Capítulo 10 - Ciúmes

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"Então... por favor... deixa eu me tornar sua força..."

A voz dela ecoava na minha cabeça como um zumbido irritante que eu não conseguia silenciar. Não importava o quanto eu tentasse afastar aquela lembrança, ela voltava. Ela sempre voltava. Era insuportável. Cada vez que Haru se aproximava, sentia como se meu corpo estivesse prestes a explodir, como se a pressão de algo desconhecido estivesse aumentando dentro de mim.

Aquela extra. Ela não tinha a menor noção do que estava fazendo.

Eu precisava de foco. Mais treino, mais estudo, menos distração. Mas todas as vezes que tentava me concentrar, minha mente fazia questão de me sabotar, trazendo de volta flashes da Haru. O beijo do desafio, a ligação dela para o Todoroki, nós dois trancados no ginásio, e, claro, aquela cena dela caindo da cratera no prédio. Cada detalhe começava a orbitar ao meu redor de uma maneira infernal e insistente. Não importava o que eu fizesse, ela estava lá.

Isso me irritava. Me atrapalhava.

Os dias continuaram como antes. Eu mantive a distância. Era a única forma de lidar com ela. Não importava se Haru ficava fazendo aqueles discursos motivacionais sobre "ser minha força" ou tentando de algum jeito me ajudar. Ela era uma distração. Só isso.

— Todoo, olha minha nota em inglês! — Haru cruzou a sala saltitando e gritando na hora do intervalo — Obrigada, obrigada, obrigada! — ela disse, se jogando para abraçar Todoroki.

Eu observei, sem querer, o quanto eles estavam próximos. Era algo que eu sempre notara, mas agora, cada vez mais, parecia pior. Era insuportável. Eu senti meus punhos se fecharem, a raiva borbulhando por dentro.

— Ei, Bakugo! — Kirishima chamou, interrompendo meu fluxo de pensamentos. Ele apareceu com aquele sorriso de sempre. — Tá quieto hoje, cara. Tá tudo bem?

— Não enche o saco — respondi, cortante. Ele seguiu meu olhar até Haru.

— Ahhh, entendi — disse, animado, me cutucando com o cotovelo.

— Já falei pra não encher — repeti, dando as costas e saindo. Kirishima, como o bom cachorrinho que era, me seguiu.

— Bro, eu te apoio — ele colocou a mão no meu ombro. A paciência já estava por um fio, e eu só precisei encarar aquele cabelo de merda pra ele entender o recado e tirar a mão.

— Foi mal... foi mal... — disse ele, antes de soltar mais uma de suas pérolas. — Só acho que você devia conversar com ela.

— Eu não sei que merda você tá falando — grunhi, tentando encerrar o assunto.

— Sobre a Haruzinha, pô, tá caidinho por ela né — o sorriso do garoto foi morrendo no meio da frase ao ver minha expressão de desgosto.

No mesmo instante vimos Haru e Todoroki cruzando o outro lado do pátio, também em direção ao refeitório. Senti as faíscas começarem a se acumular nos meus pulsos, meu peito apertando de uma maneira que eu odiava.

— Perdi a fome — declarei, dando meia volta.

— Ohh, entendi — Kirishima realmente não parava de entender coisas naquela manhã, eu estava pronto pra explodir a cara dele a próxima vez que entendesse mais alguma coisa. — É ciúmes!

Antes que ele pudesse sequer terminar a frase, voei pra cima dele e o empurrei contra a parede.

— Eu. Não. Tô. Com. Ciúmes. — falei entre dentes, minha voz carregada de ódio.

Bakugo Katsuki, com ciúmes? Ridículo. Eu jamais seria tão patético.

— Olha, mano, não tô dizendo que é vergonha admitir que você sente alguma coisa por ela... — ele continuou, mesmo com o cheiro de pólvora no ar. — Mas já vi como você olha pra Haru, parece que vai explodir a qualquer minuto.

Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou KatsukiOnde histórias criam vida. Descubra agora