11°

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|1° dia do apocalipse|

O mundo que conhecíamos estava morrendo.

Uma terrível gripe mortal estava percorrendo todo o mundo, quanto mais horas se passavam mais pessoas morriam. "Os melhores cientistas estão trabalhando nisso" os jornais sempre diziam o que as pessoas queriam ouvir, mas sabemos que isso não está acontecendo.

Daryl, Ellie, Emma, Merle e eu. Somente nós cinco, estávamos presos dentro da antiga boate. Desesperados, com caixas de comida no estoque de bebidas.

Os militares disseram para se escondermos que mais tarde alguém viria nos buscar, bom, ninguém apareceu.

Os primeiros dias são sempre os piores, Daryl conseguiu um rádio e isso deu acesso a ouvir as notícias. Mais e mais mortes, pessoas se descontrolando, comendo umas as outras.

Essa doença era pior que toda a espécie humana havia enfrentado. E o pior era que não existia uma cura.

Era como um vírus, ainda não sabíamos se era transmitido pelo ar, pelo contado, até mesmo pela mordida.

Ninguém aqui viu um de perto, eu resolvi chamá-los de canibais. Era até um apelido carinhoso.

Nas primeiras noites, Daryl não pregou os olhos. Mesmo eu dizendo que nada entrará aqui. Ele era persistente e protetor, era uma das qualidades dele. Mas ele precisa dormir.

- Daryl, vai dormir. Eu fico de vigia.

Toquei os ombros frios dele deslizando até suas mãos, beijei seu ombro e fixei os olhos para onde ele olhava, uma janela escondida atrás do armazém - agora de comida - não conseguia enxergar quase nada do mundo, estava um prédio enorme bem a frente.

- Não tô com sono.

Isso é o que toda pessoa com sono diz.

- Está bem. Então vá apenas descansar. - O homem a minha frente se virou com as mãos segurando as minhas.

- Como eu posso descansar sabendo que não estamos seguros Brook?

- Estamos seguros, por enquanto... Não está sendo fácil Daryl, mas temos que manter nossa humanidade. Não podemos esperar pelo exército, essa comida vai acabar dentro de uma semana, temos que sair daqui.

- E para onde vamos? Como vamos escapar dessas coisas? Nem sabemos terminar de matar...

- Temos que tentar. Tem facas no bar, podemos pegar os canos de água, os tacos da mesa de bilhar... Daryl, agora é questão de sobrevivência.

Minha voz estava calma, mas por dentro eu estava gritando.

Sei que se eu me desesperar Daryl também poderá. E tudo o que eu quero agora, e que todos nós sobrevivemos com a nossa humanidade intacta, aquilo lá fora não são pessoas, não quero que ninguém aqui acabe como elas.

Depois de muito esforço, Daryl colocou alguns colchonetes no chão à frente da janela.
Deitamos no negócio que parecia uma madeira e mais gelado que um cubo de gelo.

Daryl passou o braço em volta do meu pescoço, fazendo com que seu braço fosse o meu travesseiro, duro e musculoso.

Emma e Ellie dormiam no palco, o chão era revestido de um carpete preto.  Merle, deitado sobre a mesa de bilhar com um cigarro na mão olhando para o teto.

Se passou algumas horas, eu ainda não conseguia dormir. Comecei a pensar, e minha mãe? Será que está viva? E o senhor Owen, a senhora Linda?

Será que estão todos mortos?

Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora