Capítulo 5 - Quem é que você ama

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Acordei com o telefone do quarto do Apart Hotel tocando sem parar. Levantei para atender e percebi que estava vestindo a mesma roupa que saí da casa de Abby na noite passada, devo ter sido vencido pelo cansaço depois de inúmeras tentativas inúteis de fazer com que ela ouvisse minhas desculpas. Estava exausto emocionalmente e me sentindo horrível.

Por mais que eu não quisesse admitir, no fundo, eu sabia porque eu chamei por Caitriona na cama, eu sabia que ela mexia comigo e sabia que nossas cenas íntimas tinham sido a fagulha que faltava para tudo pegar fogo de uma vez. Mesmo assim, nada disso justificava o que eu tinha feito na noite passada, por mais que não tenha sido de propósito. Eu nunca quis magoar ou ser um babaca com Abby que era alguém de quem eu gostava muito e que era muito especial pra mim. 

- Oi! - Minha voz quase não saiu.

- Bom dia senhor Heughan, tem uma visita para o senhor. Abby está na recepção. - O nome Abby me fez despertar.

- Pode pedir que ela suba até meu apartamento por favor? Obrigado.

Nesse meio tempo escovei os dentes rapidamente e só consegui passar uma água no rosto e nos cabelos tentando disfarçar, pelo menos, a minha péssima aparência depois de uma noite mal dormida. Eu estava acabado, dilacerado, mas isso pouco importava agora! Precisava tentar reparar aquele erro.

Quando abri a porta, ela estava séria. Os cabelos molhados, vestindo roupa social e carregando sua mochila de trabalho. Não acreditei que ela trabalharia em um final de semana, mas também não era hora de questionar. 

- Abby, te liguei a noite toda. - Disse desesperado, como se, qualquer movimento em falso fosse fazer ela desistir e ir embora. - Por favor, entre!

Dei um passo para trás para dar o espaço que ela precisava para entrar, mas se manteve imóvel na soleira da porta, parecia estar na dúvida se seria mesmo uma boa ideia.

- Eu sei, mas eu precisava pensar Sam, precisava entender algumas coisas primeiro antes da gente conversar. - Ela se mantinha com a mesma expressão: um misto de tristeza com determinação, mas não raiva, isso ela parecia não sentir. 

Só depois que o vizinho do lado passou por nós que ela resolveu entrar, colocou a mochila no sofá e continuou em pé.

- Sam, eu preciso saber, de verdade o que você sente por ela? - Abby parecia não conseguir mencionar o nome de Caitriona.

O que eu podia falar? Eu não ia mentir pra ela por mais difícil que fosse pra nós dois, eu não podia, não era justo. Mas o que dizer? O que realmente eu sentia por Caitriona?

Olhei bem para a Abby e sentei colocando a cabeça entre as mãos como se, esse gesto, fosse me ajudar a pensar melhor e comecei a falar, tudo, tudo o que senti desde que vi Caitriona pela primeira vez. Falei da nossa amizade, do cuidado mútuo, da nossa relação diária, mas falei também da atração que eu sentia, da nossa primeira cena íntima e do que tinha acontecido nela.

Ainda assim, deixei bem claro que, nunca houve nada entre nós dois. Nem um beijo, nem uma intimidade maior que não fosse a de dois amigos.

Ela me deixou falar. De certo modo, sabia o quanto eu precisava desabafar, colocar tudo aquilo pra fora. Sabia que isso poderia me ajudar também a entender melhor o que estava acontecendo dentro de mim, por mais que o custo do meu desabafo pra ela, fosse alto.

E depois de ouvir cada uma daquelas palavras que eu sabia que doíam nela, pensei que levantaria, me deixaria falando sozinho ou me acusaria de coisas que ela teria toda razão em acusar. Mas não! Calmamente se sentou ao meu lado e me ofereceu um abraço. Um abraço de amizade. Abby e eu tínhamos uma história e muita consideração um pelo outro e isso não acabava ali. Pedi desculpas, perdão e tudo mais que podia. Jurei que a história ficaria de lado e não nos atrapalharia mais. 

Pra você guardei o amor - Sam e Cait (Outlander)Where stories live. Discover now