Tempo estimado de leitura: 8 minutos, 1858 palavras
Com o passar dos dias, treinei cada vez mais depois do final das aulas. Yukio não conseguia me perdoar por eu escolher treinar sozinha no ginásio da escola invés de treinar em casa com ele.
— Não é justo, Umi... — contestou ele, com um tom manhoso que só ele sabia usar, o apelido que costumava me chamar quando ainda era apenas uma criança. Seus grandes olhos esmeralda, idênticos aos meus, brilhavam com lágrimas prestes a se formar.
— Eu preciso ficar forte. Para isso, preciso treinar — expliquei, colocando as mãos em seus ombros e me abaixando até alcançar a altura dos seus olhos, tentando transmitir o máximo de carinho possível.
— Você prometeu... — ele choramingou, esfregando o rosto com o punho da camiseta para limpar as lágrimas.
— E eu também prometi me tornar uma heroína incrível e forte, mas, para isso, preciso treinar, Yu — afaguei seu cabelo, e ele se agarrou ao meu braço, como se não quisesse me soltar.
— Mas pode treinar aqui comigo! — insistiu, sua determinação inabalável.
— Na escola, o campo de treinamento me ajuda a melhorar muito mais rápido. Você é ótimo como parceiro, mas, por enquanto, preciso de um foco maior, ok? No final de semana, prometo que te ensino um golpe novo, o que acha? — tentei animá-lo, e, ao ver seu semblante se iluminar, respirei aliviada. Yukio era fácil de agradar. Despedi-me com um abraço rápido, deixando-o na soleira da porta, segurando a lancheira e com os sapatos de ir para a escola desamarrados.
Era difícil quebrar uma promessa para Yukio, mas eu precisava disso. Se Bakugo estava disposto a cortar os laços com todos, inclusive comigo, para não se distrair, eu também podia fazer alguns sacrifícios para me dedicar mais.
A frase dele ecoou de novo na minha mente: "Você me atrapalha".
O dia passou voando entre aulas teóricas e revisões para a semana de provas, sem espaço para treinos. Minhas costas começaram a doer depois de tanto tempo sentada. Quando as aulas finalmente terminaram, ouvi Uraraka me chamando para ir ao café, mas recusei educadamente. A vontade de treinar era maior.
Recolhi meus cadernos da mesa e saí correndo para o ginásio. Após as aulas, muitos alunos usavam o espaço para treinos extras; naquele dia, havia cerca de sete ou oito alunos, espalhados em diferentes cantos, focados em diversas modalidades. Deixei minha mochila em um dos armários e fui trocar de roupa, vestindo o uniforme de educação física. Ao retornar do vestiário, senti uma explosão sacudir todo o prédio.
Bakugo Katsuki estava lá, treinando feito um louco no canto mais ao fundo do ginásio. Suas explosões criavam clarões de luz, e o barulho ecoava pelas paredes, fazendo o chão tremer. Alguns alunos decidiram sair, optando por treinar em outro lugar, e apenas quatro de nós permanecemos.
Coloquei os fones de ouvido, tentando abafar o som das explosões, e me certifiquei de me posicionar de costas para ele. Fingindo que ele não estava ali, concentrei-me no meu treinamento.
Minhas horas de prática começaram a fluir, e eu me perdi no ritmo das minhas repetições, o corpo se movendo em um padrão familiar. O suor escorria pela minha testa, e a exaustão começou a se instalar, mas havia uma sensação de realização em cada movimento.
Porém, mesmo com os fones, a energia de Bakugo era inescapável. A cada explosão, uma parte de mim sentia uma urgência crescente. Olhei por cima do ombro, capturando um vislumbre de seu rosto sério, concentrado. Era impossível não se perguntar se ele ainda guardava ressentimento por nossa última conversa. Mas meu orgulho me impediu de encará-lo diretamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romance"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...