Capítulo 1 - O aniversário.

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Acordei cedo. Antes do despertador. Finalmente. Meus dezesseis anos, já posso tirar habilitação. Ouvi um barulho vindo da cozinha, aposto que são meus pais preparando um café da manhã. Saí do quarto e me deparei com eles na cozinha, sorriram assim que me viram.

- Parabéns filha.. Já já o café da manhã está pronto.

Meu pai sorriu enquanto preparava bacons. Sorri. E fui animada até o quarto e corri pra tomar banho rápido. Eu espero que agora as coisas mudem. Me mudei começo do ano por conta da Igreja, meu pai estava pra se tornar pastor desta Igreja então aproveitamos a oportunidade. Abandonei tudo, e aqui estou. Vivendo uma vida dupla praticamente, de noite vou pra igreja, de saia, roupa comportada. Mas quando largo da escola eu vou pra shopping, ou até mesmo encontro garotos. Cansei disso, preciso conversar com eles e hoje, as coisas tem que mudar. Eu tenho idade pra decidir o que quero. Meus pais confiam em mim a ponto de me deixarem sair e até dormi fora se for preciso, mas eu cansei, eu quero contar pra eles da minha decisão. Eu não sou fiel a igreja, bem pelo contrário. Eu quero ser quem sou, usar roupas curtas, e sair em encontros. Todo dia antes de ir pra escola saiu com uma roupa, chego na casa de uma amiga eu tiro a mesma e vou com as roupas dela. Eu sou uma farça. Moro trinta minutos da escola pra ter tempo pra isso tudo, tô longe, posso ser quem sou, mas sei também que tudo isso pode acabar em segundos. Durou até demais, e quero que seja eu que conte para eles.

Terminei meu banho e vesti um conjunto de moletom bem folgado, aliás, só tinha isso no meu guarda roupa. Assim que caminhei até a cozinha o cheiro estava ótimo. Na mesa tinha ovos mexidos, bacon, panquecas, suco e rabanada. Tudo que eu adoro. Me senti na mesa e comecei a comer, estava faminta.

- Bom, dezesseis anos, eu quero lhe dá de presente uma coisa. Mas junto a isso vem uma responsabilidade enorme. Vou pagar sua auto escola. Eu sei, é ótimo a ideia de dirigir, mas como mencionei, vem uma responsabilidade junto. Você sempre foi quieta, nunca me deu trabalho na escola, ou fora, e com isso vamos lhe recompensar com um carro, mas claro. Você precisa também seguir as ordens. Precisa levar seu irmão pra escola, precisa sempre me dizer onde vai, e se eu souber que é mentira, você perderá o carro. Ah, também vou colocar um gps no carro, não é desconfiança querida, é apenas preocupação, você sabe que o mundo de hoje não está fácil, assaltos, estupros, tudo isso.

- Tá, tá Pai.. Já sei..

- Filha, aqui.. - Minha mãe apareceu com uma chave na mão. - Esse será seu carro, mas só poderá dirigir quando tirar sua carteira de habilitação..

- Obrigada pessoal.

- Ah, outra coisa.. Você terá que arrumar um emprego também. Essa casa é maior, mais gastos, e você trabalhando poderá ajudar em casa, e pagar as contas do seu próprio carro.

Revirei os olhos. Eu acabei de fazer dezesseis anos, meu pai adora uma lição de moral. Ele adora jogar na minha cara tudo isso. Me deixa so curtir cara. Harry saiu do quarto enrolado num roupão. Harry é meu irmão mais novo. Ele é dois anos mais novo que eu, e temos uma relação bem comum. Ele também não é a favor de ser obrigado a participar da Igreja. Quando nosso pai viu Harry jogando futebol na rua só faltou exorcizar meu irmão, disse ele que coisas mundanas só nos tornam mundanos, temos que demonstrar a diferença. Harry tem que ir pra escola de terno, mas por sorte não estudamos na mesma escola. Somos bem próximos mas ele nem sonha que eu me troco antes de ir e como sou na escola.

- Parabéns mana.. - Harry me abraçou.

O café da manhã foi bem comum. A diferença é que pra tornar especial colocaram diversidades de comidas na mesa. Meu pai contou que iria fazer uma festa na igreja pelo minha aniversário. Claro que iriam. Era isso mesmo que eu queria, uma igreja inteira me fazendo uma festa incrível. Sem música, pois música é um ato de pecado, sem meus amigos, apenas pessoa chatas vestida de terno e gravata, vestido super desconfortável. E o melhor um culto especial pra todos orarem agradecendo que tenho dezesseis anos e tenho vida, e depois um discurso meu pra agradecer a toda essa palhaçada.

Fuck Me, Daddy!!Onde histórias criam vida. Descubra agora