17- Chloe

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— Eu não posso sair.

— A Mia não falou nada e isso só me deixa mais apavorada — confessei. Dan deu risada.

— Tia Rachel só tá brava por causa dos meus pais — ele fez um estalo com a língua — Vou ter que passar o dia de Ação de Graças com a minha mãe, acho que ela vai me dar um sermão daqueles...

— Putz, isso é uma merda.

Daniel me ligou aquela manhã. Comentamos sobre nossa prisão e as consequências que tivemos. Eu não fiquei de castigo e não tive que ouvir a Mia sabatinar sobre a decepção que causei, mas eu ainda estava esperando por isso. Quando ela saiu para o trabalho, só disse para eu não esquecer de levar as roupas sujas na lavanderia e que ia chegar tarde pois sairia para beber com a Lia e a Annie — ex parceira do Christian na polícia.

Não falamos sobre nosso quase beijo e isso me deixava inquieta. Eu nunca sabia o que estava passando na cabeça do Dan e ele não parecia querer explicar. Argh!

Eu estava morrendo de tédio na minha casa e ainda nem tinha escurecido. Mandei uma mensagem para a Mia perguntando se eu podia ir na Louise. Ela não respondeu. Me lembrei que ela sempre falava que eu não precisava pedir permissão, só avisar, portanto isso me dava passe livre para sair.

Me arrumei e tomei um ônibus até a casa da Lou, eu não tinha conversado com ela direito depois da prisão. Precisava contar para ela sobre o que rolou entre Dan e eu lá no clube, e saber se estava tudo bem se eu saísse com o primo dela. Sei lá, ela nunca disse nada contra, mas eu também nunca tinha revelado meus sentimentos abertamente em relação ao Daniel. Só para a Mia.

Será que o Dan quer sair comigo?

Esse pensamento só me ocorreu quando eu já estava dentro do elevador subindo para o andar da casa deles. Acho que talvez eu estivesse pensando muito nisso e o Dan nem ao menos ficou analisando a situação. Estava tão desesperada em descobrir quem eu sou, de quem eu gosto e, sobretudo, quando que eu ia sentir alguma coisa, que nem ao menos me perguntava o que as outras pessoas queriam.

Talvez a gente só estivesse alegres pelo álcool e ele não se declarou para mim, afinal. Ele só concordou que gostava de mim. Acho que eu estava indo com muita sede ao pote.

— Ei, Chloe — Lou abriu a porta e estava arrumada.

— Vai sair?

— Vou no cinema com o Charlie — ela estava com um sorriso enorme enfeitando sua boca bonita — Minha mãe não me colocou de castigo, eu nem disse que estava no clube também e ela não desconfiou, porque eu tomei cuidado para não molhar o meu cabelo — Louise divagou por um tempo — Mas entra ai. Daniel! — ela gritou — Ele tá de castigo — deu uma risadinha malvada — Então te faz companhia.

— Não, relaxa. Eu vim pra falar com você, mas depois a gente põe as fofocas em dia.

— Quê? — ele apareceu mal humorado na sala — Ah, oi Chloe.

— Oi — eu estava tão sem graça — Cadê a sua mãe? — perguntei para a Lou.

— Feira de livro em Milwaukee — respondeu enquanto aplicava outra camada de gloss — Nem vem pra casa hoje.

Isso me fez parar para pensar. Se a tia Rachel não viria para casa hoje, por que o Daniel disse que não podia sair? Quero dizer, a tia nem saberia, já que ele e a Lou normalmente não ficavam se dedurando. Acho que talvez ele não quisesse me ver, e pensou que eu também não poderia sair. Eu estava sendo tão patética. Claro, eu não vim para ficar com ele e sim com a Louise, porém eu sabia que ele estaria aqui e acho que por isso que eu me convenci de que eu deveria vir. Merda!

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