20- Piada Divina

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Socorro, eu acabei postando o capítulo 21 antes do 20. Sorry babies.


Tomo um bom banho e penso no que eu vou fazer sobre ter uma tatuagem. Eu nunca sequer quis uma tatuagem. E de repente não só tenho uma, como é um desenho no mínimo questionável. O que explicarei quando me perguntarem o motivo por trás? Não que seja um desenho feio, tem algumas flores entrelaçadas e o que reconheço ser as iniciais da minha mãe. Também não é uma tatuagem grande...

Mas porque diabos fiz isso? Será que sinto tanta falta assim do meu verdadeiro trabalho?

Faço uma nota mental de comprar pomada para passar depois, pra tentar amenizar a dor.

O nome do hotel não me diz muita coisa, só percebo onde estou indo quando finalmente chego.

— Qual a probabilidade? — sussurro incrédula.

— Como? — O taxista pergunta.

Digo que não é nada, entrego seu dinheiro e entro no local.

— Interfonar para Harry Styles, certo? — o recepcionista pergunta com um sorriso simpático quando me vê.

— Na verdade não. — digo constrangida. — Ian Parker?

Ele me olha estranho, mas assente e liga pro quarto. 

— Último andar. Quarto trezentos e dezenove. Pode subir.

— Último? — digo sem acreditar.

Ele assente, e imagino o que se passa na sua mente, vendo que ele quer muito rir da minha cara. Eu também riria se não tivesse com dor de cabeça, com uma tatuagem que não quero e se não tivesse indo em direção ao cara que jurei nunca mais encontrar. 

Claro, não estou indo ao encontro dele. Mas ainda assim sinto como se os deuses estivessem muito entediados e então pensaram: "Por que não?" E me jogaram aqui. Com sorte, não esbarrarei com ninguém que não devo.

São só dois quartos no último andar, dou uma batidinha no 319, mas é impossível não encarar a porta da frente. E se ele abrisse agora, o que pensaria? Será que ele está aqui?

— Você chegou. — a porta que não estou encarando, abre.

— Ah, oi. Aqui sua jaqueta.

— Não quer entrar um pouco?

Penso por um minuto. Eu não deveria.

— Okay. — acabo dizendo.

Ian parece ter uns vinte e dois anos. Imagino que seja modelo. O corpo, o rosto, o papo… tudo indica isso. Ele é bem bonito. E sabe que é.

Entro e ele fecha a porta. Lhe entrego a jaqueta e ele pega a carteira, conferindo dentro.

— Não roubei muito, relaxa. — digo.

— Você é engraçada. 

Sorrio, sem saber o que dizer.

— Ah, eu pedi um suco pra ajudar na ressaca. Sinta-se à vontade.

Há uma bandeja em cima de uma mesinha. 

— E ajuda mesmo? — caminho até lá e pego um copo.

— Não faço ideia. Mas acho que piorar não vai. — diz e joga a jaqueta na cama, se sentando comigo à mesa.

Ele passa a mão pelo cabelo. 

— Obrigada por trazer minhas coisas.

— Imagina.

— Meus documentos estão aqui. Sem eles, não poderia voltar pra minha cidade natal amanhã.

— De onde você é?

— Sou de todo lugar. Sou de lugar nenhum. Sabe como é, né?

Franzo um pouco o cenho. 

— Ah. Mas isso quer dizer o que? Que tá sempre viajando?

— Tipo isso. — É sua resposta bem elaborada enquanto passa a mão no cabelo outra vez.

— Eu gostei bastante de você, sabia? Achei que você tem um astral incrível.

— É, eu tava bem bêbada.

— Ah, eu também. Mas foi legal, né? Principalmente quando você e sua amiga subiram no balcão pra dançar e ameaçaram tirar a roupa.

O mais louco é não ser essa a parte que mais me envergonha da noite.

— Há quanto tempo está aqui nesse hotel?

— faz uns quatro dias.

— Hmm... Você já... Esbarrou com o cara do quarto da frente ou algo assim?

— O que está sempre sério e veste uns termos legais?

É com certeza uma boa descrição para Harry. Não a parte do sempre sério, mas não dá pra esperar que ele saia distribuindo sorrisos, como fazia comigo.

— Sim. Sabe se ele está por aí agora?

— Não faço idéia, por quê? — ele passa a mão no cabelo outra vez.

— Ah, por nada não. Mas quando você viu ele… ele parecia bem, tipo feliz, de boa? 

— Normal.

— Normal como?

— Normal, normal, eu não sei. Por que tá me perguntando isso?

— Por nada. Só mais uma coisa, Ele passou ano novo aí?

— Eu não tenho idéia — franze o cenho pra mim e repete seu pequeno tique.

— É por isso que seu cabelo é oleoso. — pego meu suco e dou um gole.

— Que?

— Você não para de passar a mão nele.

— Okay. — ele começa a me olhar como se eu fosse doida. — Obrigada por trazer a jaqueta e minha carteira.

Agora estou sendo educadamente expulsa. Mas okay, tenho mais o que fazer do que estar com alguém que não sabe responder a nada e que precisa cortar o cabelo.

Me despeço e saio do quarto, mas quase volto, quando vejo Harry esperando o elevador. Eu teria mesmo voltado, se ele não tivesse me visto também.

Vejo seu rosto passar de surpresa por me ver a surpresa por eu estar no quarto da frente.

Sem opção, caminho lentamente até ele para esperar o elevador também. Não olho para Harry, mas sei que ele me encara o tempo todo.

— Astrid. O que…

— Vim ver um amigo. — respondo antes que ele faça a pergunta.

— Aquele garoto é seu amigo? — ele franze a testa.

— Tipo isso. — imito a expressão que Ian usou.

— Ah. 

— Eu o conheci numa festa — começo — e ele deixou a carteira comigo, então vim devolver. — explico, sei lá por que. Mas sua expressão pedia por uma.

— Entendi. — ele assente. 

Um silêncio toma conta  do corredor e eu fico pensando cadê esse elevador que não sobe logo. Droga de última andar.

— Como passou o ano novo? — ele pergunta de novo e fico surpresa por estar puxando assunto.

— Hmm, legal. E você, fez o que?

— Fui numa festa.

Minha surpresa fica evidente.

— Ei, eu posso me divertir se eu quiser.

— Não estou dizendo nada. — Dou risada sem conseguir evitar.

O elevador chega. Dou um passo para frente, mas sinto Harry segurando meu braço.

Olho pra ele sem entender.

E então ele me puxa e por mais surpresa que eu fique quando me beija, não posso evitar corresponder.

E eu finalmente sinto algo.

A Assassina de Vegas | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora