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Margot

Capítulo final

Sozinha.

Era assim que eu estava me sentindo. Mesmo caminhando para a porta daquele apartamento, uma sensação gigante de solidão me preencheu.

Parecia uma grande ironia. Traí e magoei Ross por me apaixonar por Luke e agora não tinha nenhum dos dois. Eu sabia que metade das coisas que tinha dito nessa manhã não era exatamente verdade, como o fato de ter me arrependido por ter trocado Ross por Luke, mas ainda assim, no calor do momento, tudo aquilo pareceu certo e satisfatório demais para não ser dito.

A verdade é que eu troquei sim minha estabilidade por uma instabilidade sem igual. Luke não estava pronto para um relacionamento e eu deveria saber disso desde a primeira vez em que me contou sobre seu trauma com sua quase noiva. E eu sei que ele pensava que o que aconteceu entre nós era uma forma de equilibrar as coisas, como uma compensação, por mais louco que isso poderia soar.

Na verdade, eu até concordava um pouco.

Vendo sob minha perspectiva, a presença de Luke em minha vida parecia ser uma ironia do universo, uma forma de equilibrar a minha vida totalmente propensa ao planejamento, organização e padrões dos quais eu não conseguia me desligar. Eu planejei metade da minha vida e tudo ia andando conforme eu esperava, até Luke aparecer. Hoje penso que talvez aquela sensação estranha que tive no voo para as Maldivas, me sentindo insegura sobre minhas decisões, fosse exatamente um presságio sobre tudo o que aconteceria em seguida.

Luke veio para colocar minha vida de cabeça para baixo. Tirar minha estabilidade, me fazer questionar até mesmo o que era amor para mim. E é claro que eu amava Ross, com todas as minhas forças, mas não daquele jeito. Eu não sentia a paixão que sinto por Luke, o desejo me consumindo até me fazer tomar alguma atitude impulsiva. Eu não o olhava da mesma maneira que sei que olho para Luke, como se qualquer coisa em que tocasse virasse luz - assim como a mim mesma.

Eu tinha me iluminado com sua presença. O prazer, as risadas, a alegria que compartilhamos durante esse tempo era inegável. Ele era descontraído, e ainda assim conseguia ser um homem inteligente e charmoso. Era como se Luke tivesse injustamente roubado tudo o que há de perfeito em uma pessoa e construído a si mesmo.

Enquanto começo a delirar sobre o homem que saiu do meu apartamento a passos largos, me deixando dilacerada, a porta se abre, revelando uma Clair surpresa.

- Margot? - ela coça o olho, estava visível que tinha acabado de acordar. - Não esperava ver você. Entra aí.

Levo alguns segundos para finalmente entrar, pondo meus pensamentos em ordem. Clair me olha estranho, como se soubesse que algo estava errado. Bom, ela estava certa.

Não sei bem o porquê de Clair ser a primeira a quem eu ia recorrer, mas parecia que sua condescendência com o lado mais fraco do ser humano era maior do que a de Mad ou qualquer outra pessoa que eu conhecesse. Tinha esperança de que ela entendesse e não me julgasse pelos meus atos.

- Tá acontecendo alguma coisa? - ela é direta ao perguntar quando fecha a porta atrás de si. Me mantenho parada no meio da sala, olhando para vista bonita que ela tem do lado de fora.

- Preciso contar uma coisa a você. - eu digo, me virando para encará-la.

Mantenho meus joelhos pressionados contra o peito, como se aquilo me escondesse de alguma coisa que eu não sabia o que seria muito bem. Observo com olhos cautelosos depois de despejar história atrás de história pelo o que pareceram ser quase vinte minutos inteiros, com breves interrupções dela para pedir mais detalhes.

Maldives || l.h. (Completa) Onde histórias criam vida. Descubra agora