1- Assassina de Vegas ataca novamente?

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Era uma madrugada de terça feira e o único som na rua vinha das botas de salto de Astrid batendo no chão.

Las Vegas não dorme. Normalmente. Porém um frio quase abaixo de zero no começo da semana faz as pessoas não quererem sair.

Astrid também não queria sair, mas foi obrigada a isso. Afinal, trabalho é trabalho.

Pelo menos sua peruca já não faz mais a cabeça coçar e as lentes de contato não incomodam os olhos. Queria estar usando roupas mais quentes, mas infelizmente tudo o que usava para se aquecer era um sobretudo.

Ao chegar no motel, só precisou dizer o nome do homem que a esperava e a recepcionista lhe entregou uma chave com um sorriso falso. Astrid sabia o que ela estava pensando: "Uma mulher tão jovem trepando com um velho daqueles, só pode estar prestes a arrancar seu dinheiro". 

Tecnicamente ela não estava errada. O dinheiro que recebeu da mulher dele para matá-lo, provavelmente veio de sua própria conta. 

Porém a garota sabe o suficiente sobre o homem para não sentir remorso. Uma pessoa horrível, advogado corrupto, batia nas primeiras duas mulheres e sempre saiu impune de tudo.

Seu carma começou no dia em que conheceu sua terceira e super jovem mulher. Um casamento e dois filhos depois, ele finalmente levantou a mão para ela pela primeira vez.

Kriss estava feliz fingindo ser a esposa dedicada para algum dia ter o dinheiro dele todo para si, porém depois disso, resolveu apressar as coisas e contatou Astrid. "Faça em menos de duas semanas e pode cobrar o triplo do que costuma receber."

E alí estava ela, evitando olhar diretamente para a câmera do elevador. Mesmo disfarçada, é sempre bom ter cuidado.

Ao chegar no quarto, lá estava ele, deitado na cama de lençóis vermelhos. Quando a vê, abre um sorriso que faz a garota querer vomitar.

— Oi, boneca. 

Atraí-lo até ali foi fácil. Mesmo casado com uma linda mulher, ele estava cada vez mais velho e não podia perder a oportunidade de se sentir como um garanhão outra vez.

— Volto em um segundo. — ela lhe dá um sorriso antes de ir até o banheiro e ele lhe acompanha com os olhos.

Dentro do banheiro, ela checa a arma. Carregada, okay. Silenciador, okay. 

— Vamos acabar logo com isso.

Ela esconde o objeto atrás das costas e sai do banheiro. 

— Vem cá. — ele chama. — O que você tem aí atrás?

— Uma surpresa. — ela lhe dá um olhar inocente e ele morde os lábios.

— Uma surpresa, é? Por que não tira toda essa roupa e então me mostra a surpresa? — O homem tenta soar sensual e ela quase ri.

— Claro, pode fechar os olhos um segundo?

Ele faz o que ela pede e ela aponta a arma pra sua testa, quando ele volta a abrir, mal tem tempo de levar um susto antes de o gatilho ser puxado.

******************************

Acordei com Gina me balançando freneticamente. Meu corpo todo doendo por ter dormido no sofá.

— Tô acordada. — digo ainda de olhos fechados.

— Foi você? — ela pergunta, sua voz mostrando que estava prestes a me dar uma bronca.

— Sim, eu quebrei sua xícara de gatinho. — digo adivinhando o motivo de sua fúria. — Mas depois te dou dinheiro e você compra mil iguais, eu juro. 

— Minha xícara…? — Ah. Não era isso.

Abro os olhos e me viro para encará-la.

— O que houve?

— Lê isso. — ela me entrega seu celular e se levanta. — E depois a gente conversa sobre a minha xícara.

Passo a mão no rosto para afastar o sono e então me sento.

Era uma notícia sobre a morte do advogado Michael West. A matéria o descrevia como marido e pai amoroso, além de um excelente profissional. Tive que revirar os olhos. 

Pelas câmeras, souberam que ele estava com uma mulher e suspeitam da "assassina de vegas". É como me chamam por aí, inclusive o título da matéria é: "A ASSASSINA DE VEGAS ATACA NOVAMENTE?"

O resto da matéria é especulação sobre quem seria o mandante do crime e diz que a mulher está sendo interrogada.

Encaro Gina que está tremendo enquanto faz café. É sempre assim depois que eu cumpro um trabalho. 

Vou até ela, e me sento em frente ao balcão onde ela serve nosso café da manhã.

— Um advogado famoso? O que você tem na cabeça? — ela quase grita.

— Eu tomei cuidado, eu sempre tomo. Não vão me achar.

— O FBI tá envolvido, sabia disso?

— O FBI já se envolveu antes e nunca acharam nenhuma pista sobre mim.

Ela nega com a cabeça. 

— Isso não está certo, Astrid. Não está.

— E o que sugere que eu faça? Pare? Não é por mim que faço isso e você sabe.

Gina se cala.

Já tivemos essa conversa antes. Um milhão de vezes. Ela tem medo que eu seja pega, mais do que eu mesma, talvez. Mas ela sabe que parar não é uma opção. 

Comemos em silêncio. Ela, preocupada comigo e eu, preocupada com tudo.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora