A Camponesa

Capítulo X - A maldição e a história

Abro meus olhos e observo a antiga luz do lampião já apagada... tudo silencioso.

Me levanto devagar notando meu vestido ensopado de.... Sangue? Instintivamente me lembro daquele dia.

Sentada em um banco fora de casa começo a passar mal instantaneamente, minha avó estava fora de casa e meus pais, como sempre, tentando enganar compradores.

Manchas vermelhas e dores começam a me atingir de uma forma letal em meu organismo, era como feridas bem fundas que apareceram em toda parte do meu corpo e começaram a sangrar inesperadamente, porém essas apareciam misteriosamente, sem ninguém me fazer algum mal ou eu me machucar. Respirando fundo e com dificuldade tento achar minha vozinha, ela sempre me ajuda com qualquer coisa que me acontece.

- Vovó! Vem aqui por favor... - Peço já sem forças, vendo as feridas cada vez mais evidentes.

Sento no chão da casa ao lado da porta e nada! Então decido me esforçar mais. Arrastando-me para dentro dos pequenos cômodos já gastos, procuro uma mulher de aparência gasta com seus cabelos castanhos já tomados pelo branco, e seus olhos verdes ainda mais claros.

- Vovó acorde! Preciso de ajuda! - Digo baixo, sem forças.

Aos poucos seus olhos se abrem e o espanto fica visível.

- MAS O QUE HOUVE LIANE? Está pálida querida - Brada assustada, passando as mãos um pouco enrugadas no meu rosto, logo segue para as recém manchas e feridas.

-- Não sei, estava sentada e do nada começaram a aparecer... Vovó estou passando m.... -

- Não diga nem mais uma palavra, venha! - Determinada me levou até a cozinha e abriu uma gaveta com mato já seco - Eu sabia que isso iria acontecer! Mais cedo ou mais tarde! - Se debatia com palavras aleatórias, nervosa e com uma tremenda raiva enquanto fervia aquele estranho chá.

- Lia, tome esse chá e preste bem atenção no que irei te falar - Entregando o chá já em minhas mãos observo o conteúdo alaranjado dentro da xícara, confusa e com dores apenas concordei com a cabeça, deixando evidente meu interesse - Vamos, tome! Rápido!! - Desesperada olhava para os lados enquanto me esperava tomar o chá.

- Porque está nervosa Vovó? - Essa era uma das perguntas a qual afortunava meus pensamentos, uma que lutaria para ter respostas mais concretas.

- É o seguinte minha pequena, você tem uma alergia de família, pensei que não afetaria seu organismo - Ela me olha intrigada - Antigamente nossa família Muller foi merecedora de uma magia muito forte... naquele tempo existia bruxas Lia, e elas eram terríveis por poder, então nossos entes se envolveram nessa história de fazer de tudo pra conseguir o que queriam delas, a ambição de ter poderes e preciosidade - Disse com raiva inundando sua voz - Essas malditas bruxas jogaram um feitiço em nossas vidas, precisamente na principal família que reunia pessoas para esse propósito, nesse feitiço elas falaram que todos nasceriam com esse problema, uma alergia muito grande e também a desgraça carregada nas costas de todos - Respirando fundo ela me olha nos olhos, séria e preocupada termina sua explicação - Mas hoje percebi que depois de anos e anos que esse feitiço fora lançado, a maldição não cairia apenas nas pessoas más de nossa família, mas também naquelas com corações bons, e a intenção delas cresceu para algo maior, corromper o coração de quem nasce puro nessa geração. - Me explica aflita - Eu fui um caso Lia, porém consegui me esquivar. Portanto quando estiveres novamente esses sintomas, procure isso - E entregando uma das flores mais lindas que já vi na vida, me encontrei desesperada e atordoada - Isso sempre estará à vista, é o que mais tem aqui no vilarejo e aposto que mesmo que saísse do reino encontraria... O jeito é tratar disso pra não se agravar, entende? - Muito confusa concordo, e quando vou perguntar a ela o que mais o tal feitiço abrangeria meu pai entra na cozinha.