Pulsar

12- Mia

— Victor Leroy é o nome do nosso cara morto — anunciou Hopper.

Sanford Hopper era meu colega no laboratório, ele estava responsável pelo banco de dados daquele caso, para descobrirmos a identidade do cadáver na lixeira. O cara era meio bronco e beligerante, ele sempre estava com a cara fechada. Eu e Annabelle comentávamos que parecia que o ele vivia tenso, ou quando estávamos muito maldosas, falávamos que ele precisava urgentemente de um orgasmo. O apelidamos gentilmente de "Saco Roxo".

— Me passa a ficha dele, enquanto tento conseguir um mandato pra fuçar a casa do sujeito — pedi enquanto analisava a amostra da lasca de madeira que encontrei no corpo.

Atualizando minha lista de afazeres, eu tinha um almoço com Garrett para aquele dia, e — possivelmente — sairia para procurar evidências na casa do sr. Leroy. Eu procurei Garrett alguns dias depois que rompemos, se é que posso chamar o que tivemos de rompimento, e pedi para ele me encontrar para podermos conversar. Ele, sendo alguém maduro e sensato, optou num almoço na segunda e é óbvio que aceitei. Queria vê-lo, queria com tanta vontade que nem eu entendia porque rompi com ele.

Aliás, eu entendia sim. Eu rompi antes que ficássemos sérios demais e ele acabasse tendo que dormir de conchinha comigo quando eu tivesse menstruada e, de novo, eu não queria isso. Talvez que ele fosse na minha casa com uma pizza de massa grossa e um chocolate, porque isso soaria como um encontro casual de amigos. Era isso que eu queria de Garrett. Amizade.

Amizade colorida!

Minha mente pervertida pensou e eu nem me importei em negar, eu queria isso também.

— Tem planos para o almoço? — indagou Britney, ela trabalhava com T.I. Era uma mulher legal mas eu não via nela a mesma autenticidade que via na Annabelle.

— Uhum — murmurei, completando uma prótese do que parecia uma estaca de madeira, que eu suspeitava ser a arma do crime. Muito bizarro — E você?

— Não sei, acho que vou pegar um lanche no Mcdonald's ou pedir um delivery, depende do tamanho da minha preguiça — ela riu.

— Se quiser eu trago alguma coisa pra você do restaurante mexicano que vou almoçar — ofereci, eu era esse tipo de pessoa.

— Ah! Vou aceitar. Acho que vou querer... taco!

Eu só consegui sair para almoçar às três da tarde. Garrett estava me esperando na frente do laboratório. Ele estava vestindo uma calça jeans escura, moleton vermelho com capuz, e seus habituais tênis pretos. Nunca vi Garrett com uma cor tão quente quanto vermelho, estava lindo e eu me abanei mentalmente, enquanto enrolava meu cachecol no pescoço. Ele riu quando me viu e eu franzi o cenho.

Será que tô feia?

— Sério? Cachecol? Deve estar fazendo uns 13 graus, Mia — ele continuou rindo, me chamando de exagerada.

— Só pra você saber, estou usando porque me deixa estilosa — eu menti, querendo levar a melhor enquanto entrávamos no seu carro.

A Taqueria Los Comales era ali perto, fizemos o trajeto em dez minutos. O ambiente era colorido com direito a bandeiras e sombrero enormes pendurados nas paredes. Fizemos nossos pedidos no balcão, eu quis burrito e pedi os tacos da Britney para levar, Garrett foi de nachos del pueblo. Eu ri da tentativa dele em pronunciar o nome certo, mas estava apenas me vingando por causa daquela zoação com o meu cachecol.

— Chloe me contou que sua luta foi adiada — comecei com o assunto que eu chamava de "território leve".

— É, parece que meu oponente pegou uma virose — ele disse isso com desprezo, eu notei — Mas foi bom, no fim das contas não estava com cabeça para o combate — me lançou um olhar significativo e eu murchei na minha cadeira.