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— Hoje não é meu dia — murmurei, assim que a voz metálica que ecoava das caixas de som do trem anunciou problemas nos trilhos. O vagão freou lentamente até parar. Alguns passageiros começaram a reclamar, outros ligavam apressados para seus trabalhos, tentando explicar o atraso.
— O que aconteceu — Bakugo perguntou, tirando os fones de ouvido com uma expressão irritada.
— Disseram que tem algo nos trilhos. Vamos ficar parados por um tempo — resumi, tentando manter a calma.
— Malditos bastardos — ele murmurou com raiva, mais para si mesmo do que para mim. Pela primeira vez, entendi exatamente como ele se sentia. Aquele dia era crucial: nosso primeiro exercício prático em um campo de batalha simulado, algo pelo qual estávamos esperando havia semanas, e agora corríamos o risco de perder o início das aulas por causa de problemas técnicos no trem.
— É, malditos bastardos — repeti, embora Bakugo já tivesse colocado os fones de volta, desconectando-se do mundo.
Corremos da estação até a escola, mas quando chegamos à U.A., já havíamos perdido pelo menos 30 minutos de aula. Ainda ofegantes, fomos direto aos vestiários para vestir nossos uniformes de herói. A sensação de urgência era esmagadora, e eu já sentia como se tivesse perdido uns cinco quilos de tanto correr, e ainda não eram nem 9 horas.
No campo de simulação, All Might estava com a turma, todos concentrados na sala de espera, observando o telão com os olhos fixos nos pares que já haviam iniciado o exercício. Chamei o professor de lado e expliquei em um cochicho o que havia acontecido. Ele me olhou por um momento, depois lançou um breve olhar para Bakugo, antes de esboçar um sorriso esquisito, do tipo que era difícil de interpretar.
Após as breves explicações, compreendemos que seria um exercício em duplas, uma dupla no papel de vilões e a outra de heróis. Os heróis teriam de proteger uma bomba no 9° andar, enquanto os vilões tentavam chegar até ela. O terreno de simulação seria uma quadra de prédios comerciais como os do centro da cidade.
— Só sobraram vocês dois, então a dupla está feita — All Might disse, ainda com aquele sorriso que só me deixava mais nervosa.
Eu e Bakugo nos entreolhamos. A faísca de impaciência no olhar dele era quase palpável.
— Vê se não me atrapalha — ele resmungou, mal escondendo o descontentamento enquanto voltávamos aos nossos lugares.
— Qual o plano? — perguntei animada, tentando manter o entusiasmo, apesar do mau humor evidente de Bakugo. Eu estava ansiosa por esse exercício e não ia deixar que a atitude dele estragasse a experiência. No entanto, ele apenas me lançou aquele olhar carrancudo, bufou e deu de costas.
Seria impossível colaborar com alguém assim. Eu só queria um mínimo de sinergia. Era uma coisa ser sua rival no treinamento, mas trabalhar juntos? Isso parecia uma receita para o desastre. E me aterrorizava só de pensar que eu estaria sendo avaliada academicamente por All Might, sabendo que tudo poderia dar errado.
— Que merda... — murmurei baixinho, derrotada.
— Você está ficando cada vez mais parecida com ele, sabia? — disse Todoroki, surgindo ao meu lado de repente. Eu não tinha percebido sua aproximação.
— Ah, Todo... é horrível! Ele vai ser minha dupla! — choraminguei, descansando a cabeça em seu ombro, buscando algum conforto. Todoroki afagou meu cabelo com um gesto reconfortante, sua bochecha gelada tocando levemente o topo da minha cabeça.
— Pensa positivo, pelo menos vocês vão contra a Uraraka e o Midoriya — ele disse tentando me animar.
— Vamos? — perguntei, surpresa. Não sabia que seriam nossos oponentes.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romansa"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...