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Era difícil me concentrar com as frequentes explosões de raiva de Bakugo e suas súbitas mudanças de humor. Nós sequer mencionamos o que havia acontecido no ginásio, e ele apenas voltou ao seu estado anterior, me ignorando e evitando a todo custo.
Eu não conseguia entender como eu poderia ser um peso tão grande para alguém, como minha simples presença poderia atrapalhar tanto. Mesmo que ele dissesse todas aquelas coisas cruéis e confusas sobre sentir minha falta, mas também sobre eu atrapalhá-lo, ele continuava saindo com os amigos. Estava sempre cercado por Kirishima, Kaminari e Sero, e volta e meia estava com Mina a tiracolo, pendurando-se nos ombros dele e ficando perto demais.
Como, entre todas as pessoas ao redor dele, eu era a única que podia atrapalhar?
Kirishima começou a agir de forma estranha nos últimos dias. Ele tentava incessantemente me incluir no grupo de trabalhos deles ou oferecia para que eu sentasse com eles no almoço. Toda vez, Bakugo o fulminava com um olhar furioso.
Quando finalmente chegou a sexta-feira, tudo o que eu conseguia pensar era no alívio de não precisar ver — ou ouvir — Bakugo por dois dias inteiros. Me debrucei sobre a tarefa de matemática inacabada em minha mesa e imaginei o que eu poderia fazer no fim de semana.
— Haru, você está bem? — Deku me perguntou da mesa ao lado.
— Uhum... — murmurei em tom afirmativo, sem levantar a cabeça. — Só entediada...
— A gente podia fazer algo no fim de semana, né? — Kirishima sugeriu animado do outro lado da sala.
Logo, todos se desconcentraram dos exercícios de matemática e começaram a conversar sobre o que poderíamos fazer juntos no fim de semana. Ainda bem que o Aizawa havia saído da sala, ou ele ficaria uma fera com tanta conversa paralela.
Iida, eleito representante da turma, começou a nos repreender para que focássemos na tarefa de matemática, mas logo alguém o convenceu de que fazer um programa juntos no fim de semana seria bom para promover a união da turma. Iida ponderou por alguns instantes, mas acabou cedendo à ideia.
Alguns queriam acampar, outros sugeriram trilhas, ir ao lago, ao shopping, ao parque... Surgiram tantas sugestões que a turma ficou dividida, e aquilo estava prestes a virar uma discussão.
Minha cabeça doía com tanto barulho. Joguei o casaco sobre a cabeça e, em algum momento no meio daquela discussão, adormeci.
— Você vai, né, Haru? — ouvi a voz de Uraraka e senti algo cutucar meu braço. Me forcei a abrir os olhos, pesados de sono. A sala já estava muito mais silenciosa, com todos de pé, prontos para ir embora com suas mochilas.
Droga, o que eu perdi?
— Você vai com a gente pra praia amanhã né? — Uraraka perguntou novamente, seus olhos brilhando de entusiasmo. Em algum momento da minha soneca parece que a turma entrou em concordância e decidiram ir à praia.
— Ah, eu já tinha marcado com o Todo...— respondi procurando o garoto com o olhar, mas ele não estava mais na sala.
— Mas ele também é da turma! Vocês dois vão! — Mina exclamou se aproximando animada. — Claro, se vocês não se importarem de cancelar o encontro — completou com uma risadinha.
— Não, não é um encontro... — contestei, mas gaguejei mais do que gostaria. A ideia de Todoroki como par romântico era constrangedora demais. Escutei alguém soltar um riso seco atrás de mim, quando me viro, para minha surpresa, Bakugo ainda estava lá.
Acordei cedo no sábado, apesar de ser fim de semana. A ansiedade me impedia de dormir mais um pouco. Peguei meu celular para checar as mensagens; já havia uma enxurrada de notificações no grupo da turma. Estavam organizando os detalhes da ida à praia: transporte, o que levar, quem traria o quê. O entusiasmo deles era palpável, mesmo por mensagem.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romantizm"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...