outra cidade ou algo assim. — ela riu — Quem sabe um dia.

Não entendi aquele assunto repentino, mas Hwasa não imaginava o quanto estava certa.

[...]

Terminei o dia bem, depois que meu comprador havia levado seu pacote, rendendo um bom dinheiro; mas sinceramente eu pensei em Kihyun e seus lábios avermelhados o dia inteiro, provavelmente não o veria nunca mais, e nem sei se isso importava, apenas não conseguia parar de lembrar do jeito que ele me olhou.

Eu já havia ligado para Jooheon, falando que precisava de mais e ele disse que me esperaria em sua casa, então assim fui.

Fechei a floricultura e coloquei o capuz de meu moletom, caminhei tranquilamente até a casa de Jooheon, que ficava a vinte minutos da minha.

Quando cheguei, toquei a campainha.

— Eai Chang! — ele abriu a porta — Uau, como sempre, nunca me decepciona. — falou pegando o bolo de dinheiro que o entreguei.

— Eu quero minha parte e preciso de mais dessas drogas, na verdade eu preciso do dobro. — disse olhando para as pessoas que passavam pela rua e reparando no acessório no braço de Jooheon. — Relógio daora.

— Legal né, se você se envolver mais nos negócios vai ter um igualzinho. — falou olhando para seu pulso — Aqui Chang, seja um bom menino e tome cuidado com isso, o chefe me trouxe essas pílulas hoje. — Jooheon me entregou um pouco de dinheiro e mais dois pacotes, que enfiei em meu bolso.

Acenei com a cabeça e voltei a andar de volta para casa. Estava bem despreocupado, já que estava quase anoitecendo. Andei cinco minutos e escutei sirenes tocarem.

Fodeu. Fodeu. Fodeu. Eu já era bem conhecido pelos policiais por vandalismo e desacato, mas não por drogas ilícitas.

— Pode ir parando Changkyun! — um policial de dentro da viatura falou.

— C-Claro seu polícia... — sorri e vi eles encostarem a viatura.

Filhos da puta. Corri. Meu deus o que eu estava fazendo?

Ouvi as sirenes tocarem novamente, mas eu estava a três quarteirões na frente, por sorte eu era bom em correr.

Virei ruas aleatórias tentando fugir mas sempre ouvia as sirenes bem perto de mim. Porra Changkyun. Quando dobrei uma esquina estreita, senti meu braço arrastar em uma parede áspera, e nesse momento as drogas já haviam caído no meio das pessoas.

Merda; se não fosse pela adrenalina, eu estaria morrendo de dor pela sujeira de sangue que meu braço havia virado. Me atrapalhei com a dor e acabei entrando em um beco, que a única maneira de sair era pulando uma grade, que dava acesso a uma rua do outro lado; mas eu tinha medo de altura.

Escutei as sirenes tocarem cada vez mais perto, e só assim pude ver a gravidade do machucado em meu braço.

Escutei uma buzina; olhei ao redor e vi um carro preto estacionado do outro lado da grade. Quem era?

— Garoto! — outra buzina — Entre logo aqui!

— Kihyun? — sussurrei duvidoso.

Foda-se o medo, escalei rápido a grade e entrei no carro do homem que era mesmo Kihyun. Ele acelerou rapidamente e saiu do bairro fazendo manobras estranhas para um simples empresário ou sei la o que ele era.

— Como você está? — falou sem perder o foco no trânsito, já que estávamos em alta velocidade — O que é isso em seu braço garoto? — ele perguntou quando me viu tentar abaixar as mangas do moletom, na tentativa de esconder o ferimento.

— Não é nada. — naquela hora eu estava concentrado na adrenalina que foi essa fuga, e na euforia que eu estava sentindo em minha barriga.

— Eu vou te levar pro hospital. — Kihyun falou acelerando ainda mais o carro.

— NÃO! — respondi assustado — Eles devem ter visto que eu me machuquei, o hospital vai ser o primei...

— Relaxe Changkyun! Eu cuido dos policiais.

Me pareceu estranho ele falar isso, mas não era de se esperar menos de um homem que aparenta ter muito dinheiro; assenti e agora pude me concentrar na dor que estava sentindo a caminho do hospital.

Hwasa vai me matar.

Heroine Pure | •ChangkiOnde histórias criam vida. Descubra agora