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A semana passou longa e tortuosa, e cada dia de espera parecia durar uma eternidade. Eu estava ansiosa demais para que as aulas finalmente começassem. Quando não havia ninguém em casa, me trancava no quarto e experimentava meu uniforme pela quinquagésima vez, imaginando como seriam os próximos anos naquela escola. Saboreava as fantasias heróicas e irreais que minha mente criava.
Katsu, o gato, me olhava curioso e sem entender enquanto eu me encarava no espelho, rodopiando e rindo. Tudo estava mudando, e eu podia sentir isso. Meu estômago formigava, e meu coração disparava toda vez que pensava que faltava apenas um pouquinho para me tornar uma heroína de verdade.
— Promete que ainda vai treinar comigo? — Yukio perguntou na quinta-feira enquanto praticávamos chutes no quintal.
— Sempre vou treinar com você — respondi, desviando de um chute alto que passou raspando ao lado da minha cabeça. — Talvez não quando tiver provas — acrescentei, vendo-o formar um bico de insatisfação.
— E se você arrumar um namorado pra treinar? — ele provocou, e a pergunta me pegou desprevenida. No instante seguinte, ele conseguiu me acertar no estômago com um chute bem colocado.
— Ah Yu, não dá pra conversar treinando, cala a boca e chuta — resmunguei, tentando manter o foco, mas ele riu de forma travessa.
— Haru tá pensando em namorado — ele cantarolou, me irritando ainda mais.
— Não tô, fica quieto, verme — rebati, impaciente.
— Tá siiiim — Yukio continuou provocando, mas dessa vez eu estava preparada. Agarrei seu tornozelo no meio de um chute e o puxei com força, fazendo-o cair de costas no chão. Antes de atingir o chão, ele ativou sua individualidade, criando um escudo verde cintilante que protegeu suas costas da queda.
— Não tô, acabou o treino — declarei, soltando sua perna e dando as costas para entrar em casa. Pude ouvi-lo bufar de frustração enquanto rolava na grama, indignado por eu ter encerrado o treino tão abruptamente.
Os músculos do meu estômago ainda latejavam com a dor do chute de Yukio. Ele estava ficando cada vez mais forte, pensei, refletindo sobre como, de repente, ele parecia ter aumentado sua habilidade e resistência. De frente ao espelho do quarto, tirei a blusa de treino, minha pele brilhando sob a luz fluorescente. Não havia arranhões, nem cicatrizes — exceto pelo hematoma vermelho que Yukio havia deixado logo abaixo das costelas. Com certeza ficaria roxo no dia seguinte.
— Como esse garoto ficou tão forte de repente? — pensei, surpresa. Então me concentrei naquele pequeno ponto machucado, invocando a aura esverdeada e cintilante da minha individualidade. Ela emergiu da minha pele, envolvendo minha barriga, dançando sobre o hematoma, e gradualmente desaparecendo sem deixar nenhuma marca para trás.
Graças à minha individualidade, eu jamais teria uma cicatriz na vida. Às vezes, sentia vontade de não curar um machucado, apenas para deixar uma marca, como uma tatuagem, uma história gravada na pele. Mas, ao mesmo tempo, pensava em como o fato de não ter nenhuma cicatriz poderia fazer com que eu parecesse imbatível — como se ninguém jamais tivesse conseguido me ferir em uma batalha. Toquei suavemente o local onde o hematoma estivera. — Isso é suficiente para salvar alguém? — me perguntei, com uma melancolia sutil. A expectativa pela nova fase da minha vida misturava-se com o medo da mudança, dos novos colegas, da possibilidade de rejeição ou fracasso. Minha mente corria em círculos com pensamentos sobre tudo o que poderia dar errado.
Apesar disso, uma coisa era certa: eu daria o meu melhor. Não importava quanto esforço fosse necessário, se eu pudesse salvar ao menos uma pessoa, já seria o bastante.
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Quando as cerejeiras florescem - Imagine Bakugou Katsuki
Romansa"- É mentira - contestei, e ele finalmente olhou para mim, franzindo o cenho. - Só um herói faria isso - concluí, e desta vez de fato ele sorriu, seu rosto inteiro se iluminou, os dentes alinhados e os caninos afiados. Era o sorriso mais bonito que...