Cap. 4

141 13 2
                                    

- Luke P. O. V. -
    
Acordei no meio da noite com uma dor de cabeça terrível, provavelmente porque dormi chorando.

Logo percebi que ainda estava na cama com Hope que dormia calma como um anjo e por um momento desejei poder fazer o mesmo.

Me puni mentalmente por tê-la deixado ali, eu poderia tê-la machucado ou ela poderia ter caído da cama. A levei para seu devido lugar e me sentei na cama sentindo o peso da minha cabeça e a indisposição por todo o corpo.

Esse luto está me consumindo cada vez mais, e sinceramente não sei o que fazer para impedir.

Todas as noites fico horas olhando para o teto com receio de de fechar os olhos e voltar a ter pesadelos. Tenho medo de voltar a ver a imagem dela e de seu corpo sem vida na cama de hospital.

Infelizmente não há nada que eu possa fazer para mudar isso.

Me levantei e fui até a cozinha de Ashton para ver se encontrava algo para finalmente comer em dias. Talvez isso me distraísse mas ao abrir a geladeira, nada lá me chama a atenção.

Tantas coisas, tantas opções, mas nada parecia ser bom o bastante para ingerir.

— Foda-se — sem pensar muito, peguei uma garrafa de vodka da porta da geladeira.

As vezes o sentimento que eu tinha não era totalmente tristeza. As vezes eu apenas sentia raiva por tudo isso estar acontecendo comigo, sentia raiva por depender de outras pessoas para não surtar de vez, sentia raiva por não estar no controle da minha própria vida.

Talvez beber amenizasse um pouco disso tudo e trouxesse o mínimo de paz que eu quero.

Eu preciso sentir paz, nem que seja só por cinco minutos.

- Calum P. O. V. -

Qual é Lanna... Por que você já não termina de passar a noite aqui? Já são 3:00 da manhã...

— Eu queria muito Cal, mas amanhã eu tenho que trabalhar.

— Eu te levo... — insisti.

— Não da gatinho, meu trabalho é muito longe, eu teria que sair umas duas horas adiantada daqui e as minhas coisas estão em casa — se aproximou de mim e me beijou — vamos fazer assim, você me leva embora e amanhã q gente se vê depois da faculdade, ok?

— Tá, pode ser — revirei os olhos em resposta — vamos, vou ter que passar no Ashton pegar meu celular, eu esqueci lá.

— Que tipo de pessoa esquece o celular nos lugares hoje em dia?! — ela ri da minha cara — você não vai passar na casa dele a essa hora da madrugada né?

— Primeiro que foi culpa sua de ficar me apressando pra vir pra cá, segundo que ele nem vai saber que eu fui lá, ele deixa uma chave reserva pra fora, e eu sei onde fica.

— Tudo bem então, vamos.

Após praticamente atravessar a cidade para deixá-la no seu apartamento, voltei para o condomínio indo direto para a casa de Ashton.

Peguei a chave debaixo de um vaso de plantas e entrei fazendo silêncio para não acordar ninguém, mas para minha surpresa, dou de cara com Luke sentado na ilha da cozinha debruçado no balcão brincando com um copo vazio.

— Luke?! O que você tá fazendo aí?! — eu disse sussurrando.

— E aí Cal — ele me respondeu levantando o copo ainda debruçado sem se preocupar em fazer o mínimo silêncio — senta aí — apontou para um banco a sua frente onde eu me sentei e ele levantou a cabeça me encarando.

Luke tinha os cabelos bagunçados, os olhos vermelhos e olheiras enormes.

Não pude deixar de notar a garrafa vazia de vodka que fazia companhia a algumas outras de cerveja. Mas o que é que ele pretende com isso?

— O que ta fazendo aqui? — o loiro perguntou.

— Eu é quem te pergunto...

— Não parece óbvio? — revirou os olhos.

— São quase 4:00 da manhã... Por que fez isso?

— Sei lá Calum... Só... Cheguei num ponto em que qualquer coisa é melhor do que ficar chorando na cama — completou o copo e bebeu tudo em um só gole.

— Luke... Sabe que pode se abrir com a gente — ele riu me deixando confuso.

— E o que isso muda? Desabafar não vai arrancar a dor de perder ela, desabafar não vai fazer a minha vida voltar ao normal e muito menos vai trazer a Chloe de volta, Cal — e em questão de segundos ele começa a chorar.

Mas que droga! Eu não tinha ideia do que fazer. Nada nem ninguém poderia fazê-lo voltar a ser o que era antes.

Bom, talvez haja alguém, uma das únicas pessoas que consegue colocá-lo nos eixos, mas a prioridade era dar um jeito no Luke bêbado de agora.

Que por sinal estava impossível de lidar, eu nunca o vi desse jeito.

— Luke... — respirei fundo — levanta logo daí, vai tomar um banho.

Não sei se ele me ignorou ou se simplesmente não escutou com os barulhos altos de seu choro.

— Porra Luke, você vai acordar todo mundo desse jeito! — não tive outra escolha a não ser ir até ele e ajudá-lo a levantar o levando até o banheiro. Ele não parava de soluçar um segundo sequer. Eu sentia muita pena dele — toma um banho enquanto eu arrumo a bagunça que você fez na cozinha.

Cada vez que eu o via sofrendo desse jeito meu coração se partia.

É estranho conhecer uma pessoa por tantos anos. Você conhece todos os lados dela, desde os mais cheios de luz até os mais sombrios.

Mas isso, era completamente distinto de tudo o que eu já havia presenciado dele. Esse nível de sofrimento era distinto de tudo o que eu já havia visto dele.

Aquele homem derrotado no balcão da cozinha, chorando até que soluços pudessem ser ouvidos e acabando com toda a bebida alcoólica que havia encontrado, simplesmente não era o Luke.

Ghost Of Past | LRHOnde histórias criam vida. Descubra agora