35°

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"- as vezes tem que doer como nunca, para não doer nunca mais -"

O silêncio sempre me agradou, mesmo sabendo que o silêncio faz a gente pensar melhor, e pensar está me dando dor de cabeça.
- Ainda pensando? O que mais preciso ser provado para você saber que o seu lugar é aqui?

- Já chega Merle. Você tá morto e por uma puta ironia não sai da minha cabeça. - comecei a gritar pelo quarto com alguém invisível, Merle aparecia e desaparecia constantemente, eu estou louca...

- Não meu bem, você não está louca, só está apaixonada, e olhe onde isso te levou. Está perdida.

- Eu não estou perdida.

- Você está.

{…}

- É, está quase 100%. - Doutor Carson disse empolgado depois de medir minha temperatura, o segurança da porta me viu gritar com o nada e achou melhor chamar o médico, não o culpo pois faria o mesmo.
- Você fez esse curativo?

- Sim. - Respondo rápido, o médico ergueu as sobrancelhas.

- Você era enfermeira ou médica?

- Não. - Digo franzindo a testa.

- Fez um bom trabalho, se decidir ficar, terá um bom futuro conosco. - o médico diz sorrindo no final, permaneci quieta enquanto o médico guardava seus pertences.

- Carson... - Suplico fazendo o médico se virar já na porta. - É normal eu ver pessoas e ouvi-las? Mesmo sabendo que estão mortas? - Digo esperando um sim, caso contrário, eu estou louca.

- Brook... - o médico diz voltando a ficar mais próximo de mim. - Você passou por muita coisa, digamos que pode ser estresse pós-traumático.

O médico termina. Que porra... mas, parece que isso completou o quebra-cabeça da minha mente.

- Essas alucinações são por conta disso, e sinto dizer mas isso é só o começo... - Carson termina, nem o vejo sair, só escuto o barulho da porta batendo.

Eu só conseguia pensar, no que eu faço, o que eu faço, como vou voltar pra minha família, e minha dor de cabeça só aumentava, como se estivessem pregando pregos na minha cabeça e em todo meu corpo...

- Você sabe o que tem que fazer cunhadinha...

Eu tinha que sair...

Levanto da cama cambaleando até a porta, abro a mesma dando de cara com o homem que chamou o médico, ele perguntava o que tinha acontecido e me pedia para voltar, eu não dei ouvidos e segui pelo corredor.

O homem atrás de mim me pedia, educadamente, para voltar, paro no mesmo lugar e encaro o homem.
- Preciso tomar um pouco de ar... - Resmunguei sentindo a água em meus olhos, o homem assentiu.

- Eu sinto muito... - O homem diz abaixando a cabeça como se estivesse se curvando para uma rainha.

- Pelo o quê? - Digo calma, o homem levanta os olhos, com lágrimas.

- Devia tê-lo matado antes... - o homem resmunga secando as lágrimas, devia ter matado quem? - Você e o seu bebê não estariam nessa situação... - o cara termina, estou tão confusa.

- Do que está falando? - pergunto com a testa franzida.

- Do homem que atirou em você... Eu devia tê-lo matado quando Negan pediu, mas, fiquei com medo, e então ele atirou em você... - o homem se explicava me olhando no profundo dos olhos, dava para ver que ele estava arrependido e não queria isso.

Psɪᴄᴏᴅᴇ́ʟɪᴄᴀ | 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐃𝐞𝐚𝐝 Onde histórias criam vida. Descubra agora