15- Foi tudo por você

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Ainda em choque com o que acabou de acontecer, chego em casa pronta pra contar tudo pra minha amiga, mesmo que eu vá ouvir um belo "eu te disse", só ela pra me fazer sentir menos mal sobre isso.

Mas Gina não está, deixou um bilhete na geladeira avisando que dormiria na casa do cara com quem está saindo.

"...Tem macarrão na geladeira, qualquer coisa me liga. Amo você."

É fofo o quanto ela é maternal às vezes. Isso me deixa um pouco melhor.

Olho a hora e ainda está cedo. Tenho tempo antes de ir pro hotel de Harry.

Por isso, me permito comer algo com calma, já que não jantei no restaurante. Tiro da geladeira o macarrão que Gina fez e ligo uma música para desestressar.

Antes de procurar uma roupa pra ir, penso em dar uma olhada no meu closet. Faz um tempo que não entro ali, já que estou sem trabalhar.

Minhas armas estão todas onde devem estar, como sempre. 

Aprendi a atirar aos dezesseis anos. Meu avô tinha uma casa de campo e quando morreu, deixou para meu pai. Íamos nas férias e ele me ensinava tudo o que sabia sobre armas, o que era muito. Minha mãe não aprovava, mas deixava porque gostava de me ver feliz. Eu gostava de atirar, fazia eu me sentir poderosa.

Hoje em dia, ainda sinto isso. E não me orgulho.

Coloco minhas coisas em cima da cama para que eu possa tirar o pó dali e depois ponho tudo no lugar de novo. Depois arrasto o guarda-roupa de volta pro lugar dele.

Finalmente vou tomar um banho, eu já deveria estar saindo de casa. Mas Harry não se importará com um pouco de atraso.

Depois do banho, visto meu roupão enquanto passo uma maquiagem leve e arrumo o cabelo. Estou procurando uma roupa quando a campainha soa.

Será que Gina resolveu dormir em casa mesmo? O que houve com a chave dela?

Corro para abrir.

— Não me diga que perdeu a chave de…

Paro de falar quando vejo não Gina ali, mas Nathan. 

— Nathan? O que houve?

— Posso entrar? — sua voz está arrastada e ele cambaleia quando se desencosta da parede.

Dou espaço para que entre e volto a fechar a porta.

— O quanto você bebeu?

— Só um pouquinho. — ele junta o dedo indicador com o polegar, demonstrando a quantidade. E então cambaleia de novo. O ajudo a se sentar.

— Nat, Se você fez isso por…

— Foi por você. — ele ri como se tivesse contado uma piada ótima. — Tudo que fiz nos últimos tempos foi por você. inclusive voltar pra cá.

— Sinto muito se sente isso. Mas não é minha culpa você estar bêbado assim. Acho melhor você ir pra casa. Quer que eu ligue pros seus pais?

— Eu não sou a porra de uma criança, Felicia. — Ele repentinamente bate forte na mesa me assustando. E então ri de novo. — Eu fiz tudo por você, droga. Eu sempre fiz. Porque continua pisando em mim?

— Eu nunca pisei em você, Nathan. 

— Você deveria me amar. Astrid. Você… Porque você não me ama?

E então começa a chorar.

Parte de mim começa a se sentir culpada por ter causado isso nele. Droga, eu só queria que pudéssemos ser amigos. Mas depois dessa, eu acho muito difícil.

— Eu vou te levar em casa, tudo bem? Só preciso acabar de me vestir.

Vou pro quarto e jogo em cima da cama a primeira calça e blusa que vejo.

— Por que está maquiada? — Nathan aparece na porta. 

— O que?

— Estava planejando sair? Com seu namorado?

— Não é da sua conta. Pode dar licença pra eu me trocar?

Ele dá uma pancada forte na porta.

— Quer parar de ficar batendo nas coisas? Vai pra sala que eu já vou lá.

— Para de me tratar como uma criança. — diz arrastado. — Você não me respeita. — seu olhar se transforma em algo furioso enquanto me encara. — Mal me deu um fora e já está indo ficar com outro cara. 

— Nathan, sai daqui agora. Eu vou chamar um taxi pra você. — pego o telefone.

Fico sem reação quando ele anda até mim e pega o telefone da minha mão, jogando na parede.

— Ficou louco?

— Você ia ou não ia encontrar seu namorado?

— Nathan…

— IA OU NAO? — Pega um perfume na penteadeira e joga na parede também.

— Sai. Da minha casa. Agora. — digo pausadamente tentando não ficar nervosa ou deixá-lo me assustar.

— Eu não vou a lugar algum enquanto não me responder.

— Eu não te devo satisfação, seu maluco!

Seu olhar furioso se intensifica.

— Se eu sou maluco a culpa é sua. — empurra minha penteadeira com raiva, fazendo cair vários produtos. — Você me fez ficar aos seus pés só pra me chutar. Você não presta, Felicia. — ele se volta pra mim e antes que eu possa reagir, segura meu rosto com força. — Todos estão certos quando dizem que você é uma vagabunda. — e me solta com força, eu caio na cama.

Ele começa a revirar todo o meu quarto e eu não faço nada. Já derrubei caras do tamanho dele antes, mas sempre tive ajuda de alguma arma para usar depois. Caras nesse estado não caem e simplesmente permanecem no chão.

Está tudo bem enquanto ele está descontando a raiva em meus móveis, mas então ele se volta pra mim outra vez.

— O que ele tem de tão especial?

E então eu sinto algo gelado no meu pulso. Tateio um pouco e percebo que é uma faca. Provavelmente esqueci quando estava arrumando o closet. Okay, mas eu não quero machucar ele.

— EU TE FIZ UMA PERGUNTA, PORRA. 

E quando ele parte pra cima de mim, giro na cama e ele cai ao meu lado.

Antes que eu me levante, ele me segura forte e sobe em cima de mim. 

Okay, foda-se o que eu disse. Se tem algo que eu quero, é machucar esse filho da puta.

Com o braço que ele não tá segurando, pego a faca e o acerto no ombro com força. Depois tento acertar o pescoço, mas ele se assusta e acerto o queixo. Seu sangue suja minhas mãos e roupão.

Ele se levanta num pulo, mantendo distância.

— Você tá louca, garota? — pressiona os cortes me olhando assustado.

— Eu tô e se você não sair daqui agora, eu vou enlouquecer ainda mais. 

Vou pra cima dele com a faca, mas ele corre meio cambaleando pra fora do meu quarto.

— Você tentou me matar. — diz chocado.

— Sai agora ou deixará de ser só uma tentativa.

O vejo me dar um último olhar assustado antes de bater a porta.

Respiro fundo e passo a chave antes de as lágrimas começarem.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora