Capítulo 7 - Desafio

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Deixei a água gelada do chuveiro escorrer pelos meus ombros, tentando esfriar meus pensamentos. Na solidão do banheiro, não precisava manter a fachada de irritação constante. Era libertador. Minhas preocupações, como a água, escorriam pelo ralo.

Nos dias que se seguiram ao incidente da queda, não consegui tirar Haru da cabeça. Era como se houvesse algo dentro de mim, um parasita incômodo, que me forçava a buscá-la com o olhar a cada momento. O irritante era que, apesar de tudo, eu não conseguia encontrar nada de especial nela. Uma Extra como qualquer outra. Ela era fraca, sua técnica era risível, e sua individualidade não era ofensiva o suficiente para sequer sonhar em me superar. Não importava o quanto treinasse, jamais chegaria aos meus pés.

Mas, por algum motivo, eu não conseguia ignorá-la como fazia com os outros. Ela me deixava irritado o tempo todo, mas não de uma forma fácil de descartar. Quando a vi em queda livre, caindo pela cratera do prédio, algo dentro de mim se moveu antes mesmo que eu pudesse pensar. Meus músculos se contraíram, agindo por conta própria, e antes que percebesse, estava lá, segurando-a. Dizem que todos os grandes heróis têm um momento desses em suas vidas, mas eu sempre achei que estivesse acima disso. Para mim, salvar era apenas uma tarefa secundária, algo que vinha junto com o trabalho. O que eu realmente ansiava eram as lutas, o confronto direto.

No entanto, naquele momento, salvando Haru, foi como se uma chama acendesse dentro de mim, queimando todas as minhas convicções anteriores sobre o que era ser um herói. me deixou refletindo por dias.

Eu sabia que seria o número um, nunca tive dúvidas disso. Mas, agora, mais do que nunca, sabia o que precisava fazer para chegar lá.

Naquela noite, iríamos à casa de Kirishima para fazer um trabalho em grupo. Eu havia insistido em enviar minha parte por e-mail, mas, claro, eles não deixaram isso acontecer. Depois de muito insistirem, acabei cedendo, embora, por dentro, cogitasse furar com eles até o último minuto.

Quando cheguei ao portão da casa de Kirishima, meti o dedo no interfone várias vezes, tocando insistentemente até ele aparecer, visivelmente incomodado.

— Pô, cara, todo mundo levou um susto! Pra quê fazer isso? — reclamou Kirishima, destrancando o portão para que eu entrasse. Pela expressão dele, percebi que provavelmente era o último a chegar.

Segui direto para dentro, como já era costume. Subi as escadas e entrei no quarto. Lá estavam Kaminari, Mina e... Haru? O que ela estava fazendo ali? Aquilo era incomum, e minha irritação só aumentou.

— Vamos logo com isso — disse sem paciência, me jogando no chão ao redor da pilha de livros e cadernos empilhados na mesa. Não ia demonstrar interesse no fato de Haru estar ali, embora minha mente não parasse de questionar sua presença.

— Você viu que Haru fez grupo com a gente hoje? — Mina perguntou, pendurando-se em meu braço, insuportável como sempre, como se ela soubesse exatamente o que eu estava pensando.

— Hm — resmunguei, fingindo folhear o livro de história, sem levantar o olhar. Mas, pela visão periférica, observei Haru conversando animadamente com Kaminari.

— A gente podia adotar a Haruzinha pro grupo! — disse Kirishima, entrando no quarto e se juntando à roda. "Haruzinha?" Desde quando eles ficaram tão próximos assim?

— Agradeço o convite, mas vai ser só dessa vez. Como eram grupos de cinco, o nosso não fechava, estávamos em seis, e eu me voluntariei para sair — Haru explicou, com um sorriso no rosto.

— Uma rosa irritante já basta no grupo — murmurei baixinho, e todos viraram para mim. Mina soltou uma risada e se pendurou no meu braço de novo.

— Bakugo! Você é muito chato — reclamou Mina, com aquela voz irritante. Dispensei-a com um empurrão, mas ela parecia gostar dessas ofensas, o que me deixava ainda mais impaciente.

Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora