14- Mia

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Eu tinha duas certezas na vida. A primeira era que Alec Smith era um babaca e a segunda era que eu odiava ficar de tocaia.

Aquela manhã, decidi expor minhas suposições para o chefe do laboratório e o sr. Smith me ouviu sabatinar sobre minhas suspeitas de adultério e crime passional, ele ficou com aquela cara de paspalho e no fim disse que era besteira e para eu deixar para lá, segundo ele, não tínhamos provas concretas. Eu quis gritar que era isso que fazíamos: Suspeitamos e investigamos. Porém, engoli seco e deixei a sala dele com um sorrisinho condescendente, enquanto meus instintos mandavam eu socar a cara feia do meu chefe.

Quando encerrei o expediente passei no mercado e comprei umas besteiras para comer, depois peguei um ônibus até Austin e encontrei um lugar para me esconder na frente da casa de Roger Sinclair, o meu principal suspeito daquele homicídio. Eu estava atrás de uma lixeira em uma ruela há uns trinta minutos e já tinha acabado com dois pacotes de batatas chips. As luzes da casa estavam acesas, portanto eu sabia que o cara estava em casa, mas não tinha movimentação nenhuma e isso me deixava, demasiadamente, intrigada.

Eu já tinha ficado em pé, me curvado, me agachado e agora estava sentada no chão. Lia teria revirado os olhos e dito que aquilo era nojento, mas eu não ligo, naquele momento a minha vontade de estar certa era ainda maior que minha curiosidade, então eu enfiei as mãos nos bolsos do meu casaco tentando conter o frio e comecei a cantarolar músicas na minha cabeça.

Liguei para o Christian para pedir reforços ou para me fazer companhia, já que estava morrendo de tédio, mas o bastardo não atendeu. Então eu deixei uma mensagem super dramática em seu correio de voz e sempre que um carro se aproximava eu achava que era ele. Joguei Angry birds no meu celular, zapeei pelas redes sociais e tentei me concentrar em um ebook na Amazon, mas não rolou.

Só quarenta e cinco minutos se passaram, eu não sairia dali enquanto não tivesse uma foto do Monroe entrando na casa do Sinclair.

Cinquenta minutos.

Uma hora.

Uma hora e dois minutos.

O relógio tirava sarro da minha cara e eu fiquei puta da vida quando vi que minha bateria estava quase acabando. Se isso acontecesse eu não conseguiria uma foto, por isso comecei a poupar carga parando de desbloquear o celular para ver a hora, há cada minuto.

A ruela era escura e quando alguém se aproximava eu morria de medo, então acariciava minha pistola presa ao cós da calça e me sentia melhor. Mais fodona, eu acho.

— Amélia!

Eu dei um grito quando ouvi meu nome naquela maldita voz de barítono. Deixei meu saco com batatas cair e quis bater no Matthew. Fiquei em pé e olhei feio para ele.

— O que diabos tá fazendo aqui? — indaguei, colocando as mãos nos quadris.

— Rastreei seu celular, ora — respondeu nervoso — É Austin, cacete. Quer acabar morta?

— Ahn? — estava mesmo confusa.

— Território do Ruan — ele falou como se fosse óbvio.

— Era, o cara tá morto. Lia empalou ele, lembra? — revirei os olhos. Que paranoico, com medo de gente morta.

— Sim, Ruan tá sim, mas já parou para pensar que talvez tenha alguém querendo se vingar? — franzi o cenho e não soube o que responder — Quando o pai dele morreu, Logan achou que estava seguro, daí apareceu o filho vestindo uma armadura chamada vingança. Não sabemos se estamos seguros e é por isso que eu rastreio seu celular e dos envolvidos, de vez em quando.

Eu não tinha pensado nisso e Matthew poderia ter razão. Aquele medo sempre ia me gelar a espinha, mas com ele vinha a precaução. Merda, o que estou fazendo?

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