Capítulo 13 - Não sem razão

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Era a terceira entrevista que daríamos naquele dia e finalmente a última. Caitriona, apesar de estar com o olhar distante, mantinha bravamente a conversa com nossa entrevistadora, segurando delicadamente um copo de chá nas mãos. Naquele dia, ela não quis café.

Com o início do lançamento de mais uma temporada, voltamos com tudo para nossa rotina de viagens, entrevistas e participações em conferências. A grande diferença era que eu e Cait não estávamos mais juntos, o que fazia tudo isso, que sempre foi um momento tão bom e marcante, ser transformado em um grande desafio para nós dois.

- Hey, com licença, posso falar com você antes da gente entrar? - Toquei levemente em seu braço e seguimos para um canto depois que a vi se despedindo dos seus interlocutores.

- Claro, Sam!

Cait não estava com raiva. Não de mim pelo menos. Ela sempre me dizia isso e eu conseguia sentir pelo modo como ela me olhava. Cait sentia raiva era da decisão que tivemos que tomar em seguir um roteiro que não era verdadeiro. "Talvez teria sido diferente pra nós dois, se simplesmente não tivéssemos topado", me disse entre lágrimas, na noite em que terminamos. Mas não, não tínhamos escolha. De certa forma, éramos inexperientes com tudo o que estava ocorrendo e para agravar o quadro era impossível esconder o que eu e Cait tínhamos.

- Nessa entrevista vai ter aquela pergunta... - eu não sabia como ir direto ao assunto, ainda doía demais.

- Sobre nós estarmos juntos? - Ela completou olhando para baixo.

- Isso! E eu queria te pedir uma coisa... - Delicadamente levantei seu queixo com a ponta dos dedos, fazendo com que ela olhasse para mim. Seu olhar, que tantas vezes me deu forças para continuar, me entristeceu. Eu queria fazer algo para ajudá-la, para nos ajudar, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Pelo menos, não naquele momento.

Desde que terminamos de gravar a última temporada, ainda não tinha ficado tão perto dela assim. Eu conseguia sentir seu cheiro, olhar bem em seus olhos e sentir ambas as respirações ficarem ofegantes. Mas tudo isso não importava mais, ou pelo menos não deveria importar.

- Você poderia responder? Acho que vou colocar tudo a perder se eu falar alguma coisa. - Dessa vez procurei sua mão, não para consolá-la, mas para que eu pudesse ter forças para entrar lá e negar, para o mundo todo, a coisa mais linda, forte e verdadeira que senti em toda minha vida.

Caitriona respirou fundo e apenas concordou com a cabeça antes de ir ao banheiro para se preparar para entrarmos em cena.

Se fora difícil pra mim, sempre soube que pra ela seria muito mais. As pressões externas em cima dela eram muito maiores. Por esse mesmo motivo nunca deixei de dar razão às queixas dela, nem muito menos diminuir a dor que ela me contava que sentia em me ver sempre acompanhado e ausente em momentos importantes.

Mesmo com tudo que fizemos para esconder o que sentíamos a pressão sobre nós dois só crescia. Parecia que quanto mais a gente batia nisso, menos convencíamos.

No começo, Cait sugeriu darmos um tempo, ver como a gente se sentia, mas principalmente como a gente se sairia, mas não funcionou. O fim do nosso relacionamento não colocou fim em tudo que a gente sentia, pelo contrário!

Uma certa noite, após dois meses dando um tempo, Cait bateu em minha porta sem avisar. O meu coração congelou ao ver que era ela.

- Posso entrar? - Ela estava com um semblante cansado e triste.

- Claro. - Dei espaço para que ela entrasse e peguei seu casaco que estava cheio de gotinhas de água, para pendurar.

Embaixo do casaco um vestido preto soltinho, que ela sabia que eu adorava quando ela vestia.

Pra você guardei o amor - Sam e Cait (Outlander)Where stories live. Discover now