•36•

366 24 10
                                    

Margot

Você está indo tão bem, linda.

Eu pisco algumas vezes, tentando me concentrar.

Eu- merda...

O som não saia da minha cabeça. Por mais que eu me esforçasse, tudo o que eu conseguia ver era o rosto de Luke se franzindo, a boca entreaberta, uma gota de suor se formando na sua testa. Tudo o que soava na minha cabeça era seu gemido, sua voz rouca me pedindo para continuar, suas palavras de incentivo e coisas obscenas que ele dizia para mim. Meu corpo perto do seu, minha mão ao redor dele e seu esforço para continuar a me olhar.

Fui desajeitada no início, pelo nervosismo e talvez pela falta de prática. Ainda estava conhecendo o corpo de Luke, a forma como gostava de ser tocado, e pus toda a minha concentração nisso. Ele me observou no princípio, mordendo o lábio e me dando meu tempo. Mas assim que tomei meu ritmo, Luke teve dificuldades em manter a compostura.

Ainda estava fresca a memória dele jogando a cabeça para trás e batendo no banco do carro com tanta força que quase parei por preocupação, não fosse sua mão segurando meu pulso e me pedindo o contrário.

- N-não para. - ele disse com certo esforço e a voz rouca. - Por favor.

Dizer que eu gostei da situação seria subestimar. Eu estava eufórica, meu coração batia tão rápido que eu duvidava que Luke não podia ouvir. E cada segundo que se passava, meu desejo por ele aumentava.

Quando Luke estava perto, pude perceber pelo modo como me puxou mais para ele, colocando uma das mãos nos meus cabelos e tomando minha boca na sua. Tive que colocar toda minha concentração em não perder o ritmo enquanto ele me beijava e gemia dentro da minha boca, e, então, ele veio em minha mão.

- Margot?

Pisco duas vezes antes de conseguir voltar à realidade. Luke parou o carro no meio-fio, em frente à casa dos seus pais. Minha memória pareceu ter capturado toda minha atenção e tentei lembrar se eu disse alguma coisa nesse meio tempo.

Luke sorri, como fez a maior parte da noite. Estava tão contente quanto eu, mas dessa vez, havia humor em seus olhos.

- Chegamos. - ele me informou o óbvio quando o encarei por tempo demais.

Sem sombra de dúvidas, ele sabia o que se passava na minha cabeça e, sinceramente, eu não me importava. Eu sabia que ele pensava na mesma coisa.

Quando saí do carro, Luke pegou minha mão e entramos no quintal da casa. Estava escuro e provavelmente todos estavam dormindo a essa hora. Tentei ser o mais silenciosa possível quando passamos pela porta da frente, uma vez que a última coisa que eu queria agora era alguém acordar e me ver no estado que eu estava.

Subimos as escadas na ponta dos pés e seguimos direto para o banheiro depois de pegar duas toalhas limpas no quarto que compartilhavamos. Não demoramos muito no banho, como na noite anterior, já que o cansaço chegou para os dois.

Luke me ajudou a lavar o cabelo, colocando o shampoo e massageando minha cabeça. Foi uma boa sensação, calma e gostosa, e se intensificou ainda mais quando ele disse baixinho:

- Eu te amo.

E deu um beijo no meu ombro.

Amar Luke, naquele momento, parecia tão fácil que pensei ser injusto que nossas circunstâncias fossem exatamente o contrário. O toque dele na minha pele parecia tão certo que era difícil pensar que alguém poderia dizer que nosso amor era errado.

Mas a verdade é que era.

Era tão complicado e errado quanto poderia ser. Começou de uma forma torta e foi escrevendo linhas que só poderiam levar à mágoa e ao ressentimento. Poderíamos ficar eternamente bem um com o outro, mas nunca com o exterior. Isso porque, embora Luke estivesse omitindo muito pouco para sua família, eu estava escondendo coisas enormes da minha.

Maldives || l.h. (Completa) Onde histórias criam vida. Descubra agora