Entro no quarto da minha mãe e ela está acordada.
— Astrid... — chama baixinho, quase não escuto.
Me aproximo e ela tosse antes de continuar.
— Por que tá chorando?
Fico de joelhos, pra ficar da altura dela e seguro sua mão, dando um beijo na palma dela.
— Eu fiz besteira, mãe.
— O que você fez?
Começo a soluçar e escondo o rosto nas mãos.
— Astrid. — sinto seu toque fraco em meu cabelo.
Enxugo o rosto e encaro ela.
— Eu vou ser presa.
— Presa pelo que, filha?
— O meu pai... eu... — fungo — eu segui os passos dele, mãe. Eu não sou médica.
Não sei ler sua expressão, mas o carinho em meu cabelo continua.
— Eu fiz e não me arrependo, mas... você me acha uma pessoa horrível?
— Você teve bons motivos?
— Eu tive ótimos motivos, mãe. Bem melhores que os dele.
— Astrid, ele só estava tentando manter nossa família. Não era uma má pessoa e você também não é.
— E ao invés disso, a separou. — começo a chorar ainda mais. — Ele não tinha o direito de... ele não... Porque ele deixou que chegasse àquele ponto? Ele podia ter parado.
— Ele cometeu erros. Muitos deles, mas fez o que fez por nós. Assim como você fez o que fez por mim.
Fico surpresa por ela ter conseguido ligar os pontos.
E então outra crise de tosse.
— Vou pedir pra Gina cuidar da senhora quando eu não estiver. Não vai estar sozinha.
— Isso não será necessário.
— Por que não?
— Meu tempo está se esgotando, filha. — Tosse. — Não vou estar aqui por muito tempo.
— Não fala besteira. — falo me sentindo mais angustiada do que antes. — Você ainda vai viver muito.
— Minha mente já era, querida. Quem iria querer viver assim, de qualquer forma?
— Você está bem, mãe!
— Não estou não, Astrid. Essa é a primeira vez em semanas que sei quem você é. E agora meus pulmões também estão falhando.
— Eu encontrei um médico. A Gina pode...
— Eu não quero. Por favor não despedisse esse dinheiro.
— Eu não ligo pro dinheiro. Só não posso deixar de lutar...
— Querida, eu já deixei de lutar.
Me sinto uma criança outra vez. Pequena e desprotegida diante das situações incontroláveis da vida.
— Você vai ficar bem, meu amor. Eu sinto isso. E sentido de mãe não falha.
Não sei como eu poderia ficar bem. Na cadeia, com uma mãe que desistiu de lutar pela própria vida.
— Eu preciso... preciso encontrar Gina. Não sei quando eles vão aparecer para me...
— Você vai ficar bem, Astrid. — ela repete.
Assinto e a aperto, mais do que deveria, num abraço.
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A Assassina de Vegas | H.S.
FanficOnde Astrid é a assassina de aluguel mais procurada de Las Vegas e conhece Harry, um agente especial do FBI que não medirá esforços para prendê-la.