Cap. 15

96 14 1
                                    

- Luke P. O. V. -

Levantar hoje da cama não foi algo simples.

Depois de semanas trabalhando no estúdio ocupando a minha cabeça para tentar evitar o fato de que esse dia estava chegando, ele finalmente chegou.

Mas assim como planejado, aqui estava eu já com o cabelo arrumado e os dentes escovados escolhendo as melhores peças de roupa preta que eu tinha para vestir hoje.

Escolho as tradicionais calças skinny, uma camisa preta, e ao julgar pela aparência do clima lá fora que assim como no ano passado não era tão caloroso nem ensolarado, creio que também devo colocar uma jaqueta.

Já vestido, me sentei aos pés da cama para colocar os sapatos sociais e respirar fundo antes de ir para a próxima etapa daquela manhã. Não queria ter feito aquilo, mas ainda assim foi preciso acordar Hope que se levantou preguiçosamente no berço já estendendo os bracinhos a procura de colo.

Assim que ambos estávamos trocados e prontos, eu e minha filha descemos as escadas e tomamos o nosso breve café da manhã a tempo da campainha tocar indicando que haviam chegado.

Peguei a mochila da pequena, as chaves do carro e segui para a porta.

— Oi cara — Calum apenas solta um sorriso fraco e eu o respondo sem fazer muita expressão — ei, Hope... Feliz aniversário — ele também diz meio sem jeito apertando as bochechas da pequena que sorri — vamos, os outros estão esperando — volto minha atenção aos outros dois carros parados em frente a minha casa.

Sem responder nada eu sigo até a minha garagem e coloco Hope em seu devido lugar.

Seguimos para o nosso destino e antes mesmo de chegar lá, eu faço uma pequena parada na floricultura para comprar os lírios brancos que foram cuidadosamente colocados sobre o banco do passageiro, tomando minha atenção vez ou outra durante o restante do caminho.

Ao estacionar meu carro em frente ao cemitério, senti meu estômago se embrulhar.

Sem deixar que a ansiedade me mate de vez, eu peguei Hope no colo a apertando para mim sentindo sua segurança, ainda que eu é quem devesse passar isso a ela. Tomei o buquê em mãos e segui até o grande portão de ferro onde meus amigos me esperavam.

Ver as expressões tristes em seus rostos era como voltar para aquele dia.

Eu os cumprimento da melhor maneira que consigo e acabo ficando para traz observando enquanto eles adentram aquele local.

Durante o breve caminho eu só consigo pensar em que cada uma dessas centenas de lápides aqui, já foram o amor da vida de alguém um dia. É triste demais pensar que algum dia vamos perder alguém que amamos, mas é ainda mais triste quando de fato isso acontece.

Ao chegar no pequeno espaço de terra tão temido por mim, a sensação de ver seu nome gravado na pedra cinzenta ainda é estranha, mas ao mesmo tempo é mais real do que no ano passado.

"Chloe Cooper", escrito com todas as letras.

As lágrimas acabavam escorrendo, mas em nenhum momento alguém proferiu alguma palavra.

Eu ainda mantinha minha pequena presa em meu abraço e as flores sendo seguradas desengonçadamente no momento que todos decidiram sair.

Kaytlin e Crystal deixaram aos pés da lápide as flores que trouxeram e saíram acompanhadas de Ashton e Michael. Calum também deixou suas flores ali.

— Eu vou ficar mais um pouco, pode ficar com ela pra mim Cal? — eu pedi antes que saísse.

— Claro — entreguei Hope a ele.

Suspirei um pouco mais fundo e olhei para as flores que eu tinha em mãos.

Lírios brancos, as favoritas dela.

— Oi princesa — eu disse ao me ajoelhar no chão ao lado da lápide — demorei mas eu vim te visitar — olhei para o céu — o tempo está exatamente igual ao ano passado — voltei os olhos para baixo novamente — muitas coisas aconteceram depois que você se foi... Eu tive um quadro de depressão e fui morar na casa do Ash, quase me tornei alcoólatra até a minha mãe veio morar comigo por um tempo acredita?! — sorri ao me lembrar da companhia de Liz — Kay Kay e Ash se assumiram, Calum também arrumou uma namorada, eu sei, parece impossível, mas aconteceu. Ela se chama Lanna e é uma garota bem legal, acho que vão durar bastante, você iria gostar dela.

Eu falava enquanto segurava os lírios sentindo a textura das pétalas claras.

— Eu conheci uma garota a umas semanas atrás, ela foi uma grande amiga num momento eu que eu precisei, mas pra variar eu vacilei com ela. Com certeza você saberia o que fazer se ainda estivesse aqui — enxuguei uma lágrima — eu voltei para o estúdio e nós estamos começando um novo álbum. Tem uma música nele que é inteiramente dedicada a você mas ainda não está pronta — eu sorri — tenho saudade de mostrar meus rascunhos e cantar as minhas ideias pra você... Eu faço isso com Hope as vezes, ela não entende muito, sabe como é, mas curte me ouvir cantar pelo menos. Ela está crescendo cada vez mais rápido, tenho certeza de que se gabaria o tempo todo por ela se parecer mais com você do que comigo.

Eu rio me lembrando do seu jeito.

— Bom eu... tenho que ir agora, acho que já passei tempo demais por aqui. Acho que devo estar parecendo um maluco conversando com o "nada" — eu sorri fraco mais uma vez — vou te amar pra sempre Chloe, mesmo que não seja perceptível.

Coloquei com cuidado as flores sobre a grama e me levantei.

— E obrigada por tudo Chloe, você me ensina coisas sem nem mesmo estar aqui. Até algum dia desses.

Sequei as últimas lágrimas e segui o caminho até o portão do cemitério onde meus amigos me esperavam.

— Vamos pra casa, eu não quero mais ficar aqui — peguei Hope que estava com Calum e me despedi deles indo embora.

Dirigindo por entre as ruas movimentadas de Los Angeles, o trânsito me mantém focado, e por um momento eu até esqueço que hoje é um dia triste pra mim.

Passando pelo centro da cidade, no momento em que eu estava parado no sinal, eu olho para as vitrines das grandes lojas me distraindo com as roupas que denunciavam a chegada do inverno.

Mas de repente minha atenção se volta toda a uma garota que sai de uma das lojas e caminha até a rua de trás.

Madison.

Eu não a via a semanas, essa era minha chance de falar com ela, ou pelo menos tentar, uma última vez.

- Madison P. O. V. -

Chego até o estacionamento e logo sigo até onde eu havia parado meu carro. Antes que eu tivesse a chance de abrir a porta, um outro carro para ao meu lado.

E eu sei exatamente a quem ele pertence.

— Madison? — Luke me chama ao abaixar o vidro.

Ghost Of Past | LRHOnde histórias criam vida. Descubra agora