Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝

68° B

"- 𝒊 𝒄𝒂𝒏'𝒕 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒆𝒕𝒆 𝒘𝒊𝒕𝒉 𝒎𝒚𝒔𝒆𝒍𝒇 -"

Três dias se passam, era o limite de tempo que Dwight nos deu, era preocupante pensar no pior, ficamos horas montando armadilhas e fazendo vigílias, tudo por nossa segurança, tenho medo de no final não ter feito o suficiente.
— Pensando demais?!

Quieta na varanda, com uma xícara de chá nas mãos olhando a minha volta, o sol quase aparecendo, mas a escuridão ainda tomava conta deste lado do mundo, pensar demais é meu pecado.

— Pensando sobre o que fazer caso dê tudo errado. — resmungo observando Jace se sentar na cadeira de balanço.

— Não pode pensar no pior... — ele resmunga. Não é o pior, é a realidade.

— Eu não vou arriscar a vida de vocês... Se der tudo errado, eu e Ellie vamos com eles, e vocês ficam escondidos no sótão...

— O que tá maluca? Não, nem pensar...

— Não tô te dando escolha, Jace. — digo já sendo um pouco imprudente, por mais que me doa agora, ele precisa entender.
Jace bufou alto e entrou. Me deixando a par de mais pensamentos, eles não devem pagar por meus pecados, ninguém deve.

Subi até o quarto onde Ellie dormia, dando de cara com Stella, ela segurava a pequena nos braços e lhe dava total atenção, era lindo ver como ela se apegou a Ellie, a Ellie 1° estaria orgulhosa.
— Stella... Você sabe onde fica Centralia? — ouso perguntar, sempre quis saber onde era e como era.

— Não muito... Mas Jace sabe, por que quer saber? — ela pergunta, estava no banheiro olhando a minha imagem no espelho, decidindo fazer alguma coisa, diferente.

— Apenas pensando... — resmungo, olhei a pia e vi uma tesoura, encarei isso por dois minutos, pensando no que fazer, e depois, olhei o comprimento de meu cabelo.

Está na hora de mudanças.

Prendi o cabelo num rabo de cabelo baixo, trouxe ele para frente e cortei com a tesoura, isso não demorou muito, Stella brincava com Ellie, ela nem reparou, e quando soltei o cabelo, eu me sentia outra pessoa, eu queria esquecer a antiga Brooklyn, pelo menos por agora, e nada melhor começar isso mudando algo em mim.

— Uau... Eu só pisquei, você parece outra pessoa. — Stella comenta notando o que fiz, sorri para ela pelo espelho do banheiro, era esse meu objetivo, voltando a me olhar, eu pensava no que Negan disse, eu era parecida com Lucille, eu não queria ser, não sou ela, e sem sombra de dúvidas, esse era o único motivo para Negan me salvar. Ele me salvou e eu me perdi pra sempre...

A manhã foi rápida, quando voltei para a realidade, já estava na hora de sair. Deixei a pequena com as irmãs e o velho Owen e parti com Jace e Stella, seguimos o mesmo caminho e talvez mais adiante.
— Por que essa árvore está aqui? — Stella diz irritada, eu nem presto muito atenção, o carro parou na frente da árvore caída, era enorme e isso certamente não estava aqui ontem.

— O vento? — Jace diz, ironicamente.

— Acha mesmo que o vento de ontem iria derrubar essa árvore gigantesca? — Stella se irrita ainda mais, ela saiu do carro e foi até a árvore, analisando seu tronco quebrado.

— Foi cortada. — resmungo vendo as marcas da serra elétrica no mesmo.

— Quem faria isso? — Jace pensa alto, olhei para Stella, já sabíamos muito bem quem fez isso e o porque, Negan está mais perto, e se movermos um graveto, ele vai perceber, precisamos contornar, sumir daqui o quanto antes.
Fizemos isso, demos meia volta e voltamos por outra estrada, nisso, o sol já estava se apagando, estava na hora de voltarmos pra casa, Stella não sabia qual caminho tomar, estávamos em uma área desconhecida, nunca passamos por aqui.

— Aquele é o norte?! — Jace faz uma afirmação junto de uma pergunta, como saberemos?

— O sol se pôs no oeste, então é pra cá. — Stella discute apontando para frente, estava ocupada demais olhando o meio da floresta preocupada se Negan aparecer do nada.

— Stella, você precisa ir pra esquerda. — Jace diz, a loira bufou mas dobrou a esquerda, agora pensando sobre o que eles estavam dizendo, me lembro da aula de geografia.

— Você está indo pro sul... A fazenda fica no norte. — digo olhando fixo para Stella, ela quase matou Jace com o olhar.

— Em minha defesa...

— Jace se você abrir a boca eu te deixo aqui mesmo. Eu juro. — Stella diz irritada, seguro o riso, ela voltou e seguiu pelo caminho certo. E de nada adiantou, vagar para o norte não durou cinco minutos, a gasolina acabou.
— Eu vou te matar seu imbecil. — Stella quase voa no pescoço de Jace, o garoto pulou para fora da picape fugindo da loira, que maravilha, estava quase escurecendo, ficamos sem gasolina e ainda falta uns 5 quilômetros até a fazenda.

— Precisamos acelerar o passo, voltamos para pegar a picape amanhã. — digo tirando as armas e algumas lanternas do porta luvas, caminhamos quase correndo até o norte, torcendo para ser o caminho certo desta vez.
A lanterna já precisou ser ligada, com o facão em nossas mãos, olhos apurados e audição sensível a qualquer movimento, já andamos por no mínimo 1 quilômetro.

— O que é aquilo? — resmungo vendo uma luz no meio da floresta, uma luz extremamente forte, isso me deu déjàvu.

— Não é nada, temos que continuar. — Stella dize tirando o foco, não pode não ser nada, e se for o nosso pessoal? Procurando por nós?

— E se for nosso pessoal? — Jace diz antes de mim.

— E se for Negan? — Stella disse logo em cima, eu não ligo, precisamos dar uma olhada rapidamente, tirar as conclusões, se for nosso pessoal, sabemos que não vão sobreviver por muito tempo, se for Negan, damos meia volta.

— Eu vou olhar, eu já volto. — digo entrando na floresta.

— Brooklyn... Pense bem... — Stella me para, eu já pensei, sei o que fazer vai ser rápido, mas preciso ter certeza.
— Eu vou junto. Jace espera aqui. —

— O que? Nem pensar... — o garoto correu para o meu lado.

— Dá pra me obedecer pelo menos dessa vez? — Stella diz baixo, calma pela primeira vez desde que saímos da fazenda. Jace bufou e voltou para o lugar onde estava, Stella entrega uma pistola com silenciador para o garoto, entramos na floresta e caminhamos para a luz, com nossas lanternas desligadas, cuidando onde pisamos, já quase perto o suficiente, eu o escuto...

Sua voz ainda era a mesma de sempre, sempre fazendo meu coração errar as batidas.

— Porra, eu não acredito... Daryl Dixon... Ouvi muito sobre você.

(...)