29- Mudanças

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A primeira coisa da qual me livro são as perucas. As roupas e sapatos eu coloco pra doação, com exceção de algumas coisas que Gina quis ficar.

Não sei o que fazer com as armas. Eram do meu pai, então apenas deixo por ali para decidir depois.

Saber que nunca mais precisarei matar é um alívio, mas coloca vários pontos de interrogação na minha cabeça.

O que eu farei então?

Eu não sei quem sou sem a arma e a peruca. Minha vida nos últimos anos se resumia a próxima pessoa que eu mataria. E agora que não preciso mais?

Parei de esperar pela polícia vir me buscar. Por um motivo ou outro, Harry decidiu não me entregar. A essa altura, ele já deve estar de volta a Washington.

Gina diz que ele fez isso por amor. Ela anda muito romântica ultimamente, mas imagino que amor seja a última coisa que ele sente por mim nesse momento.

Já eu, fico mal por como as coisas terminaram. Nunca conheci um cara como ele antes. Me diverti demais nas nossas semanas juntos e vez ou outra, me pego sentindo saudade de tudo.

O que posso fazer é aceitar que certas histórias são passageiras e a nossa não tinha como ser nada além disso.

Tanta mudança me deixa zonza. Fora toda a minha crise de quem sou e o que farei, Gina irá se mudar assim que casar, o que acontecerá daqui há alguns poucos meses, e por mais feliz que eu esteja por ela, sei que não vai ser tão fácil. Foram anos morando juntas. Só nós no nosso mundinho. Ficar sozinha não vai ser fácil. Aliás, não sozinha, eu e Tequila.

Minha amiga se demitiu da boate, finalmente, e pra mim, essa foi a melhor mudança. Noah está ajudando ela a achar um novo emprego e por enquanto, estou dando conta de nos sustentar. Já que diferente dela, ainda não me demiti, não posso até descobrir o que farei da vida.

— Olha essa toalha de mesa. — Gina fala. Estamos comprando algumas coisas para ela levar para a casa nova.

— Ia falar dela agora. É linda.

— Então vamos comprar duas. E então teremos toalhas de mesas combinando.

— Que brega — dou risada. — vamos sim.


— Que cara é essa, Astrid?

— Não queria ser chata e dizer a única que eu tenho, mas acho que é a única resposta possível. — digo sem olhar pra Paul, enquanto lavo um copo.

— Parece triste.

— Impressão sua.

— Serve dois copos por favor.

— De que? 

— Qualquer coisa

Faço o que ele pede e ele pega um dos copos. 

— Bebe comigo. O movimento tá leve hoje.

— Não acho uma boa ideia beber em servi...

— Astrid, o que eu sou seu?

Reviro os olhos.

— Chefe.

— Exato. E seu chefe está te mandando beber.

— Como quiser, senhor. 

Nos sentamos, o movimento estava fraco mesmo naquele dia.

— Está triste porque vai perder a colega de quarto?

— Mais ou menos. Tô feliz por ela. E você, triste por perder uma funcionária?

— Gina fará falta.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora