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— Haru... — a voz de Bakugo foi o suficiente para me trazer de volta à realidade. Meu coração bateu forte, e, sem pensar, minhas pernas começaram a se mover rápido demais para que eu pudesse controlar. Eu só queria fugir. Fugir de tudo. Desaparecer.
O vento salgado chicoteava meu rosto enquanto eu corria sem destino, desviando entre os guarda-sóis e os banhistas distraídos. Minhas lágrimas se misturavam com o cheiro forte do mar, e minha visão estava embaçada, turva. Não sabia para onde estava indo, mas não importava. Eu só queria estar longe, o mais longe possível daquele beijo que eu não deveria ter visto.
Sentia o peito apertado, o ar queimando nos pulmões, mas não parava de correr. Até que o mundo à minha volta desmoronou.
Foi quando meu corpo colidiu com as ondas. Um baque brusco, e meus pés escorregaram na areia molhada. A água gelada me envolveu e, antes que eu percebesse, fui puxada pela maré. Senti o peso das ondas empurrando meu corpo para baixo, a força implacável do mar tomando conta de mim. Meus braços e pernas lutavam inutilmente contra a correnteza.
Meu grito foi abafado pela água salgada, que invadiu minha boca e garganta, queimando com cada gole. O mundo parecia girar sem controle. Minhas pernas já não tinham força, meus pensamentos se misturavam em uma confusão de dor e medo. E então, de repente, me choquei contra algo que queimava.
A dor era alucinante, cortando meu peito e braços como uma lâmina quente. Em meio ao pânico, minha cabeça finalmente emergiu da água, e eu suguei o ar com desespero, tossindo violentamente.
Foi quando vi os olhos de Todoroki. Estavam arregalados, cheios de preocupação. Ele gritava algo, mas tudo parecia distante, como se houvesse uma barreira entre nós. Eu mal conseguia me concentrar nas palavras dele; a dor era demais. Meu corpo ainda queimava, uma dor intensa e pulsante. Quando olhei para minha pele debaixo da água, entendi o que havia acontecido.
Manchas escarlates cobriam meus braços e peito, vibrando de dor. Eu tinha sido queimada. O lado de fogo de Todoroki, ainda ativo enquanto ele aquecia a água para os outros.
— Haru! — ele gritou novamente, finalmente conseguindo me alcançar. Com esforço, Todoroki me arrastou para fora da água, seus braços me segurando com o maior cuidado que conseguia, mas cada toque parecia piorar a ardência.
Minhas lágrimas voltaram a escorrer, misturando-se com a dor física e o turbilhão emocional. Bakugo. A imagem dele e Mina... me machucava ainda mais do que o calor que marcava minha pele.
Vultos começaram a se formar ao meu redor. Gritos de preocupação ecoavam à distância, mas tudo era um zumbido constante na minha cabeça, um ruído que não fazia sentido.
— Haru, por favor — a voz de Todoroki estava mais próxima agora. Senti seus braços me segurarem mais firme enquanto ele me carregava para fora da água. — Ativa sua individualidade, você precisa se curar! — sua voz estava aflita, algo que nunca ouvi antes.
Tentei. Com todas as minhas forças, tentei me concentrar, focar além da dor, além das lembranças que me atormentavam, mas... nada. Não conseguia ativar minha cura.
— Ela se queimou muito — Uraraka apareceu ao nosso lado, despejando água fria sobre meu peito e braços. O alívio foi imediato, mas temporário, apenas uma breve pausa na dor constante.
— Por que a individualidade dela não está funcionando? — Uraraka gritou, a voz trêmula de desespero. Mais água foi jogada sobre mim, mas nada parecia ser suficiente.
— Ela já teve bloqueios antes... quando era criança — Todoroki explicou, a voz embargada enquanto checava o restante dos meus ferimentos. — Haru, você precisa se curar. Por favor, só um pouquinho... — ele implorou, o que me fez perceber o quão sério era.
Fechei os olhos, respirando fundo. Concentrei tudo o que restava de mim naquele pequeno fio de energia. E, finalmente, senti algo. Uma leve onda de calor familiar começou a fluir de minhas mãos. Abri os olhos a tempo de ver minha aura esmeralda se formar e dançar sobre as queimaduras. Era pouco, mas consegui curar a área mais afetada no peito, aliviando parte da dor.
Quando finalmente recuperei parte da consciência, Todoroki e Uraraka me olhavam, o alívio estampado em seus rostos.
— Desculpa... — sussurrei, a voz fraca e vacilante.
— Não é sua culpa — Todoroki respondeu imediatamente, sacudindo a cabeça com determinação. — Eu que deveria ter visto você sendo arrastada pela correnteza. Esquentar a água foi um erro enorme. Me perdoa, Haru.
— Está tudo bem... — murmurei, forçando um sorriso, mas a verdade era que nada estava bem. Não por causa do acidente, mas por causa de tudo que estava acontecendo dentro de mim.
Enquanto eles me observavam, o peso da verdade começou a me esmagar novamente. Minhas queimaduras estavam cicatrizando, mas a dor emocional ainda me consumia. A imagem de Bakugo e Mina não saía da minha cabeça, como um filme repetido que eu não podia desligar.
— Haru, você está bem? — Todoroki perguntou de novo, sua voz suave, quase um sussurro.
— Eu... não sei — confessei, sentindo a verdade me sufocar. — Está tudo confuso.
— Vamos apenas relaxar um pouco, tá? Fique aqui até se sentir melhor — ele disse, sua voz suave e seu olhar gentil me acalmando, ainda que apenas superficialmente.
Uraraka começou a despejar mais água nas queimaduras, e senti um alívio momentâneo à medida que a dor diminuía.
— Se precisar de qualquer coisa, estou aqui — murmurou Todoroki, sua voz baixa, quase como um segredo. Seus dedos afagaram meu cabelo, e, naquele toque gentil, senti uma súbita vontade de chorar novamente.
— Uraraka, pode nos deixar a sós por um momento? Acho que os outros devem estar preocupados. Avise que a Haru está melhor. Só precisamos conversar um pouco — pediu Todoroki, com aquele tom calmo e controlado que ele sempre tinha. Uraraka hesitou, mas assentiu, deixando o balde de água ao nosso lado e se afastando.
— Quer me contar o que aconteceu? — perguntou ele, sua voz baixa e cheia de compreensão. A pergunta era simples, mas o que ele pedia era impossível. Era humilhante demais. Talvez eu nem soubesse exatamente o que estava sentindo, mas o nó no meu peito dizia tudo.
— Não precisa me dizer o motivo. Só... me conte o que aconteceu antes. Podemos descobrir juntos — sugeriu ele, tentando me guiar.
— Katsuki... — sussurrei, a voz trêmula enquanto engolia mais uma onda de lágrimas que ameaçava transbordar. — Eu vi ele... e a Mina... se beijando.
Todoroki assentiu, mas seu olhar mostrava que ele ainda não compreendia completamente. Ele ficou em silêncio, esperando que eu continuasse.
Respirei fundo, buscando palavras que pareciam se esconder de mim. Palavras que, quando ditas em voz alta, me condenariam para sempre.
— Acho que... acho que gosto muito dele — as palavras saíram num fio de voz, quase um segredo. — Acho que gosto muito do Bakugo Katsuki.
Finalmente, dizer aquelas palavras em voz alta foi como soltar um peso esmagador que me prendia. E naquele momento minha cura fluiu com mais força, uma cascata esmeralda de energia lavando minhas queimaduras e aliviando a dor.
— O que você disse? — Todoroki pareceu surpreso, seus olhos arregalados.
— Eu estou apaixonada pelo Katsuki
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romance"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...