Capítulo 2 - Armação do Bem

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A inveja é falta de capacidade de ser ou tentar ser diferente.

Martina Greco 

Brincar com essas crianças é motivo de muita alegria para mim, eu me apego muito fácil ás pessoas e muitas vezes sofro por isso. Eu já vi muitas dessas crianças se curarem e recomeçarem, mas também já vi outras morrerem e esse é a pior parte do que eu faço. Eu sempre fui muito chorona e para me controlar foi preciso tempo, não é justo esses pequenos passarem por isso, mas é assim que é a vida e não podemos impedir seu curso. 

-Tia você vai voltar semana que vem? - me pergunta  uma das crianças. 

-Lembra que a tia falou que tem semanas que eu fico fora? - ela afirma. - Mais eu sempre volto e volto cheia de presentes e o mais importante... 

-Amor e carinho. - completa minha frase que sempre faço questão de dizer pra eles. 

-Isso mesmo! - beijo seu rosto e me despeço de todos meus pimpolhos. - Até mais meus amores. 

-Tchau tia Tina. - eles gritam. 

Quando saio do quarto vejo minha irmã encostada na parede da frente, sua cara não é das melhores. Chiara tem uma rivalidade comigo que não aguento, ela sempre faz questão de falar que eu não estou onde estou por mim e sim pelos meus pais, ela pode ter razão mas se estou aqui até hoje é por mim e não por eles.

-O que faz ai encostada? - pergunto tirando a peruca rosa da cabeça. 

-Não se cansa? Não cansa de fazer papel de mocinha inocente e bondosa? - fala se aproximando de mim. - Seu teatro pode impressionar a todos, menos a mim Tina. Eu sei bem o que você quer, sei que quer tomar a direção do hospital. 

-Eu não quero nada Chiara. - respondo. - Você não se importa com a direção do hospital e sim com a fortuna da nossa família. - acuso. - Eu tenho uma carreira e sou feliz, não preciso de muito para ser feliz e você sabe disso. Eu não sonho com casas pelo mundo ou jóias caras, eu sonho em ter uma família. Eu quero me casar, quero ter seis filhos todas parecidos com o pai, quero uma casa com muitas flores e um grande jardim. - faço uma pausa. - Eu quero ser feliz e é só isso que eu pensou desde que me entendo por gente. 

-Você fantasia demais Martina. - ri. - Casa com flores? Seis filhos? - fala com deboche. - É por isso que vai continuar num relacionamento com aquele advogado porta de cadeia. - gargalha. - Acha que ele vai te dar isso? Ele não é esse tipo, Ramon não é assim conheço o amigo que tenho.

-Eu não falei dele. - solto. - E quer saber? Vou embora, tenho muitas coisas para fazer do que ficar aqui te ouvindo. 

Quando viro para ir embora vejo Maurizio parado nos observando, o que ele tá fazendo aqui?

-O que faz aqui? - pergunto pra ele.

-Te ver que não foi. - ri Chiara. 

-E quem te chamou na porra da conversa? - ele ataca minha irmã. - Minha mãe passou mal, ela está aqui. 

-Minha nossa ela está bem? - me aproximo dele. - Posso vê-la? 

Mia mãe de Maurizio e Pepe é um amor de pessoa, coitada já passou por tantas coisas e sei que com o marido morto, ela está melhor.

-Pode. - fala me dando passagem.

Eu vou até a porta que ele indica e abro, quando entro vejo Pepe e a mãe conversando. 

-Olá, posso entrar? - pergunto e ela arregala os olhos. 

-Martina é você? - afirmo. - Você não deixou de fazer isso ainda menina? Vem cá me dar um abraço.

Maurizio - Juiz e Capo  - Duologia Irmãos De Luca - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora