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Minha mente estava a quilômetros de distância da aula de matemática. Eu tentava me concentrar na lousa e nas equações que a professora escrevia, mas era impossível. Tudo que eu enxergava era a sombra de Bakugo, na cadeira logo atrás de mim. Eu conseguia sentir sua presença, como se fosse uma chama constante, quase ardendo nas minhas costas. Toda vez que ele se mexia, o som mínimo da sua cadeira, o modo como inclinava a cabeça para anotar algo... tudo parecia amplificado.
Minha mente insistia em voltar à noite anterior, ao momento exato em que Yukio interrompeu o que parecia ser um segundo do beijo. Bakugo estava tão próximo... Eu sentia seu hálito roçar meu rosto, seu olhar fixo no meu, quase me incendiando por dentro. Só de lembrar, meu coração acelerava. E se Yukio não tivesse aparecido? Ele teria me beijado? Era o que eu queria... ou deveria querer? Algo no meu peito se apertava com essas perguntas, mas eu não conseguia evitar.
Um pedaço de papel deslizou pela minha mesa, interrompendo o turbilhão de pensamentos. Olhei discretamente ao redor antes de pegar o bilhete. Ao abri-lo, me surpreendi: a letra de Bakugo era inesperadamente bonita, como se ele tivesse gasto um tempo extra para formar cada traço.
"Treino atrás do ginásio, depois da aula?"
Meu rosto esquentou, e um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Eu tentava manter a expressão neutra, mas meus dedos tremiam de leve ao pegar minha caneta verde-esmeralda, uma cor que ele já me viu usar várias vezes, e que agora me parecia perfeita para responder.
"Te vejo lá."
Dobrei o bilhete com cuidado e o passei de volta, tomando cuidado para não atrair a atenção da professora ou dos colegas. Quando ele pegou o papel de volta, meu coração disparou. Eu ficava imaginando o que ele estaria pensando naquele momento... Será que ele estava tão ansioso quanto eu? E o que exatamente ele queria dizer com "treino"? Porque, sinceramente, a última coisa que me passava pela cabeça quando eu pensava em nós dois atrás do ginásio era em praticar golpes ou exercícios.
O tempo se arrastou. Cada minuto parecia uma eternidade. Eu contava os segundos, cada um deles pulsando de expectativa e nervosismo. Queria me convencer de que só íamos treinar, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim desejava, quase desesperadamente, por algo mais.
Quando finalmente saí da aula, quase correndo em direção ao ginásio, encontrei Uraraka, que me abordou com um sorriso gentil.
— Haru! — ela chamou, me tirando dos devaneios. — Posso pegar suas anotações de matemática emprestadas? Eu... não consegui entender nada hoje.
Engoli em seco, tentando disfarçar o constrangimento. Eu não tinha uma única anotação para emprestar. Minha mente estava ocupada demais.
— Ah... Uraraka, eu... na verdade, não anotei nada também — murmurei, desviando o olhar.
Ela assentiu, mas antes que pudesse responder, vi uma figura loira passar rapidamente pelo corredor. Era Bakugo, com aquele passo determinado, em direção aos fundos do ginásio. Senti um arrepio e um impulso imediato de segui-lo, mas então vi Mina Ashido caminhando para o mesmo corredor, com uma expressão que fez meu estômago afundar. Um alarme silencioso tocou em minha mente.
— Uraraka, preciso... preciso ir ao banheiro! — inventei. — A gente se fala depois, tá?
Ela assentiu, e eu me desvencilhei o mais rápido possível, seguindo em direção aos fundos do ginásio. Meu coração batia rápido, e eu sentia a expectativa misturada com um toque de apreensão. Não podia deixar que Mina descobrisse o nosso encontro secreto, ou todos descobririam.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romance"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...