Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝

45°

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Um dia antes|

No mesmo dia, Negan me trouxe alguns doces, foi o máximo que eles conseguiram achar, que não estivessem podres, eu nem acreditava que ele realmente fez isso por mim.
Tinha doces que eu nunca vi na vida, e além de tudo isso, meu salvador pediu "gentilmente" para Lily, uma cozinheira muito boa, fazer um sorvete caseiro, isso era quase um sonho se realizando, a moça aceitou numa boa e no mesmo dia me entregou um pote com um delicioso gosto de baunilha. Eu devo muito a eles, principalmente a Negan que tem me cuidado desde o primeiro dia.

Eleanor me chamou pra uma "festinha" particular, só ela e as meninas, Amber, Frankie Sherry e Tanya, eu queria ir, mas tive que recusar, por questões dê, estou grávida. E com certeza vai ter uma garrafa de bourbon, não vou conseguir me segurar e com total certeza tomarei mais do que um gole, e eu realmente não quero ter complicações.

Isso é o pequeno detalhe, o que realmente me fez ficar no quarto foi algumas dores logo abaixo da barriga, comentei com Eleanor sobre isso, ela diz que é normal, é o bebê crescendo, disse ela. Espero.

Passei não ligar muito pras dores já que Eleanor afirmava que não era nada, que eu e o bebê estavamos bem.

Ela não sabia...

[…]
Dias depois|

À uns dias atrás, minhas ânsias aumentaram, sempre achei isso normal, não comia muito bem porque tentava diminuir as ânsias, eu perdi muito peso por conta disso, minhas vitaminas acabaram e o que me fazia sobreviver, eram algumas frutas e o sorvete de Lily, é uma loucura e um gasto de ingredientes desnecessários, mas Negan insistia, e Lily, consequentemente, também.
Era notável a minha perda de peso, meus braços estavam mais magros do que o normal, minhas pernas também, mas minhas costas, parecia que eu tinha sido sugada para dentro, apenas com uma barriga de 17 semanas, eu nunca tive problemas com a minha auto estima, não ligava para a minha beleza nem para o meu corpo magro, eu nunca me procurei tanto com isso. Mas, nesses últimos dias, eu estou me sentindo horrível, como se eu tivesse perdido toda aceitação que tinha com o meu corpo e minha beleza, estava me sentindo destruída.

Estava evitando olhar para o espelho do banheiro, não quero pentear o cabelo, não quero me ver, porque sei que meu dia vai mudar se eu fizer isso.
Sentada no sofá encarando a pequena janela que tinha, tentando comer uma maçã sem querer vomitar, apenas esperando algo milagroso cair do céu.

Que tal um cirurgião plástico?

Três batidas na minha porta, quem será uma hora dessas? Eu poderia fingir que não estava, mas, penso se for Negan, ele sabe que eu não tenho saído, e eu não posso mentir para ele. Nem se eu quisesse.
Deixei de melancolia, coloco a maçã na mesa e tento abaixar os friz do cabelo, como se fosse mudar alguma coisa, acredite, se existisse uma monarquia de pessoas totalmente acabadas por conta da gravidez, eu seria a rainha.
- Oi... - resmungo após abrir a porta, como eu suspeitava, era Negan, para a minha sorte eu acho, ele franziu a testa assim que me viu.
- Eu sei, estou horrível. - digo me poupando de ser ofendida, como se eu não soubesse como estou ridícula.

- Você está incrível. - Negan disse sorrindo, foi bonito de sua parte mas isso não me deixa mais bonita, felizmente sorri de volta, ele tinha algo especial que, me deixava boquiaberta. Abri mais a porta deixando ele entrar, fecho a mesma assim que entra.
- Não está conseguindo comer, não é?

- Não... A única coisa que me salva é o sorvete e frutas. - digo tocando a parte de baixo da barriga sentindo uma dor que diariamente eu tinha, já tinha me acostumado com a dorzinha infernal e era insuportável nos primeiros segundos.
Mas a dor não passou após os cinco segundos como acontecia normalmente, pelo contrário, ficou mais forte, e me assustou um pouco.
Cambaleei para frente sentindo minhas forças nas pernas sumirem do nada.

