24- Flores

1.1K 127 93
                                    

Depois que chego do jantar com Harry, estou me sentindo péssima. Não fui a melhor companhia para ele esta noite e mesmo sem saber o motivo, ele fez de tudo para me animar.

Por mais acostumada que eu esteja, depois de fazer um trabalho preciso de um tempo pra voltar a mim, e ainda briguei com a Gina, sendo o próprio Harry o motivo. Então realmente não estava bem.

Ele me acompanha até em casa e antes que ele vá, lhe beijo como se nunca mais fosse ter a chance, querendo muito que ele partisse amanhã mesmo, apenas para facilitar a minha vida. 

Porém o mesmo pensamento me causava muita tristeza e isso me deixava irritada. 

Harry mudou minha rotina nas últimas semanas em que esteve aqui e agora eu só penso nele e quero vê-lo sempre. Eu imaginava que uma das consequências de me aproximar dele, poderia ser acabar presa, mas não Imaginei que poderia ser presa a ele.

E é assim que eu estou. Presa a ele por um sentimento que não pode ser mantido. 

Mesmo cheia de sentimentos conturbados, durmo rápido. Mas acordo várias vezes durante a madrugada por causa de pesadelos que há tempos não tinha.

Coisas relacionadas a meu pai, a pessoas que matei, e agora a minha mãe e… Harry.

Quando me levanto pela manhã, ainda sinto que não dormi o suficiente.

Gina ainda não voltou pra casa. Alimento tequila, bebo um café puro para acordar e tomo um banho.

Estou saindo do banheiro quando Harry me liga. Até penso em deixar tocar, voltar a me afastar, mas já tentei isso antes e não funcionou. Então Dane-se.

— Oi. — atendo.

— Oi. Te acordei?

— Não, tô acordada há um tempo.

— E essa voz? Ainda tá chateada?

— Qual o problema com a minha voz? 

— Parece pra baixo.

— Algum motivo especial pra ter me ligado? — troco de assunto.

— Ia te chamar pra vir aqui mais tarde.

— Não sei, Harold, acho que não sou a melhor companhia no momento.

— Como assim?

— Bom, você viu ontem…

— Você só está preocupada, por causa da sua mãe, eu te entendo. E além disso, teve aquele desentendimento com sua amiga. É normal ficar assim. Mas nunca conseguiria ser uma má companhia.

— Meu deus. — digo chocada ao que ele me arranca um sorriso. — Você existe mesmo ou é só uma alucinação minha? 

— Eu existo e estou te esperando mais tarde.

— Vai ter que trabalhar hoje?

— Sim. Me ligaram agora a pouco. Há novidades no caso em que estou trabalhando. Finalmente.

Isso me deixa alerta.

— Hm… que tipo de novidades?

— Eu não sei ainda. Preciso ir. A gente se vê, então?

— A gente se vê, Harold.

Passo o resto do dia com o mesmo sentimento ruim de quando acordei. E isso piora quando chego para visitar minha mãe, que continua péssima.

Ela parece mais confusa do que nunca e não me reconhece, preciso sair do quarto quando ela tem outra crise de falta de ar.

Me sinto desamparada e com raiva de tudo. Dos médicos, por não estarem fazendo ela melhorar, do meu pai, por não estar ali, do universo por ter permitido que minha mãe adoecesse…

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora