Três perucas loiras. Duas ruivas. Uma preta. E uma da cor do meu cabelo, mas no estilo Chanel.
Cinco armas. Três facas. (Mesmo que eu só use as armas.)
Roupas de grife, saltos altos, maquiagens, que ajudam a completar o conjunto e me tornam outra pessoa.
E um celular que uso para marcar encontros. (Quando não preciso, ele fica desligado.)
Esse é o meu closet secreto.
Há uma porta atrás do meu guarda roupa. Se é um inferno arrastá-lo toda vez que preciso entrar ali? A resposta é sim. Mas tudo bem, porque está bem escondido. Não recebemos muitas visitas, mas as que recebemos nunca viram nada que não deviam.
Entro agora apenas para pegar algo que também guardo ali. Algo que não faz parte do meu trabalho, mas que escondo por ser muito pessoal.
A saudade do meu pai aparece de tempos em tempos. E quando acontece, entro ali e vejo minhas fotos de infância. Minha mãe aparece em várias. Feliz. Saudável. Eu nem sempre estava feliz, naquela época, mas em todas aquelas fotos pareço estar.
Olhar para o rosto dele me causa várias sensações conflitantes. Ele é a razão de eu ser quem sou, o que sou, talvez eu devesse ser um pouco grata, mas tudo o que sinto é raiva e tristeza quando volto a lembrar que foi isso que o matou.
Chegamos na boate e assim que Gina entra para se aprontar, engulo todo meu orgulho e me aproximo de Paul, no bar.
— Astrid. Por aqui de novo?
— Pois é, né. — dou de ombros.
— Olha, se isso é tudo saudade, tem sempre uma vaga pra você aqui na casa.
— Então, sobre isso…
Não consigo completar. Paul me olha surpreso.
— Você quer voltar? Mesmo?
— Não pra dançar. Eu queria que pudesse me arrumar algo aqui no bar. Eu sei servir, sou boa fazendo bebidas também.
Seu rosto fica sem expressão.
— Deixa eu entender. Você quer ser barista e não stripper?
Me olha de cima a baixo e eu me irrito, mas me contenho.
— Sim. Você tá sempre precisando de alguém por aqui.
— Mas qual o problema em dançar? Você ganhava bem.
Eu fazia ele ganhar bem, é o que está implícito.
— Só não é mais pra mim. — digo simplesmente.
Ele assente, parecendo contrariado.
— É o seguinte, Astrid, como seu amigo vou te fazer esse favor.
Eu sorrio.
— Mas… — ele continua. Meu sorriso some.
— Mas o que?
— Precisa usar uniforme.
— Ah, sem problemas.
Eu deveria saber que sua idéia de uniforme pra mim não seria realmente um uniforme. Quem diabos serve bebidas usando short curto e uma blusa incrivelmente decotada? Pelo menos a gravata borboleta é fofa.
— Pode começar hoje, se quiser.
Assinto e vou me trocar junto com as meninas.
— Você só pode estar brincando. — Gina me olha brava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Assassina de Vegas | H.S.
FanficOnde Astrid é a assassina de aluguel mais procurada de Las Vegas e conhece Harry, um agente especial do FBI que não medirá esforços para prendê-la.