- Brook, o que houve? - Negan pergunta, eu não entendia o que estava acontecendo, isso nunca aconteceu. Negan me segurou pelo braço esquerdo, minha visão estava ficando turva, e eu só olhava para baixo, analisando o que estava de errado...

- Negan... - consigo chamar pelo seu nome. - Preciso do Carson... - suplico encarando o homem, ele assentiu com um olhar assustado, é eu também estava muito assustada, não era pra isso acontecer, porque fui deixar piorar, porque não fui ao Carson desde a primeira dor, se acontecer algo com o bebê, eu nunca vou me perdoar...
Então eu sinto algo escorrer das minhas pernas. Sinto essa mesma coisa cair no chão, ouço algo tocar o  piso de madeira, dou um passo pra trás, Negan e eu estavamos olhando para o chão, uma gota de sangue...
- O que tá acontecendo... - resmunguei não entendendo nada, eu precisava ir para o consultório urgente.

Mais gotas caíram, enquanto eu estava alí bem em cima de uma quase poça de sangue, Negan abria a porta com uma mão e com a outra tentava me segurar, eu sentia que ia cair a qualquer momento, eu estava totalmente sem forças nos músculos, me lembra o dia em que fui baleada. A sensação e a dor é a mesma...
Negan me pegou no colo, como um herói, eu estava toda ensanguentada no meio das pernas, enquanto sou levada até o consultório rezava para estar tudo bem com o bebê.

Já estavamos no corredor do consultório, Negan caminhou tão rápido que nem vi que estavamos tão perto.
Eu mantinha minha mão na barriga, Negan me colocou no chão ao lado da porta do consultório, ele abriu a porta sem pensar duas vezes, Carson estava organizando uma pilha de remédios, ele rapidamente se vira, com um olhar desesperador pra cima de mim.
- O que aconteceu com ela? - ele pergunta, acho que a única coisa que ele notou foi a minha aparência completamente horrível, mas então seus olhos desceram para minhas pernas, e uma nova poça de sangue se formava logo abaixo de mim.
- Coloque ela na maca. - o homem ordena, Negan me ajuda a caminhar até lá, a dor só aumentava e eu nunca estive com tanto medo...

- Me diz que ele está vivo... - digo desesperada para o doutor, ele não me respondeu, apenas lançou um olhar negativo para Negan.
- Carson... - suplico novamente com as lágrimas caindo. O médico abaixou a cabeça.

Isso só pode ser um puta pesadelo...

- Você sofreu um aborto espontâneo Brook... Eu sinto muito.

- Não... Como.... Como, você sabe? Não fez... Não fez nenhum exame... Você não sabe se foi isso... - minhas palavras não saíam, eu estava enganado a mim mesma, pois quais outros motivos as pessoas sangram na gravidez? Eu não queria aceitar isso.
Ele apenas negou com um olhar triste, isso bastou para mim ter certeza que ele sabe o que diz.

Mas eu não queria, eu não queria acreditar que isso estava acontecendo.

Meu mundo caiu. Foi como ser morta lentamente pela pessoa que você mais ama, foi um inferno na minha cabeça, eu me culpava, era claro, a culpa é toda minha. Eu não merecia esse bebê, era algo valioso demais em minhas mãos. Eu o perdi... Assim como todos.

Meu corpo estremeceu, não sei como meu coração ainda está à bater, talvez eu devesse morrer junto dele. Eu mereço isso.
Eu chorava encolhida na maca cercada de olhares desesperadores, de pena, eu queria desaparecer, eu perco tudo o que toco.

Meu nome era chamado junto de uma frase "você está bem?" era nítido que não, não, não me conformo, como deixei isso acontecer com esse pobre bebê...

Eu sinto muito... Daryl, e Daryl.

{…}