Ghost Of Past | LRH

Cap. 16

- Madison P. O. V. -

— Oi Luke.

— Eu quero muito conversar com você — ele pergunta baixo.

Eu seria hipócrita se dissesse que não pensei em negar uma conversa com ele mais uma vez. Mas depois que pensei que no dia que tudo aconteceu eu saí de lá tão furiosa que nem sequer o escutei, e que eu precisava deixá-lo falar.

— Olha Luke... Eu to no meu horário de almoço agora, posso passar na sua casa depois do trabalho?

— Claro, sem problemas.

— Te vejo mais tarde — entrei no meu carro saindo de lá.

Consegui passar em uma lanchonete e comer qualquer coisa que preenchesse o vazio que eu tinha no estômago rapidamente, indo passar na casa onde eu morava com Rick em seguida para buscar o resto das minhas coisas que tinham ficado por lá.

Sem muito contato visual e uma troca de poucas palavras, coloquei todas as malas que ele mesmo já havia deixado prontas dentro do carro e voltei para a boutique, onde terminei o dia sem peso nenhum, totalmente tranquila e em paz.

Me despedi das garotas enquanto fechava a loja e de lá parti para a casa de Luke sentindo toda a minha tranquilidade se tornando ansiedade aos poucos.

Dentre todos os meus problemas, eu já havia resolvido a maioria, mas Luke ainda fazia parte dos assuntos pendentes.

Eu acabaria na frente dessa porta tocando a campainha de qualquer forma.

Luke me atendeu com o olhar fundo mas ainda conseguindo esboçar um sorriso ao me ver.

— Pensei que não fosse vir — me cumprimenta com um abraço.

— Eu também pensei.

— Entra, eu e Hope estamos assistindo desenho.

Ainda um pouco hesitante eu entrei e me sentei na extremidade oposta a Luke no sofá da sala. O silêncio entre nós era constrangedor.

— Me desculpa — ele começou — por ter escondido de você que eu era da banda — Luke tinha seu olhar preso na televisão — não é como se eu tivesse vergonha de você ou qualquer coisa do tipo, eu só... Queria fazer uma amizade verdadeira, que me visse como eu realmente sou, antes de qualquer rótulo — ele se virou para mim — eu fui eu mesmo com você o tempo todo.

— Eu te entendo Luke, sei que não fez por mal. Na verdade eu também te devo desculpas por não ter te dado ouvidos e te ignorado.

Mais uma vez o silêncio constrangedor toma conta do ambiente fazendo companhia apenas ao som da televisão e ao barulho que Hope fazia com seus brinquedos no tapete.

— Então... Nós estamos bem? — ele pergunta com receio voltando a me olhar.

— É, estamos — eu sorri para ele pela primeira vez aquele dia e fiz sinal com as mãos para que ele viesse me abraçar.

— Senti sua falta — Luke diz contra o meu cabelo durante o abraço.

— Eu também, Lu — aperto ainda mais o loiro.

— A gente podia cozinhar alguma coisa, o que acha?

— Eu acho que posso ajudar, mas só com apoio moral, eu sou péssima na cozinha — nós rimos.

— Então somos dois — ele se levantou e estendeu a mão para que eu fizesse o mesmo — se ficar péssimo pedimos um delivery — eu sorri novamente e o acompanhei.

Depois de quase nos matarmos naquela cozinha, finalmente levamos a nossas batatas recheadas ao forno. Péssima escolha para quem não sabe cozinhar, mas até agora, parecia que ia dar certo. Ok, parecia bem mais fácil na internet, não vou mentir.

Limpamos toda a sujeira que fizemos, lavamos quantidade absurda de louças que sujamos para fazer um único prato simples e quando acabamos nossas batatas já estavam prontas.

Surpreendentemente o gosto estava tão bom quanto a aparência e isso nos rendeu um jantar bem animado.

— Eu não acredito que fiz isso, preciso mandar uma foto pros meninos agora. Ele sempre duvidaram desse meu talento.

— Nós fizemos isso — corrigi.

— Ok, eu também vou te dar crédito — demos risada.

Tudo estava tão agradável que mal vi o tempo passar. Depois do jantar Luke levou Hope para dormir e quando voltou nós começamos a beber algumas garrafas de cerveja.

Efeito disso ou não, aqui estávamos nós do lado de fora da casa, sentados no gramado enrolados em dois cobertores, sentindo o frio bater contra nossos rostos.

— Então... Como vai o Rick?

— Nós terminamos — dei de ombros.

— O que? Sério?

— Sim, não dava mais pra continuar, ele se tornou uma pessoa completamente diferente — toquei no arranhão que cicatrizava aos poucos no meu rosto me lembrando desse dia.

— Foi ele que fez isso com você, não foi? — eu suspirei me rendendo a contar.

— Não diretamente. Nós estávamos brigando e ele acabou me empurrando, eu esbarrei na mesa da cozinha e me desequilibrei caindo no chão e machuquei o rosto em uma cadeira.

— Ele empurrou você? — ele pergunta preocupado.

— Ele me ajudou a levantar depois, parecia arrependido, mas no momento em que fez parecia mais é que queria me machucar.

— Maddy, porque não me disse?

— Não queria trazer esse problema pra você. Esse relacionamento já ia acabar de qualquer forma.

Tomei mais um gole da minha garrafa e acompanhei Luke olhando o céu.

— Hoje foi o aniversário da Hope.

— Sério?! Por que não me... — comecei animada mas me lembrei do acontecimento que também fazia um ano nessa mesma data — ah... foi mal.

— Tá tudo bem — ele deu de ombros — sabe, eu chorei o dia todo enquanto olhava algumas fotos antigas. Mas depois eu só... Parei. Eu continuei olhando pra fotos e não derrubei nenhuma lágrima. Só conseguia sorrir — ele faz uma longa pausa antes de continuar — acha que eu esqueci ela?

— Luke, você não esqueceu ela, você só entendeu que sorrir para as boas lembranças, é bem melhor que chorar.

Luke me olhou curioso por um tempo e finalmente esboçou um sorriso verdadeiro.

— É... acho que eu finalmente fiz o que ela queria, segui em frente — ele sorria.

De totalmente depressivo o clima passou para totalmente animado nos levando a beber mais e mais.

— Eu to tão feliz por ter você de volta — Luke sorri pela milésima vez aquele dia, e sinceramente, eu não me importo nada em passar o dia assistindo a isso.

Mas ainda havia algo que eu precisava contar a ele.

— Eu vou embora.

— Ah Maddy, dorme aqui hoje...

— Não Luke... Eu vou embora de Los Angeles, na semana que vem.