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Após o término da aula, Uraraka se aproximou de mim com um sorriso animado, enquanto todos se levantavam para ir embora.
— Vamos comemorar o primeiro dia de aula com um suco, quer vir, Sakurai? — perguntou, cheia de energia. Todoroki, que estava um pouco afastado, logo se juntou ao nosso grupo, composto por ela, Midoriya e Iida.
— Você também, Todoroki! — Uraraka acrescentou, ainda mais empolgada.
Eu já sabia o que responder.
— Acho que minha mãe não gostaria que eu saísse, — murmurei, observando o entusiasmo de Uraraka murchar um pouco. Não era a mais pura verdade, mas o cansaço acumulado do dia parecia pesar mais. — Além disso, prometi ao meu irmão que chegaria cedo, — acrescentei, tentando soar mais convincente.
— Prometo que vai ser rapidinho, não podemos deixar o primeiro dia passar em branco! — Uraraka insistiu, e seu olhar suplicante fez com que eu hesitasse. Olhei para Midoriya e Iida, que também pareciam animados com a ideia. Midoriya sorriu gentilmente, e Iida acenou com aprovação, o que me fez sentir uma pontada de culpa.
— Tudo bem, mas só um pouquinho — cedi finalmente, e Uraraka deu um pulinho animada.
Enquanto os três se adiantaram, fiquei para trás com Todoroki, que mantinha seu jeito calmo e um tanto distante.
— Você não vem, Todo? — perguntei, já esperando sua resposta.
Ele balançou a cabeça levemente. — Não, desta vez passo. Aproveite. — Antes de sair, afagou meu cabelo de um jeito surpreendentemente gentil e seguiu seu caminho.
Suspirei, observando sua figura desaparecer no corredor. Todoroki tinha uma habilidade estranha de estar presente e distante ao mesmo tempo. Apertei o passo para alcançar Uraraka, Midoriya e Iida, que me aguardavam mais à frente. Uraraka imediatamente engatou seu braço no meu, tagarelando animadamente sobre o que esperava treinar nos próximos dias. Midoriya e Iida mergulharam em uma conversa sobre a individualidade de Iida e seu irmão mais velho. Enquanto caminhávamos, comecei a me sentir, de certa forma, parte de algo. Era reconfortante, uma sensação que eu não experimentava há muito tempo.
Próximo à escola havia um café que alguns veteranos haviam recomendado. Quando chegamos lá, fomos recebidos pelo cheiro adocicado de café moído e uma atmosfera aconchegante. Sentamos em uma das mesas maiores ao fundo, e logo alguém veio nos atender.
— Vou pedir depois, preciso ir ao banheiro primeiro — avisei, levantando-me da mesa. A exaustão estava começando a me pegar de jeito. O uso excessivo da minha individualidade durante as aulas havia me deixado no limite. No banheiro, lavei o rosto, as mãos e até os braços, tentando dissipar o cansaço. Molhei a nuca com água fria na esperança de aliviar a tontura que começava a se apoderar de mim.
Ao sair do banheiro, ainda um pouco tonta, colidi de frente com alguém que vinha em minha direção a toda velocidade. A pancada foi rápida e seguida por uma sensação quente e líquida se espalhando pelo meu braço.
— Mas que merd... — a voz de Bakugo morreu no meio da frase quando ele percebeu que havia esbarrado em mim. Instintivamente, ativei minha individualidade para evitar a queimadura, mas o esforço adicional quase me derrubou. Minhas pernas fraquejaram, e Bakugo, num gesto rápido, segurou meus ombros para evitar que eu caísse.
— Tá cega, por acaso? — ele resmungou, mas seu tom parecia menos afiado do que o de costume. Ele me observava com uma mistura de irritação e algo mais próximo de preocupação.
— Você que me atropelou feito um touro — murmurei, exausta demais para brigar com ele. Meu tom saiu cansado, quase brincalhão.
— Ogro, touro... o que vai ser na próxima? — provocou, mas percebi que ele estava me analisando mais de perto. — Vamos limpar isso aí antes que manche tudo — ele disse, apontando para meu casaco encharcado de café.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romance"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...