21- Viciado

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Estou encarando o teto de Harry, julgando silenciosamente minhas escolhas de vida.

Beijar Harry ao invés de ir embora? Errado.

Entrar em seu quarto e permitir que ele me enfeitiçasse até acabarmos na cama? Muito, muito errado.

Me levanto e quando estou acabando de me vestir, ele sai do banheiro.

Sem camisa, cabelo molhado, gostoso pra cara....

- Quer comer alguma coisa? Eu ia sair pra comer quando você chegou, mas posso pedir alguma coisa aqui mesmo.

Depois de tudo o que foi dito, essa recaída é vergonhosa. Gostosa. Mas vergonhosa. Fora que tem toda a complexidade dos meus sentimentos e blá blá blá, não quero ter que pensar nisso de novo. Não posso ficar aqui.

- Acho melhor eu ir.

Seu sorriso some.

- Eu... a gente não deveria, conversamos sobre isso. - digo.

- Não conversamos não. - É sua resposta.

- Claro que conversamos.

- Está falando de quando você me ligou, falou o que sentia e antes que eu pudesse falar, desligou na minha cara? - ele tem as sobrancelhas arqueadas, quase bravo, completamente sexy.

- Eu achei que...

- Eu gosto de você, Astrid. De verdade.

- E eu de você. Mas o que há mais pra ser dito? O que podemos fazer sobre isso, Harry? Nada.

Ele passa a mão no cabelo, bufa e desvia o olhar.

Já estive com caras que diantes de algum impasse, quebravam coisas, socavam paredes, xingavam até não poder mais, e gritavam muito. Mas esse é Harry irritado. Silencioso, bagunçado, lindo. E abalando minhas estruturas um pouco mais.

- Vem cá. - ele se senta na cama e me chama. - Senta aqui, por favor.

Respiro fundo, mas faço o que ele pede e me sento de frente para ele.

Ficamos um tempo em silêncio antes de ele começar a falar.

- Eu não esperava te ver aqui hoje. Nem sei se esperava te ver algum dia de novo...

Espero que continue, o que leva um tempo, enquanto ele parece pensar.

- O que eu quero dizer, é... foi inquietante me ver preso neste quarto com a possibilidade de nunca mais ver você pairando sobre mim. Nem mesmo o trabalho conseguiu tirar isso da minha mente, acredita?

Nego com veemência.

- Até fui numa festa ontem com os meninos, o que foi até legal, mas ainda assim eu fiquei o tempo todo pensando em como seria melhor se você estivesse lá também... - ele nega com a cabeça - Enfim, com isso tudo em mente, cheguei a uma conclusão, e a sensação que senti ao te ver outra vez confirmou isso.

- Que conclusão?

- Eu estou apaixonado por você, Astrid. - ele diz simplesmente e eu perco o fôlego.

Eu sabia que ele gostava de mim. Ele mesmo já tinha falado um milhão de vezes isso. Mas paixão é... outro nível. E eu sei que me sinto assim também. Meus motivos pra não querer levar isso adiante, vão além dos dele, porém eu não sou de ferro e fico um pouco feliz ao ouvir isso.

- Tem certeza? - pergunto.

- Eu tenho. E sei que sente o mesmo.

Ergo as sobrancelhas pro seu sorriso convencido.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora