23- Diário

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Coloco a peruca Chanel, meu sobretudo preto e botas. É um dos meus visuais favoritos. Gina diz que pareço mortal só de olhar.

Quando chego no local marcado, o esquema é o de sempre. Aviso que cheguei, subo, evitando olhar diretamente para as câmeras, e entro no quarto.

Robert me espera na sala de estar do quarto, servindo champanhe, uma vista incrível através da sacada de vidro.

— Maya.

— Robert. 

— Que bom que chegou. Servi champanhe pra gente.

Esse é um dos hotéis mais caros da cidade. A suíte é enorme e luxuosa. Vejo que há pétalas na cama. Interessante.

Robert tem a postura que já vi diversas vezes, quer mostrar que tem dinheiro, que é poderoso, às vezes usam isso pra compensar certas faltas, se é que me entende.

Ele se aproxima de mim e antes que eu perceba, me puxa pela cintura e me beija com uma força desnecessária. 

Sorrio quando nos soltamos e o puxo pela gravata até a cama.

— Deita.

— Danada você. Mas eu prefiro ser o que dá ordens.

— Claro. Apenas deite que vou servir você.

— Gosto disso. — me olha dos pés a cabeça. — Você está um pouco vestida demais, deixa eu te ajudar.

Antes que ele "me ajude", empurro ele pra cama e sussurro em seu ouvido.

— Volto em um segundo.

Desfilo até a mesa com champanhe e tiro o sonífero do bolso sem que ele veja, virando tudo em seu copo.

Ele ignora a bebida quando a entrego.

— Deite aqui. Brindamos depois.

— Prefiro que a gente beba primeiro.

— Mas eu já disse que sou eu quem manda e não você.

Dou um sorriso querendo muito acabar logo com isso e me sento na cama.

Acontece em um segundo. Talvez eu não tenha prendido a peruca direito ou ele puxou muito forte, mas vejo meu cabelo falso sair em sua mão e ele me olhar assustado.

— O que é isso?

Me levanto com o susto e dou uns passos pra longe da cama.

— Que porra é essa? Por que você…?

— Eu gosto de…

— Não me venha com essa. Que tipo de mulher engana alguém assim?

— Não seja dramático.

E então vejo vários sentimentos passando pelo seu rosto. Desde raiva até confusão e... medo?

— Você sabia que há uma mulher à solta que seduz homens, disfarçada, e então os mata? O que quer que eu pense?

Dou uma risada exagerada.

— Tá com medo de mim?

Ele me olha bravo.

— Eu não teria medo de uma mulher. O ponto não é esse.

— E qual é o ponto? — dou um passo em direção a cama.

— Por que estava usando peruca?

Reviro os olhos.

— Não gosto do meu cabelo natural. Nada demais.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora