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O tempo esquentava cada vez mais, o ar pesado de verão começava a tomar o ambiente e, junto com isso, a pressão dos treinos e das provas iminentes. Naquele dia, eu estava na biblioteca, onde as janelas altas permitiam que eu visse o vento forte levando embora as últimas flores da primavera. O mundo lá fora parecia em constante movimento, mas aqui dentro, minha mente estava presa em um único momento: o olhar de Bakugo depois daquele beijo na bochecha.
A cena se repetia incessantemente na minha cabeça. Bakugo, o cara que nunca demonstrava fraqueza, que enfrentava tudo de frente, estava atônito. Seus olhos, que geralmente queimavam com raiva ou determinação, tinham se ampliado por um breve instante. Ele ficou sem reação, o que era, por si só, desconcertante. Desde então, as coisas mudaram entre nós. No dia seguinte, ele desapareceu do trem. Sempre que nos cruzávamos pelos corredores ou nos treinos, ele dava um jeito de sair rapidamente, desviando como se estivesse fugindo de mim. Por um tempo, pensei que ele estivesse chateado por eu tê-lo considerado o mais irritante naquela brincadeira, mas isso não fazia sentido. Bakugo não se importava com o que os outros pensavam dele. Pelo menos, eu achava que não.
O silêncio entre nós se tornou rotina. A ausência das suas provocações era estranha. E, quando Aizawa nos deu a liberdade de escolher nossos pares para o treino, suspirei aliviada. Eu não teria que enfrentar Bakugo novamente, pelo menos por um tempo. Todoroki, com sua usual calma, foi o primeiro a se oferecer para ser minha dupla.
Treinar com Todoroki era como estar em um campo de batalha silencioso. Ele se movia com uma graça letal, cada passo era medido, cada movimento calculado. Enquanto eu mal conseguia acompanhar seu ritmo, ofegante, me esforçando para não ser derrubada. Mas, de certa forma, aquilo era um alívio. Nos últimos treinos com Bakugo, eu só ouvia sua voz gritando, suas explosões ecoando pelo campo. O silêncio de Todoroki era como um descanso necessário, mesmo que meu corpo estivesse à beira da exaustão.
Isso, claro, não impedia que os gritos de Bakugo ainda ecoassem no ginásio. Mesmo treinando do outro lado, sua voz cortava o ambiente. Eu podia ouvir ele gritar com Kirishima, com aquele tom impaciente de sempre, mas havia algo diferente agora. Era como se Bakugo estivesse descontando uma raiva que nem ele sabia de onde vinha. Era difícil assistir Kirishima, sempre tão otimista, aguentar a agressividade de Bakugo sem perder o sorriso.
— Você vai acabar matando ele se continuar assim — murmurei para Todoroki enquanto nos preparamos para mais um ataque.
— Ele parece... mais irritado do que o normal — Todoroki respondeu, seu olhar distante, mas atento ao comportamento de Bakugo.
Eu não podia deixar de concordar. Algo estava diferente nele e seja lá o que quer que fosse, eu sentia que aquilo estava afetando a todos ao redor. Kirishima, que geralmente conseguia lidar com o temperamento explosivo de Bakugo, agora parecia estar sendo esmagado pela pressão.
Quando o treino terminou, eu estava ensopada de suor, com os músculos exaustos e a mente mais pesada do que quando comecei. Olhei para o outro lado do ginásio, onde Bakugo ainda estava discutindo com Kirishima. Por mais que ele tentasse se esconder atrás de sua raiva e agressividade, eu sabia que havia algo mais ali. E, por algum motivo, isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.
— Bom trabalho hoje — Todoroki disse, me trazendo de volta à realidade enquanto guardávamos nossos equipamentos.
— É, você também — respondi, ainda olhando de canto para Bakugo.
Todoroki seguiu seu caminho, e eu fiquei para trás, sentindo o peso da situação me puxar de volta. Eu tinha que fazer alguma coisa.
Depois do treino, fiquei no ginásio por mais alguns minutos, observando enquanto todos se dispersavam. Bakugo ainda estava lá, pegando seu equipamento com um semblante fechado, mas com aquela energia explosiva ainda presente. Ele não gritou mais com Kirishima, o que era um alívio para o pobre garoto, que aproveitou a oportunidade para sair rapidamente.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romance"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...