26- Mia

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Com o começo do ano avançando, me sentindo numa espécie de contagem regressiva. Quero dizer, daqui a alguns meses, Chloe se formaria no ensino médio e iria para a universidade, eu ficaria sozinha, de novo, e aquilo me apavorava.

— Mia, eu tenho que te contar algo bizarro — disse Annabelle, entrando no laboratório enquanto eu analisava evidências de um novo caso — Parece que... eu to grávida — Anna ficou pálida e eu travada. Merda! Será que parabenizo ou a consolo?

— E como você se sente a respeito disso? — indaguei, me senti uma versão estranha de terapeuta ao dizer isso.

— Feliz — ela riu nervosa — Eu e James estamos tentando engravidar já faz tempo — ela contou — Achamos que não seria possível, mas, porra, eu to gravida! — ela gritou histérica a última frase.

— Parabéns, amiga! — estava em estado de choque ainda, mas tentei reagir como uma Forbes, ou seja, com excesso de afeto e entusiasmo.

Depois que Anna voltou para sua sala, eu fiquei pensando sobre aquilo. Será que um dia eu ia querer ter filhos? Um casamento? Não! Eu estava feliz com a minha vida, mas... Chloe ia embora e tudo mudaria depois disso. O que diabos eu ia fazer?

Martin Pattinson foi condenado à prisão perpétua, por três homicídios e uma tentativa de homicídio, eu estava feliz com sua sentença, aquele homem merecia cadeira elétrica ou coisa pior. Ele não tinha emoções e para completar eu desconfiava que ele matou seus pais adotivos.

Almocei com a Britney do T.I. aquele dia, eu a julgava por ser meio travada e relacionava isso com o fato de não ser tão autêntica, mas depois do último caso, que me pegou totalmente de surpresa, estava confiando menos no meu sexto sentido e mandando meu eu critico a merda. Eu tinha bons amigos em Chicago e muitos colegas, eu tinha uma casa e um emprego, um cara sexy e legal para esquentar minha cama. Portanto ia ficar bem quando Chloe fosse embora.

— Queria ir até o Replay Lakeview ver a Chloe — disse a Lia e Annie quando nos encontramos aquela noite.

Costumávamos ir a vários bar, sem nunca repetir, já fomos até o Replay, porém eu tinha um incentivo a mais para ir lá. Era quase onze da noite.

— Eu não vou ficar muito, gente — avisou Annie — Amanhã vou trabalhar e... — ela abaixou o tom — Tenho um encontro — disse como se contasse um segredo.

— MENTIRA! — Lia e eu exclamamos ao mesmo tempo. Annie riu e ruborizou.

— Ele é o professor de música da minha filha — ela ruborizou ainda mais — É um gato, tem dois filhos que já são maiores de idade e está divorciado há muitos anos.

Aquela noite se resumiu a Annie, estávamos felizes por ela e deixamos que ela soubesse disso. Annie contou todos os detalhes sobre seu crush no professor de música da filha, eu achava que Annie jamais se envolveria com outra pessoa.

O uber estacionou na frente do pub que Chloe trabalhava. Quando atravessamos a porta de vidro, a primeira coisa que me atentei foi na voz lírica e melodiosa que dominava o lugar. Olhei para o palco e meu queixo deve ter caído no chão quando vi Chloe. Ela estava linda. O cabelo ruivo preso em um coque desalinhado, a maquiagem forte e aquele sorriso. Chloe sorria como jamais sorriu na vida, ela pulsava uma vibração tão gostosa que eu não consegui sair do lugar. Fiquei atada ouvindo Chloe cantar.

— U-HUM! — gritei aplaudindo — Essa é minha garota!

Chloe ruborizou com os elogios, mas ficou firme sobre o palco. Ela não me reconheceu ali imediatamente, o que só me deixou com mais privacidade para assisti-la. Ela parecia tão... completa. Feliz.

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