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Margot

- Biquíni?

- Aqui.

- Escova de dentes?

- Aqui.

- Protetor labial?

- Também aqui.

- Camisinhas?

Olho para Michael com a cara mais severa que consigo.

- Isso não está na lista. - digo.

- Pois deveria. - ele sacode a folha de papel nas mãos, com a lista de todas as coisas que eu precisaria checar antes de sair. - Não quero ser tio tão novo assim.

Reviro os olhos para seu comentário tosco.

- Michael, não estou viajando com Luke para isso. Pode parar. - o repreendo.

- Ah, claro que não. - ele cruza os braços sobre o peito, eventualmente amassando a folha. - Você está indo para outro hemisfério, um lugar cheio de praias, na casa do seu "seja lá o que ele for", e quer que eu acredite que vocês dois não vão tran-

- Michael! - grito e arregalo meus olhos. - Pode só, por favor, fazer o que eu te pedi?

- Tá, tá. Já entendi.

Voltamos à nossa atividade e eu percebo que não tinha colocado o protetor solar na mala. Quis verificar tudo duas vezes, já que minha mente estava tão eufórica que eu não me surpreenderia se esquecesse algo de suma importância.

Eu iria encontrar Luke no aeroporto às dez da noite. Estava com receio de ter algum imprevisto, então para que tudo ocorresse como o planejado, preferi a hora mais tardia possível para nosso voo, que sairia na quinta a noite. Já havia me planejado para praticamente tudo, o que incluía a desculpa que eu iria usar quando saísse do país.

- Tá, e isso significa o quê? - me recordo de Clair perguntar logo depois de eu contar que iria a um congresso em outro estado.

- Vou ter que ficar fora por três, quatro dias. - respondi.

- Congresso? E isso não é aquela coisa que os médicos usam como desculpa quando não querem trabalhar? - Mad ri.

Me sentia mal por estar mentindo para minhas duas melhores amigas, mas eu não tinha outra opção. Não iria contar toda a história com Luke dias antes da minha partida. Tentei não pensar muito nisso para não sustentar aquele peso nos meus ombros. Estava acabando, afinal. Mais algum pouco tempo e eu finalmente poderia me abrir com elas, dizer que meu romance com Ross tinha acabado e confessar o que sentia por Luke.

Ele foi pontual. Já tinha feito seu check-in quando eu cheguei, com uma carona de Mike no seu vestígio de carro, e me ajudou com as bagagens. Minhas mãos provavelmente estavam suando e rezei para que ele não percebesse quando as pegou enquanto caminhávamos para o saguão de embarque.

- Por favor, não façam nada de imprudente! - Mike não perdeu a oportunidade de me constranger. - E, Hemmings, pode ser meu chefe, mas acho bom cuidar bem da minha irmã!

Luke lhe lançou um olhar incrédulo e revirou os olhos, dando as costas para Michael, que tinha um sorriso bobo no canto da boca. Jogo um beijo no ar para ele, e Mike balança uma das mãos na frente do corpo.

- Dramática. - diz. Sorrio, dando-lhe as costas e caminhando junto a Luke, no que eu podia, com toda a certeza, afirmar ser uma das coisas mais loucas que já fiz na vida.

Obviamente, as imprudências que cometi não foram muitas, nem muito graves. Algumas faltas na escola, umas poucas colas nas provas durante o ensino médio, e me lembro de algumas vezes bater a porta do quarto suficientemente alto para que meus pais ouvissem minha fúria adolescente. Mas nunca nada como isso. Talvez eu fosse apenas uma garota boba aos olhos de outras pessoas, mas para mim, era minha pequena aventura.

Maldives || l.h. (Completa) Onde histórias criam vida. Descubra agora