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O ambiente ao meu redor estava calmo, um silêncio acolhedor preenchia o quarto. Quando abri os olhos, o branco das paredes e o cheiro estéril de desinfetante me fizeram perceber que estava em um hospital. Várias lembranças surgiam em pedaços desconexos na minha mente, como se tentassem se reorganizar sem pressa.
Por algum motivo, hospitais sempre me faziam lembrar do meu pai. Subitamente, a imagem de um homem de jaleco branco, óculos e cabelos rosados surgiu na minha mente. Ele tinha um sorriso gentil e uma aura verde, igual à minha, enquanto curava meu joelho ralado. Essa lembrança foi como um bálsamo, mas logo se dissolveu.
Olhei para o lado e vi outro rosto que reconheci.
Bakugo estava ali, na cadeira ao lado da minha cama, com os braços cruzados e o queixo levemente caído, visivelmente adormecido. O contraste entre o sono tranquilo dele e o rosto constantemente irritado e feroz que eu lembrava era... reconfortante. Eu me peguei observando cada detalhe, como se aquela visão pudesse preencher o vazio na minha memória. Seus cabelos loiros espetados estavam um pouco bagunçados, e sua pele parecia uma estátua de mármore grego. O desejo de tocar sua bochecha com a ponta dos dedos surgiu, mas me contive.
Eu ainda não sabia exatamente qual era a nossa relação, mas ele me fazia sentir como se estivesse flutuando, e parte de mim queria que ele confessasse que éramos mais do que amigos. Mas tudo o que ele fazia era me chamar de irritante.
A porta do quarto abriu-se lentamente, e minha mãe e meu irmão entraram. Reconheci os dois no mesmo instante. Eles traziam expressões tensas, que suavizaram ao me ver desperta. Yukio foi o primeiro a se aproximar, me chamando pelo apelido de família, com os olhos brilhando de alívio.
— Umi! Você acordou! — Ele saltou para um abraço com toda a energia de um garotinho de 12 anos e me apertou dolorosamente. Mas era reconfortante. Senti como se estivesse segurando meu mundo inteiro nos braços. Soube na hora que meu irmão era a pessoa mais importante para mim e que nenhuma individualidade poderia apagar esse sentimento.
Minha mãe sorriu e se juntou a nós. O canto de seus olhos marejados carregava uma centena de memórias de preocupações e despedidas. Estranhamente, todas essas lembranças tinham um sabor amargo, como se sempre terminassem em castigos e restrições, proibindo-me de sair ou ver meus amigos. Fiquei feliz por ela estar ali, mas não pude ignorar o desconforto que essas memórias traziam.
— Querida, que bom que você está bem — disse ela, ajeitando meu cabelo com cuidado.
Enquanto eu absorvia a preocupação nos olhos dela, Bakugo se mexeu ao meu lado e acordou. Ele piscou algumas vezes, confuso, e ao perceber que eu estava acordada e acompanhada, sua expressão endureceu novamente.
— Você está melhor? — ele perguntou, a voz baixa e rouca.
Assenti, ainda tentando assimilar tudo o que havia acontecido. Bakugo logo se despediu, provavelmente para evitar um confronto com minha mãe, mas ela o agradeceu por ter ficado comigo. Ele trocou um breve olhar com meu irmão, que parecia reconhecê-lo, antes de sair do quarto com as mãos nos bolsos.
— Me surpreendi quando me disseram que Todoroki não estava com você — minha mãe comentou assim que Bakugo saiu. — Não que eu não esteja grata a esse tal de Bakugo, mas ele pareceu um pouco... diferente. Shoto sempre cuidou bem de você.
— É, vocês são bem grudados. O que houve? — Yukio perguntou, curioso.
Levei alguns instantes para entender que estavam falando de Todoroki, o garoto com o cabelo meio a meio que eu havia encontrado antes. Por que eu o teria esquecido, se ele era tão importante para mim?
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romantizm"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...