Cap. 19

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- Madison P. O. V. -

Depois de ter arruinado o passeio em Santa Mônica, nós não ficamos muito tempo por lá. Por mais maravilhoso que fosse o parque, o ambiente, a companhia... Eu já não me sentia mais tão bem assim.

Odeio estar pensativa, odeio que ainda tenha dúvidas se devo ou não ir embora. Odeio que não tenha certeza do que pode estar por vir.

Mas algo é certo, eu não posso mais me torturar mentalmente dessa maneira.

***

- Luke P. O. V. -

Minha mente vagava longe naquela sala. Era como se eu estivesse presente fisicamente, mas ausente mentalmente. Muitas coisas se passavam na minha cabeça quando alguns acordes de guitarra se sobressaem entre meus pensamentos.

— Gostei, toca mais uma vez — eles me olham estranho.

— Cara em que planeta você tá?

— Estamos tocando essa parte a meia hora — Michael diz.

— Foi mal, a minha cabeça ainda tá em Santa Mônica.

— Luke... Por que não fala logo pra ela o que sente?

— Ela não me responde desde sábado, além do mais, acho que não tem mais nada pra ser dito.

— Todos aqui já tivemos um relacionamento à distância, e não foi tão ruim.

— Mas com ela é diferente... Se ela for, vai ser de vez.

— Fica tranquilo, Luke. Vai dar tudo certo.

Era o que eu queria, mas talvez estivesse longe de acontecer.

Eu não estava nada produtivo aquele dia, o que acabou atrapalhando o desempenho da banda toda, por isso viemos embora mais cedo.

Passei pra buscar Hope na casa da irmã da Crystal, que era a única pessoa em que eu confiava para cuidar dela. Ela tem outros filhos e a Hope se da bem com eles, é bom para ela se conviver com outras crianças.

Fomos pra casa e terminei de fazer umas coisas que deixei de fazer no fim de semana.

Nós acabamos indo pra cama mais cedo mas nada me fazia dormir. Eu devo ter ficado umas duas horas olhando para o teto e rolando na cama. Me levantei pra ir ao banheiro e acabei indo na cozinha pegar uma água.

O sofá parecia bem convidativo, parei na sala e me deitei lá ligando a televisão.

Eu nem mesmo assistia ao programa, só conseguia pensar nela. Madison. Ela não respondia minhas mensagens desde sábado, depois do clima estranho no píer.

Sentia saudades, mesmo que tivéssemos nos visto recentemente. Sentia saudades de sexta a noite, de seu corpo, dos seus beijos, do dia que passamos juntos. Eu queria viver mais desses dias com ela, queria tê-la aqui ao meu lado, mas quanto mais próximos disso nós chegamos, mais nos afastamos.

Tantas angústias guardadas...

De repente vejo o violão no canto da sala e sinto vontade de compor.

As palavras escritas no verso de uma revista qualquer da mesa de centro tinham um pouco de nós em cada estrofe. Cada frase se encaixava perfeitamente conosco, mas não era como se ainda tivesse esperanças a essa altura.

Amanhã ela pega um avião pra longe daqui e ainda não se decidiu se gosta de mim.

Então talvez isso que eu penso ser amor, não passa de uma amizade com benefícios.

Isso só me faz sentir raiva, parecia que tudo foi apenas uma mentira, que meus sentimentos nunca significaram nada.

O meu celular toca em algum cômodo da casa e antes que eu possa encontrá-lo ele desliga. Procuro em todos os cantos e finalmente o encontro.

Era ela.

Não sei se gosto da maneira como meu coração acelera ao ver seu nome na tela novamente. Por mais que eu gostaria de ignorar sua chamada e respondê-la somente no outro dia dizendo que não ouvi, me sinto tentado a atender. Estava curioso para ouvir o que ela diria depois de todo esse tempo.

"Oi, Lu?"

— Sim.

"Tudo bem por aí?" — era irônico o modo como ela perguntava isso tentando parecer que se importava. Se realmente fosse verdade ela teria me procurado antes.

— Não manda mensagem desde sábado...

"Olha, eu sei que você tem todos os motivos do mundo pra recusar, mas eu queria passar essa última noite com você, pra me redimir"

— Só não demora muito pra chegar até aqui, amanhã eu vou cedo pro estúdio.

"Tá mas..." — desliguei respirando fundo.

Tudo o que eu mais queria era ter recusado sua proposta depois dela fingir que não existo durante a semana, praticamente demonstrando que não liga pro que eu sinto, mas eu sou facilmente manipulável por ela.

Não importa que ela me use, não importa que ela já tenha me dito que eu estou atrapalhando que ela se mude e recomesse a vida, eu vou sempre ceder quando ela me quiser de volta.

O melhor a se fazer era acabar com tudo isso de uma vez.

- Madison P. O. V. -

Não que eu esperasse ser tratada como uma rainha depois de tê-lo recusado de todas as maneiras possíveis, mas também não esperava que ele nem sequer trocasse olhares comigo. Etávamos longe de ter a mesma química que tivemos na sexta. Nós transamos sem dar um beijo sequer.

Depois que tudo acabou, Luke se sentou no sofá de costas para mim e depois me olhou como se buscasse palavras para dizer algo.

— Por que me ignorou a semana toda — ele voltou a me dar as costas.

— Eu não tinha o que te dizer depois daquilo que eu disse em Santa Mônica, eu não devia ter dito nada. Eu tenho passado por muita coisa, Lu...

— Eu sei, Maddy, acredite você já me disse isso muitas vezes. Mas era só me responder, não precisava de muito.

— Me perdoa, eu...

— Você pensava em ir embora sem se despedir?

— Não Lu, eu não...

— Eu juro que eu tentei, Maddy — me interrompeu— tentei de todas as maneiras possíveis. Eu te dei espaço, tempo, respeitei suas escolhas, sua opinião... E tudo o que você fez foi fingir que eu não existia e depois me ligar quando queria satisfazer mais uma vontade sua.

— Você não sabe do que está falando...

— Ah não?! — ele se levantou — então o que eu disse de errado?

— Eu fiz tudo isso pela minha felicidade! Foi você mesmo que disse que me apoiaria em qualquer escolha que me deixasse feliz.

— Mas e eu? Você também pensa na minha felicidade? Em como eu fico mal quando você desaparece sem dizer nada e depois volta com uma desculpa que eu sempre compro? Eu acho que não.

— Esse é o seu problema! Você pensa que precisa de mim pra ser feliz Luke, mas não é assim que o conceito de felicidade funciona! Primeiro você deveria encontrar a sua, pra depois buscar mais um pouco dela em outra pessoa.

— E se você estiver errada?

— Você sabe que não. Você vinha amarrando sua felicidade na Chloe e olha o que aconteceu. Não se lembra o quão mal você ficou?

— E o que você sabe sobra a Chloe?! Ou sobre como eu fiquei?! — ele gritou — você não tem direito de falar sobre isso se você nem sequer estava aqui quando tudo aconteceu — Hope acordou e começou a chorar — nunca mais toque no nome dela.

Luke se levantou do sofá e pegou uma folha sobre a mesa de centro. Ele a amassou e jogou em minha direção.

— Eu escrevi pra você. Pode jogar fora se quiser.

Ghost Of Past | LRHOnde histórias criam vida. Descubra agora